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:: 14/out/2021 . 22:27

INSTITUTO DOS CIGANOS PEDE CPI NA ASSEMBLEIA PARA APURAR CHACINA

O Instituto de Cultura, Desenvolvimento Social e Territorial do Povo Cigano do Brasil encaminhou ofício de número 0105ª para os presidentes da Assembleia Legislativa da Bahia, Adolfo Emanuel Monteiro de Menezes, e da Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública, deputado Jacó,  solicitando abertura de uma CPI ampla (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar as mortes dos ciganos em Vitória da Conquista por policiais militares há três meses, bem como os recentes sequestros e extorsões contra esse povo em Camaçari e região.

No documento, o Instituto, por meio do seu presidente Rogério Ribeiro e do vice, José Paulo, declara que os ciganos foram vítimas de sequestros e extorsões em Camaçari e região. “Precisamos de um auxílio rápido e uma resposta urgente referente a esses casos, pois os ciganos estão muito assustados com o aumento da criminalidade. Vale ressaltar que as vítimas vêm se recusando a prestar queixa na delegacia, temendo represálias dos bandidos, pois há indícios fortes de participação de policiais”.

SEQUESTROS E ROUBOS

De acordo com os dirigentes da entidade, “necessitamos urgentemente de policiamento preventivo, ostensivo e constante, para coibir e enfrentar a onda de violência. São muitos casos de sequestros, assaltos, roubos e furtos, dia após dia, com violências crescentes em plena luz do dia, que alarmam os ciganos”. Como exemplo, eles citam o sequestro na tarde de sábado, dia 3 de julho último, por volta das 14h, em Camaçari, no Parque das Mangabas.

Relatam que a vítima estava com seu cunhado, quando de repente quatro homens uniformizados de policiais abordaram os ciganos que correram da perseguição. Os policiais deram tiros para cima freando a correria. Na abordagem foi apreendido a chave do veículo da vítima e o celular. Somente depois o seu cunhado foi liberado.

Os criminosos de fardas levaram a vítima com destino a Cajazeiras de Abrantes, a cerca de 25 km do local do sequestro. A vítima ficou em posse dos sequestradores por onze horas. Durante este período, os criminosos usaram o celular da vítima para negociar o pagamento do resgate no valor de R$ 200 (duzentos mil). Em alguns trechos da negociação o sequestrador ameaçou cortar a orelha do cigano.

O irmão da vítima tentou acalmar o elemento, oferecendo 20 mil reais, argumentando que não dispunha do valor requerido. O criminoso continuou com suas ameaças de que iria fazer um vídeo cortando a orelha do cigano, exigindo o não envolvimento da polícia no caso. Depois de muita conversa, os sequestradores aceitaram o pagamento de 40 mil reais.

Depois de sofrer espancamentos, o cigano foi liberado, isto é, trancado e   algemado dentro do veículo, em Cajazeiras de Abrantes, em um mato. Sobre o ocorrido, os dirigentes do Instituto ressaltaram que o delegado de repressão a extorsão mediante sequestros do Estado da Bahia, Adailton de Souza Adam, vem realizando um excelente trabalho e pedem apoio das vítimas para elucidar os sequestros contra os ciganos de Camaçari/BA.

“A preocupação com o aumento de sequestros e violência contra os Ciganos da Bahia precisam de trabalho repressivo por parte da Segurança Pública, no sentido de facilitar a identificação dessas pessoas, que promovem esses delitos. A CPI vem no momento oportuno. Não queremos generalizar. Sabemos que a Polícia Militar e a Polícia Civil têm membros que prezam pela transparência, imparcialidade, ética, zelo e comprometimento com a segurança pública”.

EM CONQUISTA

Na ocasião, Rogério e Paulo apresentaram algumas ocorrências evolvendo policiais da Bahia, como a chacina em Vitória da Conquista há três meses (13 de julho) quando oito pessoas foram mortas depois de dois policiais terem sido assassinados por uma família de ciganos, no distrito de José Gonçalves.

No Ofício, o Instituto pede que as mortes dos Ciganos em Vitória da Conquista e região também sejam apuradas, destacando que entre as oito vítimas, um adolescente e um empresário não eram da etnia.

No revide dos policiais, muitos ciganos foram torturados, perseguidos e ameaçados de morte O Instituto, na ocasião, encaminhou um relatório minucioso, com base em investigações, para diversos órgãos de segurança e ligados diretamente na causa dos direitos humanos na Bahia e no país.

