Ulisses, depois da Guerra de Troia, passou dez anos vagando pelo mar (Odisseia de Homero) onde enfrentou batalhas, monstros e encontrou amores. Quando retornou à sua terra na Grécia, seu cachorro rosnou quando o viu, levantou-se e foi morrer em seu canto. Seu escravo, no entanto, não o reconheceu. Uma prova da fidelidade e do apego do cão ao seu dono, que atualmente abandona esses animais nas ruas das cidades, com sede e fome, caso específico de Vitória da Conquista. A imagem na foto, clicada pelo jornalista e escritor jeremias Macário, diz tudo, bem como o título acima “na espera da água e da comida”. Esses cachorros de rua dependem que alguém, com sua generosidade, ofereça algum alimento e água. Estressados, doentes, com pernas quebradas em acidentes, famintos e se arrastando eles ficam perambulando pelas ruas e avenidas porque alguém, sem nenhuma piedade, jogou seu fiel amigo para fora de casa. É um crime, mas não existe punição para quem faz isso. Outros fazem isso por falta de condições financeiras de mantê-los em casa por causa da crise econômica e social. São também vítimas da miséria no país. Muitos abrigos particulares de acolhimento já estão cheios, e o poder público nada faz para protegê-los. Há muito tempo que se fala na construção de uma casa de zoonose para tirar esses animais das ruas. Eles são vistos em todos lugares por onde se passa em Conquista, principalmente no centro, como no Terminal Lauro de Freitas (Estação Hérzem Gusmão). Estão sempre na espera de que alguém dê água e comida para, pelo menos, continuarem vagando, e ainda tem gente que apedreja e dar chutes quando um deles late ou está cruzando com uma fêmea, como se fossem culpados.