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UM GOL COM SABOR DE DESFORRA

Carlos González – jornalista

Ao marcar, aos 13 minutos do 2º tempo, o gol que deu o 14º título de campeão da Europa ao Real Madri, o brasileiro Vinicius Júnior não podia imaginar que estava reativando um conflito, que já dura três séculos, entre Espanha e Grã-Bretanha, cujo alvo é Gibraltar ou The Rock, um cabo, dominado por um rochedo com 426 metros de altura, no Mar Mediterrâneo, ao sul da Península Ibérica. A disputa por esse e outros territórios ultramarinos – são 15 no mundo – da Commonwealth, “onde o sol nunca se põe”, tem se refletido nas disputas esportivas.

Para nós, cidadãos espanhóis, a vitória de um clube ou da seleção diante de adversários ingleses tem um significado muito mais relevante. Provavelmente, catalães e bascos, que sonham em se separar da Espanha, não partilhem do mesmo sentimento.

Na sua trajetória até o título, com o apoio de cinco jogadores brasileiros, o conjunto madrilenho derrubou três expoentes do futebol britânico: Manchester City, Chelsea e Liverpool.

A indignação que sentem os espanhóis contra aqueles que, em pleno século 21, praticam o estúpido colonialismo, é dividida com os argentinos, que não contavam com a reação da Grã-Bretanha, quando tentaram reaver o arquipélago das Malvinas, que dista 480 km do sul do continente sul-americano, e desde 1833 seus governadores são escolhidos em Londres.

O espírito patriótico da Junta Militar que governava a Argentina foi respondido com dureza pela Dama de Ferro, a primeira-ministra Margaret Thatcher (1925-2013). A Marinha e a Força Aérea da rainha derrotaram nossos vizinhos em dois meses (de 21 de abril a 14 de junho de 1982), com o registro de 649 militares portenhos mortos e 255 britânicos. Após o fim do conflito, a sangrenta ditadura argentina, implantada em 1976, durou só um ano, deixando mais de 30 mil famílias enlutadas.

“Com um gol da mão de Deus e outro do pé do Capeta”, a Argentina derrotou a Inglaterra nas quartas-de-final da Copa do Mundo de 1986, no Estádio Azteca, na Cidade do México. O jogo simbolizou para os sul-americanos uma revanche da guerra das Malvinas, quatro anos mais tarde. Havia na época e permanece até hoje uma atmosfera de ódio entre jogadores (em campo, Maradona foi marcado com faltas violentas) e torcedores (barras bravas e hooligans trocaram socos nas proximidades do estádio, com saldo negativo para os ingleses, sendo que alguns deles tiveram de ser hospitalizados).

Poucos antes de morrer, Diego Maradona, autor dos dois gols, sendo que o segundo foi escolhido como o “gol do século”, declarou que “o clima da partida fez parecer que íamos participar de outra guerra”. Sobre o gol de mão, disse: “Foi tão rápido que o juiz de linha não percebeu. O árbitro olhou pra mim e disse “gol”. Foi uma sensação agradável, como uma espécie de vingança simbólica contra os ingleses”. E finalizou: “Na verdade, o povo argentino foi iludido pelos militares, que divulgavam outro cenário da guerra”.

Voltando a Gibraltar, o território ultramarino tem uma enorme importância econômica, geopolítica e militar para o Reino Unido. Distante 13 kms. da costa espanhola, com uma área de 6,8 km², Gibraltar foi fundamental para as vitórias dos aliados nas duas grandes guerras, e atualmente abriga uma base aeronaval da Otan.

A atividade econômica de Gibraltar se concentra no suporte (reabastecimento e reparo) aos 85 mil cargueiros em viagens para a Europa, África e Ásia, que atravessam anualmente o estreito, reduzindo tempo e despesas. A maioria dos seus 30 mil habitantes ganha a vida no porto e nas docas, e residem em cidades espanholas.

Ao longo dos anos, a Espanha tem procurado negociar, solicitando a mediação da ONU, a soberania de Gibraltar, mas seus diplomatas esbarram na índole belicosa e colonialista dos britânicos. Há poucos dias foi conhecido um documento do Ministério da Defesa, onde o primeiro-ministro Boris Johnson se compromete a empregar a força militar para defender colônias e territórios, citando as Malvinas e Gibraltar, ressaltando que medidas eficazes devem ser tomadas para impedir a presença de navios de guerra espanhóis no estreito.