Rogério Ribeira aponta atitudes, por ele condenáveis, por parte da corporação policial da região, como o fato de  militares receberem elogios  pelas mortes de três ciganos em Anagé; investigação desarticulada entre a polícia civil e a polícia militar; fragilidade no acolhimento das testemunhas pelo programa PROVITA; policiais justiceiros querem matar, não querem prender; Governo da Bahia permaneceu em silêncio;  falta de eficiência nas investigações; corporativismo local; e risco de novas execuções.

Ele argumenta que o Brasil tem um compromisso internacional ao ter assinado, em 2007, o protocolo facultativo da Convenção da ONU contra a tortura. No entender de Rogério, a CPI é um mecanismo para a busca de informações e para contribuir com a discussão de uma nova política de segurança pública, principalmente nas abordagens policiais.

“O parlamento não pode se omitir frente a fatos que estão comprovados. O Instituto Cigano do Brasil-ICB não compactua com nenhum tipo de violência e repudiamos todo ato dessa natureza, qualquer ordem ou origem. Sempre vamos defender o amplo diálogo e não iremos aceitar que os ciganos inocentes sejam vítimas de ação truculência absurda e desnecessária. Os “criminosos” devem responder na justiça pelos seus atos” – assinalou.

 

A MISÉRIA E A BAIA DE TODOS OS SANTOS

De um lado a miséria brasileira que bate nos portões do Palácio Rio Branco, em Salvador, sede de muitos governos desde o primeiro Thomé de Souza, que nunca resolveram as gritantes desigualdades sociais, apesar das promessas políticas de esperança. Faltam prioridades nas políticas públicas, principalmente nas áreas da educação e da saúde. Do outro lado, a bela paisagem da Baía de Todos os Santos que deixa soteropolitanos e turistas deslumbrados e encantados com tanta beleza. Ambas as imagens são históricas em nossas vidas, mas, com relação à primeira, milhares passam por ela todos os dias e nem olham. São indiferentes. Quanto a segunda, todos param para olhar e tirar fotos de recordação. São contrastes captados pelas lentes do jornalista e escritor Jeremias Macário em sua última visita à capital, no mês passado. A miséria é cada vez mais agravante, o que condena o Brasil a ser um dos piores na colocação do desenvolvimento humano, A Baia de Todos os Santos, descoberta há mais de 500 anos, foi degradada pela ação do homem e sofre os efeitos da poluição e do aquecimento global.

ENTRE ENGAÇOS E BAGAÇOS (I)

De autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário, no formato de peça teatral e estilo cordelista, ENTRE ENGAÇOS E BAGAÇOS será publicado nesta coluna Na Rota da Poesia todas as quintas-feiras. Fala do Nordeste e suas riquezas culturais, destacando personagens mais importantes da nossa história, como escritores, poetas, trovadores e repentistas. Aborda diversas linguagens artísticas da nossa região, inclusive a cultura popular. É uma homenagem ao Nordeste.

Peguei estrada por esse mundão nordestino,

De norte a sul, leste oeste de cenário faroeste;

Apertei a mão do matuto ao cara intelectual;

Falei com doutor, escritor, poeta e até Marechal;

Comi poeira e também asfalto ardente em fogo;

Viajei de carona, carro-de-boi e pau-de-arara;

Filmei aves sabiás, assanhaços, papagaios e arara,

Com minha mochila andarilha em meu rumo e tino,

Me chamaram de profeta e vidente dos tempos,

Porque já avisava de um tal vírus mortal corona,

Com cara feia de coroa de olho apertado da china,

O mais tinhoso cabra da peste dessa terra latina.

Que nesse chão rachado chamaram de Severina.

 

Em minhas andanças messiânicas, vulcânicas,

Cortei toda Serra da Capivara e varei o Araripe,

Dessa turca locas místicas Capadócia Nordestina,

De praias paradisíacas rodei pelas dunas de Jipee.

 

Minha primeira paragem foi lá no Maranhão,

Onde me encantei com os azulejos portugueses,

E em São Luis antigo me embriaguei várias vezes,

Nas noites etílicas de expressões bucólicas e líricas;

Entrei no maracatu, no reague e no bumba meu boi,

E até no blues dos negros melaço da cana caiena,

Rolei nas ondas de areias finas e de tantos sóis;

Ardi minha pele com uma bela sensual morena,

Nadei em lagoas lendárias de ondulados lençóis,

E depois fui conversar com o Ferreira Gullar,

Que me ensinou como laçar as palavras no ar.

E a rimar verbo, substantivo com o árido sertão.

 

Ah!, seu moço, não podia deixar de abraçar o poeta

Catulo da Paixão Cearense que é mesmo maranhense,

Gente simples com quem ouvi muitos casos caipiras,

Que eternizou o “Luar do Sertão” onde fez sua festa,

Virou hino dos apaixonados amantes do Brasil ao Japão,

Assim Catulo me ensinou a luarar e apreciar as safiras.

