:: 15/jan/2025 . 22:17
EXAMES DE FEZES E URINA
– Você vai fazer exame de fezes? Quem não já ouviu essa gozação quando alguém está bem arrumada, vestida, pintada ou de terno e gravata? Não sei bem a origem ou o motivo da piada e do sacarmos, mas fazer exames de fezes e urina é um horror, principalmente quando não se tinha aqueles coletores mais práticos nas farmácias. Mesmo assim, continua uma chatice, um saco!
Para dizer a verdade, eu mesmo detesto quando vou a um clínico ou gastroenterologista e o médico pede esses tipos de testes. Sempre solicita. É constrangedor! O de sangue, nem tanto. Criei um trauma e faço tudo para não ir a estes especialistas. Aliás, já observou como os médicos hoje lhe atendem? Eles passam um olhar em você e vão logo sacando uma receita e um formulário de exames. Próximo!
Outro exame que eu quero distância é um tal de colonoscopia, um tormento que deixa suas entranhas exauridas. Tem também a endoscopia. Dizem que a medicina hoje está bem mais evoluída, mas cheia de mercenários e profissionais incompetentes. Coisas do nosso ensino! Todo jovem quer ser doutor, não por vocação. As faculdades viraram supermercados, mas isso é outra história. O assunto aqui é sobre merda e mijo.
Você conta seu problema intestinal ou estomacal e eles pedem logo esses exames. Muitas vezes, nem olha para sua cara. Antigamente, os doutores lhe examinavam todo, colocavam um aparelho em seu abdômen, lhe virava de um lado para o outro e ia certeiro no motivo do seu incômodo. Era batata! Muitas vezes era verme ou lombriga mesmo.
Quando era menino roceiro e não tinha acesso a nenhum sistema de saúde, meu pai obrigava que eu tomasse o intragável óleo de rícino, ou uma emulsão nojenta vendida até por mascate e mercearias. Quem já passou por isso sabe muito bem o que é, mas olha eu esquecendo dos exames de fezes e urina!
O de fezes é o mais complicado para recolher o material, ou o cocô. Há tempos atrás você botava um monte de merda numa vasilha qualquer e enrolava todo num papel grosso ou de jornal. Só de imaginar tirar aquilo no outro dia pela manhã me dava ressecamento ou diarreia. Ai, então, não saia nada.
Quanto a urina, o paciente, que não tem nada de paciente, mijava numa garrafa pet de refrigerante ou num frasco grande mesmo. Tinha gente da cidade e da roça que passava a noite toda fazendo xixi para encher o recipiente. Embrulhava tudo num pacote e chegava logo cedo no centro médico ou no laboratório, cada um meio descabreado, envergonhado e cismado, olhando um para o outro, para ninguém ver sua bosta e sua urina.
-Oh, cumpadi, como foi hoje sua merda? – Ah, cumpadi, só saiu um tiquim. – A minha saiu mole – dizia o companheiro ao lado ao ouvir a prosa. – Pois a minha ficou bem dura e boa. Conversa esquisita mesmo. Ficava calado só assuntando o papo.
As mulheres tinham outro particular mais complicado devido suas próprias circunstâncias diferentes na hora do recolhimento. – É cumadi, foi difícil, mas trouxe minhas coisas. Não sei se a mulher aí da clínica vai aceitar. Ninguém se atreve a mostrar o seu material. Seria até uma ofensa.
Na hora da entrega era cada um com aquele toletão e uma garrafa cheia de urina. O pior era quando depois de tanto sacrifício, a atendente dizia que o material não servia, ou não precisava de tanto. Passava aquele “sabão”. Tinha uns que mesmo tampados fediam de longe.
Atualmente já são usados coletores bem menores e apropriados, como um tubinho, em forma de seringa, para a urina. Os laboratórios estão bem mais modernizados e quase ninguém ver mais o cocô e o mijo do outro, mas que esses exames são chatos de fazer, isso sim. Não suporto. O de sangue até que gosto porque tenho aquela veia boa, bem visível, que até recebo elogios.
Essa semana fui obrigado a fazer um desses. Ainda bem que foi de urina, menos mal. Cheguei lá, entreguei ao moço do laboratório e cai fora. Antes olhei pelos lados para ver se alguém estava espiando meu xixi. Com o celular que tira foto de tudo a gente tem que ficar bem atento porque tem até paparazzi de merda e urina.
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