 

 

 

 

EDUCAÇÃO, CORRUPÇÃO E FOME

Alguém poderia até indagar o que um tem a ver com o outro. Tem tudo, e ainda poderia acrescentar a violência. Se a criança não tem educação, ela vai crescer pobre e viver de bicos e na informalidade pelo resto da vida. Será sempre um “Zé Ninguém” ou vivo-morto. Dificilmente, esse mercado irá absorvê-lo. A corrupção rouba o dinheiro que deveria ser aplicado na educação e, sem ela, vem a fome e a miséria que hoje assolam mais de 50 milhões de brasileiros.

Ouvi muitas vezes falarem que o Brasil necessitaria de 20 anos priorizando a educação, para o Brasil entrar na esfera do desenvolvimento sustentado, como fizeram outros países como a Coreia do Sul, Japão, Finlândia e outros tantos. Tivemos praticamente esse tempo nos governos do PT, e continuamos patinando e sendo uma vergonha nacional e internacional nos índices de reprovação escolar.

Para dizer a verdade, que poucos gostam de ouvir, nenhum governante colocou a educação em primeiro lugar, mas o populismo das cestas básicas do Bolsa Família. Comida no prato é essencial, mas se não vier com uma educação básica de qualidade para todos, a danada da fome vai permanecer a bater nas portas com sua caveira e foice da morte.

E a corrupção? Ela é a mais mortal e carrasca porque deixa um rastro de destruição na alma humana, mesmo que se tenha a educação como meta de investimento. Seu estrago pode ser detectado em todas as partes, como na falta de mais recursos para a saúde, o saneamento básico, a segurança e para realizar políticas públicas sociais.

O sujeito pode ter recebido um bom ensino, ser instruído e rico e ser um safado corrupto, caso do Brasil, cuja maldita vem lá de cima e contamina até as camadas mais pobres. Mas alguém poderia perguntar, por que isso acontece? Responderia que a atual educação do faz de conta e a formação familiar estão degeneradas e podres. Praticamente, todo cesto de frutas está bichado.

Como resultado de tudo isso de ruim e nojento, temos uma sociedade depravada e promíscua, passando de avós para país e de pais para filhos, com o um só intuito de se tirar proveito em tudo, não importando que isso vá gerar fome e mortes. As desigualdades sociais profundas são apenas consequências desse cenário de lento massacre humano, não tão perceptível como numa guerra onde as bombas esquartejam e fulminam corpos.

A negação da educação e a prática da corrupção poderiam levar seus responsáveis aos tribunais como réus considerados a crimes de guerra e pegarem, pelo menos, prisões perpétuas, mas isso no Brasil da impunidade é impensável e utópico. Então, sem educação e com a corrupção, infelizmente, só nos restam mais fome e uma infância perdida nas ruas. O populismo, seja de direita ou esquerda, só nos tem a oferecer um paliativo, como um analgésico que alivia a enxaqueca por algum tempo, mas não cura a doença.

É inconcebível viver num país onde esse quadro da falta de educação, da corrupção e da fome faz parte das nossas vidas e se transformou numa rotina como se fosse tudo normal. O pior de tudo isso é o silêncio dos “bons” e todos acharem que não têm culpa nessa desgraça. A imagem que passa, não somente lá fora, é que o Brasil é um caso perdido, e não me venham com essa de pessimista e espírito de derrotado.

Jamais uma ditadura, porque a situação só iria se agravar sem o mais precioso da vida que é a liberdade, essa que me faculta o direito de dizer o que estou escrevendo. No entanto, a verdade, é que estamos ainda bem longe de uma democracia ideal e desejada, quando convivemos ainda, lado a lado, com essa educação mambembe, com a corrupção e a fome que ceifa a vida de milhões, sem falar na estúpida violência que compete em superioridade com a morte natural.

 

CINCO MILHÕES DE ESCRAVIZADOS

Antes de Cabral chegar ao Brasil, Portugal já explorava a costa africana e começou a traficar cativos no final do século XV. Segundo o banco de dados Slavevoyages.org, no primeiro século da colonização, da chegada da esquadra de Cabral à Bahia até 1600, entraram na América Portuguesa cerca de 30 mil africanos escravizados.

