Tudo foi bem planejado meses antes para assassinar o ditador, considerado por muitos como rex, Julius César, nos Idos de março de 44.a.C. Brutos, Cassius e Decimus, o influente pivô da conspiração, arregimentou outros apoiadores, inclusive senadores, numa intriga de ciúmes e inveja. O temor era que César pretendia ser rei e acabar com a República, mas existiam outros motivos, segundo antigas fontes de historiadores. que envolveram o atentado.

Aos 55 anos de idade, depois de muitas batalhas e vitórias, o César arrogante já estava volúvel, mas ia travar outra guerra contra a nação Partia (região do Irã) logo após a reunião do Senado convocada por ele. César desprezou as profecias dos deuses, dos feiticeiros e adivinhos, videntes etruscos como Spurinna, da Etrúria, em Tarquínia (região da Toscana), do sonho da sua própria mulher Calpúrnia e, como era um guerreiro que não podia deixar se levar pelo medo, mesmo com atraso, compareceu à reunião que tirou sua vida.

Atraído e convencido por Decimus, seu fiel amigo de uma década, por ironia do destino, César foi atacado justamente na Casa do Senado de Pompeu (Curia Pompei), seu maior inimigo durante a Guerra Civil de 49 a 45ª.C. Era uma construção localizado na extremidade leste do grande complexo, com acesso através do Pórtico de Pompeu. Naquele dia havia jogos de gladiadores no teatro e as reuniões foram transferidas para a Casa do Senado de Pompeu. Cesar chegou atrasado por volta de 12 horas da manhã.

De acordo com o autor da obra “A Morte de César”, o historiador Barry Strauss, o ditador, que foi clemente com seus inimigos, não tinha guarda-costas. Depois de haver retornado a Roma, em 45 a.C., ele dispensou esse serviço e confiava na proteção informal dos senadores e cavaleiros, mesmo depois de ter sido vítima de outras conspirações, como em 47a.C. pelo próprio Cassius. Haviam sido guarda-costas que assassinaram alguns dos grandes homens do passado, tais como o Rei Filipe II da Macedônia.

Como ditador, em público era acompanhado por 24 lictors, homens fortes que portavam feixes de varas de lenha com um machado de carrasco atado sobre a parte externa. Serviam como guardas abrindo caminhos em meio a multidões e executando prisões e açoitamentos.

Em 46 ele foi alertado pelo tribuno Cícero, e em 45 Trebonius tentara cooptar Marcus Antônio para uma conspiração. Filemon, seus escravo e secretário prometeu a inimigos de César que envenenaria seu senhor. Quando descobriu, César demonstrou clemência para que não fosse torturado, mas executado sumariamente.

“Mais do que conspirações de assassinatos, era a má imagem na “imprensa” (folhetos e versos) que atormentava César. Fontes em Roma denunciavam as tramas da existência de reuniões secretas para seu assassinato, mas César nada fez. O historiador Cassius Dio chegou a afirmar que César se recusava ouvir informações e punia severamente quem lhe trouxesse tais notícias. Corriam boatos e rumores.

César ouvia acusações de que Brutus, Antônio e Dolabella estariam tramando revoluções. Ele suspeitava de Brutus e Cassius e fez um comentário jocoso de que não temia muito esses sujeitos gordos, de cabelos compridos, mas sim aos pálidos e magros. Quis dizer que Brutus e Cassius eram intelectuais e perigosos.

O ditador era arrogante e acreditava que os senadores haviam jurado protegê-lo com suas próprias vidas. Seu mal foi essa demasia de confiança no juramento. Achava que ninguém ousaria assassiná-lo. Era o chamado “prazer do engano” e na época andava deprimido, com desejo de flertar com a morte.

Certa vez, ele foi atacado em Roma por homens que portavam adagas ocultas. Ele queria ser melhor que o Sila, seu predecessor, que não era condescendente. César era um soldado corajoso e vivia de correr riscos, tanto que logo depois da reunião do Senado partiria com seus exércitos, ao lado do seu escolhido Otávio, para conquistar Parta ou Partia.

Aos vinte anos de idade, conquistou sua coroa cívica por ter escalado as muralhas de uma cidade grega rebelada. Sobreviveu ao desastre no Rio Sabis, na Gália, e não era agora que iria baixar a cabeça nas ruas de Roma. Ele não mais gostava da política romana e estava acostumado a dar ordens.

Os conspiradores estavam conscientes de tudo. Cassius, Trebonius e Decimus contavam com as melhores mentes militares. Compreendiam que a Casa do Senado seria o lugar mais seguro para atacar César. Em 14 de março, o dia anterior, ele foi jantar em companhia de seu Mestre de Cavalaria, Marcus Lepidus, um amigo leal.

Tiveram uma conversa sobre morte e César disse, conforme assinalou Plutarco, Suetônio e Apiano, que a melhor seria a súbita e inesperada, a morte de um guerreiro. César havia lido a clássica obra de Xenofante sobre como o rei Ciro da Pérsia dera orientações para o seu funeral, à medida que sua idade declinava. Ciro foi rei absoluto de um país que agora César estava prestes a invadir.