A NOSSA CULTURA EM CONQUISTA VIVE AOS “TRANCOS E BARRANCOS”
Sejam quais forem os motivos, foi um grande vacilo da gestão municipal de Vitória da Conquista devolver à União mais de 333 mil reis da Lei Paulo Gustavo do ano passado, conforme denunciou o site “Conquista Repórter”. Não importa aqui se outros municípios também fizeram o mesmo. Não justifica, e foi mais uma decepção para a cultura da nossa terra.
A nossa cultura já continua aos “trancos e barrancos” e, um fato desse tipo, é mais que lamentável, Só faz piorar, e não é nada bom para a imagem de Conquista junto ao Ministério da Cultura, passando uma conotação e impressão de ser uma cidade desprovida de projetos, quando aqui existem grandes talentos nas diversas linguagens artísticas.
Dos recursos da LPG, Vitória da Conquista, a terceira maior cidade da Bahia, com cerca de 400 mil habitantes, recebeu pouco mais de 2,7 milhões de reais e ainda se dá ao “luxo” de devolver 333 mil reais do audiovisual, quando temos aqui o prédio do Cine Madrigal fechado há cerca de dez anos, onde poderia estar funcionando um cine teatro em benefício dos artistas, de toda comunidade e atraindo visitantes de fora. Cadê a reforma do Cine?
Confesso que recebi a notícia com tristeza, repúdio e espanto, e digo o mesmo do sentimento do nosso “Sarau A Estrada”, como membro fundador, pois no ano passado apresentamos um projeto audiovisual sobre um documentário do sarau, que neste ano está completando 15 anos, e ficamos na suplência.
Outros projetos do setor também não foram contemplados e não entendo como mais de 333 mil reais retornam para a União. Só posso dizer que é um absurdo. Fico a perguntar: Quem são os maiores culpados? A Secretaria de Cultura, Turismo, Esportes e Lazer ou os fazedores de cultura em Conquista?
Estive neste domingo visitando o Parque Municipal Lagoa das Bateias (isto já é um outro assunto) e fiquei a imaginar que não precisamos somente de lazer e entretenimento. A cultura deve vir acima de tudo para que possamos nos divertir com mais harmonia, conhecimento e saber. Uma cidade que outrora já foi centro de efervescência cultural vive hoje à mingua neste item tão importante e fundamental para nossas vidas. A cultura é o alimento da alma.
Cadê a mobilização unida e coletiva dos nossos artistas, professores, intelectuais, estudantes e da sociedade em geral para que esse quadro se reverta? Sempre digo que atitudes de coletivos, movimentos, associações isoladas, onde cada um se acha o papa ou dono da cultura, não resolve e o problema.
Temos é que unir forças juntos, ir para as ruas, numa mobilização conjunta, para que tenhamos um Plano Municipal de Cultura; os equipamentos do Teatro Carlos Jheovah, o Cine Madrigal e a Casa Glauber Rocha, fechados há anos, sejam reformados e reabertos; e brigar para que haja mais recursos no orçamento destinados à cultura.
Mais uma vez, repito que é triste e vergonhoso ver a nossa cultura nessa situação onde se faz apenas o “feijão com arroz” e só acontecem eventos isolados de iniciativa apenas particular em seus mais diversos setores, incluindo aqui a música, a literatura, a dança, o teatro, as artes plásticas e outras expressões, sem a forte presença do poder executivo.
Até quando vamos deixar a nossa cultura neste estado de penúria onde até o Conselho Municipal de Cultura está parado por falta de quórum para se reunir? A culpa também é nossa porque não está existindo uma grande ação coletiva, longe das fogueiras das vaidades onde cada um só pensa em si e só quer se aparecer.
Agora mesmo temos projetos da Lei Aldir Blanc para serem julgados e a maioria dos pareceristas é de fora, isto é, pessoas que pouco conhecem a nossa realidade. Quer dizer que em Conquista não existem técnicos com capacidade para analisar e julgar esses projetos? O que está havendo com a nossa cultura?