“O número teria sido multiplicado 26 vezes, para aproximadamente 784 mil, entre 1600 a 1700, em razão, principalmente, dos cultivos das lavouras de cana-de-açúcar no Nordeste brasileiro. No século seguinte, cresceria mais duas vezes e meia, chegando perto de dois milhões num espaço de apenas cem anos.

Outros dois milhões viriam até a metade do século XIX, no auge da cultura do café no Vale do Paraíba e na região oeste de São Paulo, transformando o Brasil no maior território escravista do Hemisfério Ocidental, responsável pela importação de 4,9 milhões de africanos”. Estima-se que todas as Américas importaram cerca de 12 milhões de escravos.

Um levantamento realizado em Salvador, em 1775, registrou 35.253 habitantes, dos quais 42% eram escravos. Brancos somavam 36%, enquanto negros e mulatos livres totalizavam 22%. Em 1798, a população do Brasil era estimada em 3,25 milhões de pessoas, sem incluir os indígenas “bravios”, ou seja, não incorporados à civilização colonial portuguesa. Quase 50% eram escravos. Nas regiões mineradoras e produtoras de açúcar, a proporção chegava a 70% ou mais”.

Todas essas informações e muito mais, podem ser encontradas nos três volumes dos livros do jornalista e escritor Laurentino Gomes, intitulados “Escravidão”.  Diz mais ainda que, entre 1751 e 1842, cerca de 100 mil africanos desembarcaram no porto de São Luis do Maranhão. Quase a metade disso, 49 mil, foi redirecionada para o Pará. O último desembarque de navio negreiro na Amazônia ocorreu em 1846, quatro anos antes da abolição do tráfico de escravos para o Brasil, estabelecida pela Lei Eusébio de Queirós, de 1850.

Na compra dos escravos, os capitães dos navios e os empresários traficantes pagavam com conchas cauris, das Ilhas Maldivas, o zimbo, da Ilha de Luanda, e diversas mercadorias e objetos, como açúcar, algodão, carne seca, madeira, redes de pesca, macacos, pássaros e cachaça do Brasil.

A escravidão no Brasil registrou seu maior auge no século XVIII, principalmente por causa da corrida do ouro. Com isso, segundo Laurentino, os europeus estimulavam as guerras, fornecendo armas, munições, cavalos, armaduras e até treinamento militar aos seus aliados africanos. Com as guerras entre as etnias, aumentava consideravelmente o número de prisioneiros cativos.  Os preços por cada cativo foram absurdamente inflacionados

Os portugueses, holandeses, franceses e outros europeus não adentravam ao interior do continente porque era perigoso. Os navios ficavam no litoral esperando as caravanas de escravizados trazidos pelos chefes dos reinos que governavam cada estado.

Em Angola, eram chamadas de “guerras pretas”, expedições punitivas promovidas pelas autoridades coloniais portuguesas com o pretexto para elevar o número de cativos em oferta nas regiões costeiras. A Inglaterra era um dos maiores exportadores de armas para criar conflitos entre os reinos.

SESSÃO VALORIZA O FORRÓ

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Foi memorável a sessão mista cultural da Câmara Municipal de Vereadores de Vitória da Conquista, realizada ontem (dia 27/05), quando se celebrou e se valorizou o forró, símbolo musical do Nordeste. O evento, proposto pela parlamentar Lúcia Rocha, teve forrozeiros fazendo a festa na abertura e debates onde se condenou a descaracterização dos festejos juninos com a introdução de outros ritmos e bandas que nada têm a ver com o nosso forró.

Muita gente dançou ao som da sanfona, da zabumba, do pandeiro e do triângulo, mas durante os trabalhos, conduzidos pelo presidente da Casa, Luis Carlos Dudé, as falas foram no sentido de valorização em defesa do forró, com denúncias contra prefeitos que contratam cantores e bandas para tocarem o arrocha, o axé, a lambada, o sertanejo e até o rock, assassinando a tradição cultural nordestina.

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Sobre esta questão, levantada pelo presidente do Conselho Municipal de Cultura, Jeremias Macário, quando disse que os alcaides fazem isso com o argumento vazio de que esses ritmos atraem mais gente para suas cidades, o secretário de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, Eugênio Avelino (Xangai) arrematou que eles estão é traindo o povo que paga a festa.