 

UMA CLASSE ESQUECIDA

Não é mais nenhuma novidade dizer que a cultura em nosso país, tachada de comunista pelo capitão-presidente e seus seguidores da morte, está sendo estraçalhada, mas ela resiste às forças do mal. Dentre as tantas linguagens artísticas, a literatura, representada pelo escritor, é a mais devastada de todas. O Dia Mundial do Escritor (13/10) passou em branco pela mídia e outros organismos.

Como na Idade Média, livros estão sendo destruídos e queimados nas fogueiras dos inquisidores vindos dos infernos. Para completar essa destruição por parte do atual governo, por incrível que pareça, a classe de escritor está sendo ultrajada e esquecida pela própria categoria que tudo deveria fazer para prestigiar o artista da escrita, o artesão da palavra e aquele que faz texto e literatura.

Não desmerecendo seu grande talento de intérprete da música popular brasileira, leio que a cantora Maria Betânia acaba de ser erguida ao Olimpo da Academia de Letras da Bahia. Não existe aqui em nosso Estado, ou no Brasil, um merecedor de tal honraria, que tenha uma obra aceitável? Será que o escritor também pode ganhar o prêmio Grammy de música algum dia, mesmo sem conhecer uma nota, como bem indagou Achel Tinôco, no Espaço Opinião do Leitor do “A Tarde”?

Há uns dois anos deram o Prêmio Nobel de Literatura ao cantor e compositor norte-americano Bob Dylan, que se recusou receber pessoalmente a grana de um milhão de dólares. Mais recente, a atriz Fernanda Montenegro tornou-se imortal da Academia Brasileira de Letras. Na época, teve gente que disse que ela foi agraciada pelo mérito de ter escrito aquela quantidade de cartas no filme Central do Brasil. Alguém pode ganhar um Oscar pelo filme em que não atuou?

Concordo com Achel quando afirma que os autores precisam de mais reconhecimento para desenvolver seus trabalhos, caso contrário haverá uma grande debandada de grandes artistas das letras para outras áreas. O escritor é aquele primo mais pobre dos pobres.

Quando se fala de arte, a classe de escritor é a menos lembrada, principalmente em situação difícil como nesse período da pandemia. Muitos entendem que somente a música, o teatro e a dança, por exemplo, precisam de ajuda dos poderes públicos. Praticamente deixam de fora de um auxílio o escritor que também ficou na penúria porque não pode lançar sua obra durante a pandemia.

MOÇÕES DE APLAUSOS E CRÍTICAS À PREFEITA

A sessão de ontem (dia 13/10) da Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista, depois da leitura da ata e da pauta do dia, foi aberta com a entrega de diplomas a diversos homenageados com moções de aplausos, mas também com duras críticas à prefeita Sheila Lemos pelo presidente da Associação de Moradores do distrito de José Gonçalves, Eunápio Novais.

O primeiro homenageado do dia foi o major Edmário, diretor do Presídio de Conquista pelos serviços prestados à frente da casa de detenção. Ele agradeceu a moção de aplauso e dedicou o reconhecimento da Câmara aos 145 policiais que trabalharam com ele quando comandava esse pelotão de segurança na zona oeste.

Receberam também moções de aplausos o jornalismo da TV Uesb pela cobertura na área da ciência, o jornalista Tico Oliveira, dono do Jornal Impacto pelos seus 34 anos de atuação no município e região, o Sindicato de Limpeza/Regional da Bahia, um representante dos estudantes e uma mulher que recebeu o diploma Loreta Valadares.

As críticas veladas à prefeita vieram da Tribuna Livre ocupada por Eunápio Navais, representante dos moradores de José Gonçalves. Primeiro ele rebateu as fake News divulgadas na internet dando conta de que as torres de celulares instaladas no distrito foram obras da Prefeitura, quando, na verdade, foi uma intervenção do Governo do Estado.

Afirmou ser vergonhoso a prefeitura se apropriar de um serviço que não contou com a ação do poder público local. Acrescentou mais ainda que a prefeita vive passeando por vários lugares enquanto a zona rural está abandonada.

“Cadê a Comissão de Agricultura da Secretaria? Prometeram que iriam canalizar água nos povoados de Roseira e São Sebastião, e até gora nada. Não temos patrol e trator que foram deixados pelos governos passados” – declarou, ao fazer um apelo para que os vereadores tomem uma atitude e se posicionem em relação aos fatos por ele narrados.





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