Dudé endossou as mesmas palavras e destacou que nos carnavais, Escolas de Samba e shows de rock ninguém coloca forró para tocar, acrescentando que as rádios de Vitória da Conquista deveriam colocar músicas de forró durante todo ano, e não somente no período junino. “Temos que fazer forró todos os dias, para valorizar cada vez mais essa nossa cultura nordestina”. Ele ainda propôs a criação, em Conquista, de um centro de tradições nordestinas.  O casal de músicos Venicius e Lara sugeriu que se realize um festival de forró na cidade.

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Na ocasião, a vereadora Lúcia Rocha anunciou seu projeto de lei 2614 de 2022 que deverá instituir a semana do forró em Conquista. O seu colega Valdemir Dias enfatizou que todos gostam do forró e dos festejos juninos por serem populares. “É aquela coisa de todos estarem juntos em família, e temos que resgatar as tradições”.

Outro ponto discutido pelo Conselho de Cultura foi quanto ao problema da burocracia do poder público municipal em relação aos editais de seleção de artistas para se apresentarem nos palcos da cidade. De acordo com o Conselho, as normas precisam ser mais simplificadas e flexibilizadas para que o artista tenha acesso à participação da festa. Todos vereadores presentes concordaram com a crítica e pediram redução das exigências documentais.

A MONSTRUOSIDADE DA PRF

Só pode ser a senha do demônio o que a Polícia Rodoviária Federal fez com um rapaz no estado de Sergipe, chegando ao ponto de asfixiá-lo no porta-malas do veículo até a morte. Quando uma pessoa civil comete um crime hediondo, a polícia costuma chamar o indivíduo de monstro, e o cara paga pelo que fez.  O que a PRF fez, é o quê? Qual termo se usa para isso?

Nos últimos anos, essa corporação aprendeu a imitar a mesma violência da polícia militar, e em desvio de funções. Gostaria de saber, por exemplo, o que a PRF estava fazendo na operação no Rio de Janeiro quando mais de 20 pessoas foram mortas? O papel dela, como o próprio nome diz, não é patrulhar nossas rodovias para punir com multas motoristas irregulares e apreender drogas e contrabando em trânsito? Isso se chama desvio de conduta.

O que esses policiais fizeram em Sergipe é de uma brutalidade e covardia imensuráveis. Como sempre, os seus chefes superiores soltam uma nota de que vai apurar o caso e tomar as providências, mas sabemos, antecipadamente, que essa investigação não vai resultar em nada. É a mesma coisa que falam as ouvidorias das polícias militares: “Vamos apurar os fatos”. As imagens, por si só, já dizem tudo. Nem precisam mais de provas.

Colocar uma pessoa num porta-malas e jogar gás lacrimogênio, não passa de uma barbárie. Pior ainda é emitir explicações de que assim agiram para conter o moço, e que só dispunham daqueles instrumentos para deter apenas um cidadão desarmado e sozinho. É uma crueldade que faz partir o coração de qualquer um que viu as cenas horrorosas. Imagina agora para os pais e parentes!

Por que tanta estupidez vem acontecendo em nosso país nos últimos anos, e sem punição? Os brasileiros não param mais para refletir e pensar, porque toda essa violência se tornou banal. No nosso Brasil de hoje, milhões até concordam com ações desse tipo. Pior do que numa guerra, estão matando os pobres, os negros e quem for minoria.

Nada acontece para reverter essa situação, e ficamos aqui parados, esperando que outra brutalidade aconteça, para dizerem a mesma coisa de que vão apurar. Logo depois, todos esquecem, inclusive a nossa mídia, e os monstros voltam aos seus postos. Ninguém fala mais nisso. Todos nós somos culpados, mas, é só dar uma cesta básica “solidária” para “apaziguar” a consciência. “Que país é esse”?

OS FRUTOS DA TERRA

Como é bom plantar e colher os frutos da terra com seu próprio suor; ver e sentir a árvore brotar! Tudo isso faz lembrar a canção “Cio da Terra”, do nosso grande compositor e cantor Milton Nascimento, como na voz do Quinteto Violado. O flagrante das minhas lentes dessa obra da natureza vem lá do sítio do meu amigo Robson. No entanto, o homem é perverso e cruel com a nossa mãe terra, jogando nela o veneno dos agrotóxicos, derrubando e incendiando as florestas. Maldito seja quem não cuida bem do nosso chão, e dele só visa tirar o lucro do capital! Não são esses gananciosos dos grãos e dos bois de exportação que nos alimentam, mas o pequeno agricultor familiar que dá duro, enfrenta a seca e espera a chuva para lançar as sementes da esperança. Os gananciosos do dólar e dos altos preços, que destroem a natureza, deveriam ser amaldiçoados para sempre. Molhar o solo, colher os frutos da terra é como fazer uma poesia bem carregada de palavras, sentimentos e emoções da vida, bem diferente daqueles que matam a terra.

 

PRECISO RESPIRAR!

Novo poeminha de Jeremias Macário

Preciso respirar!

Preciso respirar!

Preciso de ar!

 

Estou sufocado,

Com essa fumaça da Amazônia,

O fogo do Pantanal;

Tenho insônia,

Angústia existencial.

 

Preciso respirar!

Preciso de ar! Gritar!

 

Dos automóveis, a fuligem,

Monóxido, metano, dióxido,

Carbono dos fósseis;

Não posso abrir minha janela;

Bate a poluição sonora,

Sem ar, trancado nessa cela;

Virgem Maria, Nossa Senhora!

Tanto lixo a entupir o mar;

Meu respirador, seu doutor!

 

Preciso respirar:

Novas ideias,

Sem polarizar;

Fugir dessa gente farsante,

De falso sorriso,

Palavra de vento errante;

Minha garganta, seu moço!

Tem um caroço.

 

Preciso respirar!

A vista se faz escura!

Nesse sistema sem cura;

Preciso de ar!

TRÁFICO NA BALA, PUTEIRO E BORDEL

Gostaria de indagar quem sabe há quantos anos os governantes e as polícias tentam combater o tráfico de drogas na base da bala nos morros do Rio de Janeiro e em outras capitais, mas o crime e a violência só aumentam? Alguém também pode responder o porquê de mesmo assim esse método ainda permanece na pauta deles? Qual a intenção de permanecer no erro, ao invés de realizar um trabalho conjunto de assistência social e educacional que ofereça melhorias de vida para que esse povo saia da miséria?

É o único país do mundo que insiste em gerar violência com mais violência através de armas e tanques em operações que deixam mais de vinte mortes todas as vezes que eles entram nas favelas, como a mais recente no Rio de Janeiro, agora contando com os aplausos do psicopata capitão-presidente, que transformou o Planalto num verdadeiro puteiro de sua história. Combater e questionar essas insanidades não se trata mais de questão política, por que, isso deixou de existir em nosso país.

No Brasil, como na Venezuela, o que temos hoje é um povo de massa, sem nenhuma informação. Não é mais cidadão. A classe média, que possui mais poder de entendimento, simplesmente está se acabando. No lugar está ficando apenas a pobreza alienada dependente do Estado e totalmente controlada pelo narcotráfico, evangélicos fanáticos e as milícias. Isso já está ocorrendo em todos estados brasileiros, inclusive no Nordeste.

Estamos num Brasil falido, e o Congresso Nacional virou um bordel, o qual vive de armadilhas, trocas de aprovações de projetos entre os partidos, rachadinhas, vendas de emendas parlamentares, orçamento secreto, formação de bolão do Fundo Eleitoral, Quadrilhas, leis de emendas da Constituição de interesses deles próprios, bancadas da bala, rural, da Bíblia e outras para roubar, conchavos entre esquerda e direita, dentre outros cem números de mutretas, roubalheiras e corrupções.

Todos eles só querem viver na luxúria e nas orgias, tanto os que pregam o neoliberalismo, as ideias moralistas de família, pátria e tradição, os que dizem temer a Deus, os ditos socialistas, os que defendem o prato de comida na mesa dos brasileiros e o fim das desigualdades sociais.

Todos formam uma só corja de cafetões de bordeis que vivem às custas dos trabalhadores que, por mera ignorância e ilusão, entram no jogo deles. Todos os dias, cada um passa na Casa da Luz Vermelha, Verde e Amarela para pegar o seu michê do dia, que não é pouca coisa. O Bozó gastou 28 milhões de reais no cartão corporativo e colocou tudo no sigilo por 100 anos. Estão nos tirando o resto que existe da educação e da saúde. O SUS virou uma legião de vivos-mortos.

Criaram uma guerra cultural e política para que uns fiquem contra os outros, enquanto os safados aproveitadores tiram proveito das rivalidades, tal como Portugal, Inglaterra, Holanda e outros países europeus faziam com as etnias e reinos africanos nos séculos passados, principalmente no XVIII, com a finalidade de obter mais prisioneiros cativos para encher seus navios negreiros nos porões assassinos.

Eles estão nos rifando, nos levando a leilões e, inconscientemente, nem percebemos. Como na escravidão, estamos sendo vendidos no mercado como animais e, cada um, passa a pertencer ao seu patrão, que mal nos dão a ração do dia com uma chibata em punho. Nesse sistema, em cada um foi introduzido um chip onde todos são monitorados por câmaras.

 

“FIADO SÓ AMANHÔ

Colaboração do meu amigo e companheiro jornalista de longas jornadas Chico Ribeiro Neto

Curto e grosso, esse é o melhor cartaz sobre fiado que conheço e que ainda hoje figura nas paredes e balcões de muitos bares e lojas. Não há mensagem mais direta nem mais esperta: “Fiado só amanhã”.

Há muitas formas de se enfrentar o fiado. Muitas vezes não adianta simplesmente dizer Não, tem que pendurar alguma mensagem pra ver se desencoraja o cara. Gosto muito de um antigo cartaz onde havia dois comerciantes. Um dizia “Eu vendi a dinheiro” e era gordo, com charuto na boca, todo feliz, a porta do cofre estufada de tanto dinheiro. Ao lado dele um cara esquálido, prateleiras vazias, ratos passeando pelo cofre que estava vazio, e a frase: “Eu vendi fiado”.

Emprestar dinheiro também é igual a vender fiado. No interior havia um ditado para dizer de alguém que emprestou dinheiro a um cara que é mau pagador: “Amarrou o dinheiro no cabo do veado”. Como o veado é muito veloz, ele não vai recuperar esse dinheiro nunca.

Existe a tática do pequeno empréstimo. Havia um repórter numa Redação de um jornal local de Salvador que sempre pedia dez reais emprestados a algum colega. Nunca era mais, sempre dez. Como a Redação tinha umas 60 pessoas, quando ele voltava ao primeiro o cara já tinha esquecido. Nesse rodízio do fiado ele sempre se dava bem. Além do mais, quem é que vai cobrar dez reais de um colega? Acaba mesmo esquecendo.

E tem gente que sabe pedir dinheiro emprestado. Não precisa contar história de que a sogra morreu, o carro quebrou ou precisa completar o dinheiro pra comprar um remédio. Ele puxa uma conversa bem amena com você e no meio da prosa dá a facada com a naturalidade de quem pergunta as horas: “Me empreste dez reais aí”. Difícil negar.

Ainda há bares onde existe o “prego”, um pequeno vergalhão ponteagudo, fixado numa base de metal, onde se enfiam os “vales” depois de assinados pelos consumidores. Quando o cara paga, o dono do bar vai lá, arranca o vale do prego e dá para o cliente devedor rasgar. Muitos se recusam a aceitar o valor do vale (“não foram oito cervejas, foram somente cinco”), mas é por isso que o dono pede pro consumidor assinar o vale, para não haver dúvida. No dia seguinte o cara sempre acha que bebeu menos.

Existe uma boa história do “prego”, contada pelo cronista e boêmio José Carlos Oliveira (1934-1986), Carlinhos Oliveira, “o mais ecumênico dos ateus”, como ele se definia. Ele estava num famoso bar do Rio de Janeiro, já era madrugada, quando chegaram cinco assaltantes. Carlinhos, que estava perto do balcão, quatro amigos e o português dono do bar foram rendidos por quatro bandidos enquanto outro raspava o caixa. De repente Carlinhos, mãos ao alto, disse para o bandido que o rendia: “O prego”. O cara entendeu, deu um sorriso cúmplice, foi até o prego, arrancou todos os vales e os colocou no bolso, para desespero do português, que xingava Carlinhos entredentes – “filho da puta” – pois tinha uma certeza: o cronista fazia aquilo por interesse próprio.

Outro cartaz interessante sobre o fiado diz assim:

“Nota de falecimento: Faleceu neste estabelecimento o Dr. FIADO, deixando a viúva – DONA CONTA – e seus três filhos: CALOTE, PENDURADO e DEPOIS EU PAGO. A família pede que não mandem FLORES, mandem dinheiro. O FIADO é muito PROCURADO, mas aqui não será ENCONTRADO”.

Outros cartazes sobre fiado:

“Fiado é igual a barba; se não cortar, só cresce”.

“O fiado é assim: eu vendo, você acha bom! Eu cobro, você acha ruim!”

“A gente só vende fiado para a Rainha da Inglaterra”.

“Fiado: só para maior de 99 anos acompanhado dos avós”.

“Fiado, nem a cunhado”.

“Fiado, nem água”.”

“Quem dá fiado, dá dado”.

“Porco fiado, todo o ano grunhe”.

Um dos cartazes admiráveis sobre fiado é este:

“CAMPANHA FIADO NÃO:

Não vendo FIADO pra ajudar você a ficar bem… Percebi que quando vendo fiado nos dias de pagar adoece alguém, um parente morre, quebra o carro, o beneficio é cortado, o salário atrasa, água e luz tá cortada. Então, pra não acontecer esse tipo de coisa não venderei fiado, porque não quero prejudicar você, já que toda vez que vendo acontecem várias tragédias. Portanto, pra evitar eu destruir sua vida, fiado não!”

(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)

 

TUDO É COM DEUS, OU A CULPA É DELE

Ao ler dois textos poéticos da minha autoria intitulados “Bruxa da Inquisição” e “Preciso Respirar”!, que falo da falta de apoio ao artista, hoje visto como demônio comunista, e sobre a natureza, meu amigo parceiro letrista Edilson Barros, lá de Fortaleza, da boa Ceará dos grandes talentos, me chamou de cruel. Simplesmente respondi que cruel é o homem com sua destruição que bota a culpa em Deus.

Ele riu, e disse ser verdade. Pois é, tudo que acontece hoje de anormalidade no clima, como a onda de frio fora do tempo no sul do país, seguida de ciclones de fortes ventos, foi Deus quem determinou, como se Ele fosse culpado de tudo. Quando as águas dos rios Madeira e o do Negro sobem no Amazonas, ou no Acre, e invadem as casas, o homem simples olha pesaroso e repete o mesmo.

Tem aquela história do “Deus que assim quis” para tudo que acontece de bom e ruim. Se chove demais, foi o Supremo Divino quem ordenou. Se bate a seca e o sertanejo dela foge em retirada, foi castigo de Deus. Na realidade, usam o nome Dele em tudo para esconder o conformismo e se eximir como vilão predador do meio ambiente.

Nem Freud e Lacan explicam essa psicologia do tudo pôr a culpa em Deus, e dizer que foi Ele quem quis, até quando se tem dez filhos em plena miséria humana. Não foi o Criador que lhe deixou na ignorância e sem educação, impedindo-o de prosperar na vida. Sem essa de que “a voz do povo, é a voz de Deus”, e ainda de que “Ele é brasileiro”. Seria muita maldade da Sua parte nos deixar nessa situação a qual vivemos hoje, com um maluco odioso, racista e homofóbico no governo, que manda “passar a boiada” para derrubar a Amazônia.

Em cada jogo de futebol que acontece nos campeonatos, Deus sempre está torcendo para algum time, e justamente para aquele que vence. “Ganhamos, graças a Deus”. “Fiz um gol, graças a Deus”. Até o pistoleiro faz a sua oração antes de partir para matar o seu “próximo” a mando do patrão do crime. Existe também a “guerra santa” dos islâmicos que explodem bombas contra outros em nome de Alá.

É comum a pessoa afirmar que Deus o salvou quando sobrevive a um desastre natural ou num trágico acidente. Quer dizer que Deus não estava ao lado dos outros porque eram infiéis? Até num jogo de baralho, dama, dominó ou nas lotéricas da Caixa Federal usa-se o nome em vão de Deus. Quando se pratica o mal, também, tanto que o cara se saia bem. É que Deus estava ao seu lado.

Esse Deus passa as 24 horas se “virando nos trinta”, inclusive para gente que não presta, não vale nada, como é o caso do capitão-presidente. Ele mesmo já disse certa vez ser o enviado de Deus. Será que esse Deus é tão ruim assim que escolheu ele para fazer maldades? Em nome de Deus, os pastores das igrejas evangélicas foram lá ao Ministério da Educação rezar e cobrar propinas dos prefeitos.

Para os fanáticos fundamentalistas, a pandemia da Covid-19 que ceifou milhões de vida no mundo foi obra de Deus para repreender a rebeldia e os malfeitos da humanidade. Por falar em pandemia, a mídia agora está dizendo que o analfabetismo dos estudantes é culpa dela. A educação no Brasil sempre foi uma das mais deficitárias no mundo, mas isso já é outro assunto.





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