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:: 3/maio/2025 . 0:09

UM CAMPEONATO DEFICITÁRIO

Carlos González – jornalista

Mais uma vez faltou senso prático à Federação Baiana de Futebol (FBF) ao organizar o campeonato estadual da série “B” – edição 2025, expondo seus filiados a perdas financeiras. Sem uma campanha de divulgação, culpa dividida com a imprensa esportiva, a entidade programou a primeira rodada para a tarde de um dia útil (30 de abril), em vez de utilizar o feriado do 1º de maio. O resultado não podia ser outro: arquibancadas vazias e despesas para os clubes mandantes.

Ao se transferir para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em 2021, Ednaldo Rodrigues deixou a presidência da FBF para o seu vice Ricardo Nonato de Lima, que está no segundo mandato, dando a entender que vai seguir a carreira do seu antecessor, ingressando numa enorme relação de cartolas vitalícios do esporte no Brasil..

Torcedor do Flamengo e do Vitória da Bahia, Naldinho, como era conhecido no futebol da várzea em Vitória da Conquista, durante 17 anos (2001 a 2018), um dos andares do antigo prédio da Secretaria de Agricultura, cedido pelo ex-governador Antônio Carlos Magalhães, na praça Castro Alves, em Salvador. Nesse período, o Vitória ganhou 11 títulos estaduais, o Bahia cinco e o Bahia de Feira um.

A FBF concede apenas um período de três meses (30 de abril a 27 de julho) para a disputa da série “B”. Entre os dez participantes paira um silêncio a respeito do vínculo empregatício entre empregadores (clubes) e empregados (jogadores, comissões técnica e médica). Ypiranga e Conquista, beneficiados pela lei de incentivo ao esporte de base do governo federal, estão utilizando atletas do elenco sub 20. Entre os 12 patrocinadores do Conquista observa-se a ausência da Prefeitura Municipal.

Vale ressaltar que essa ajuda governamental (captação de recursos junto a empresas e pessoas físicas com impostos a pagar à Receita Federal) nada tem a ver com o acordo fechado, inicialmente por dez anos, entre o Ypiranga e a Squadra Sports, uma “holding” nacional criada pelo empresário baiano Guilherme Bellintani, ex-presidente do Bahia, padronizada na SAF administrada pelo City. O ex-dirigente tricolor revela que tem “planos ambiciosos” para o auri-negro de Salvador.

Além de cinco campeões baianos (Ypiranga, Galícia, Leônico, Fluminense e Bahia de Feira), a série “B” conta com Teixeira de Freitas, Salvador, Grapiúna (Itabuna), Conquista e Itabuna. Os quatro primeiros colocados da fase inicial disputam as semifinais para escolha dos dois finalistas, que sobem para o grupo de elite em 2026. Os dois últimos caem no esquecimento, porque a FBF não conseguiu formar uma terceira divisão por falta de candidatos.

Com exceção dos representantes de Feira e de Conquista, os demais clubes não dispõem de estádios em suas cidades de origem. O governo do Estado não se manifestou sobre a cessão de Pituaçu como mando de campo de Ypiranga, Leônico e Salvador. Os clubes “ciganos” vão ter que viajar todas as semanas por via rodoviária, atuando inclusive em Jequié e Alagoinhas. Até momento a FBF só divulgou a programação completa das duas primeiras rodadas.

Depois de empatar com o Ypiranga na primeira rodada, o Conquista jogará amanhã, às 15 horas, contra o Fluminense, em Feira, com transmissão da TVE. Próximos jogos no Lomanto Júnior:17 ou 18 de maio – Grapiúna; 31 de maio ou 1º de junho – Salvador; 29 de junho – Leônico. Partidas fora de casa: 10 ou 11 de maio – Itabuna; 24 ou 25 de maio – Teixeira de Freitas; 7 ou 8 de junho – Bahia de Feira; 14 ou 15 de junho – Galícia. As semifinais estão marcadas para 5 ou 6 de julho e 12 ou 13 do mesmo mês, e as finais para 20 e 27 de julho.

O Regulamento não explica se as despesas de viagem, hospedagem e alimentação serão da reponsabilidade dos clubes visitantes ou da FBF. Está escrito que os participantes do campeonato vão arcar com os gastos financeiros na aquisição de sete bolas, pagamento de seis gandulas, de aluguel de ambulância, com médico e dois enfermeiros; com serviço de alto-falante; cotas e despesas com arbitragem quando a renda da bilheteria for insuficiente. Depois da divisão do dinheiro não vai sobrar nem um centavo para pagar o lanche dos policiais.

No artigo 35 há um parágrafo interessante: se um jogo for programado para o turno da manhã e a temperatura passar dos 28 graus, o árbitro determinará a complementação para o dia seguinte.

O Regulamento estabelece que os espaços livres em volta dos campos sejam destinados à colocação de placas de publicidade das empresas patrocinadoras do campeonato. Também não há definição sobre a divisão dos valores do direito de imagem, que serão pagos pela TVE e pela TV do Zé (youtube).

Com relação ao Conquista, não se observa movimentação de torcedores na cidade, cujo futebol – o esporte, de um modo geral – é uma permanente ausência, assim como a cultura, o entretenimento e o turismo. São admiradores – vira-latas, como diria o escritor e jornalista Nélson Rodrigues – do Flamengo.

 

 

O TRABALHADOR BRASILEIRO VAI MUITO BEM, OBRIGADO!

O 1º de Maio sempre foi de manifestações reivindicatórias por melhorias no trabalho, assim é celebrado em praticamente todos países do mundo, menos no Brasil dos últimos anos que é festejado com shows, doações e premiações. A impressão que passa é que o   trabalhador brasileiro vai muito bem, obrigado!

O Dia do Trabalho surgiu em 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, quando os operários industriais saíram às ruas em greve contra a exploração dos patrões, mas é comemorado em setembro. A data foi internacionalizada, em 1889, a partir do Segundo Congresso Internacional Socialista, em Paris, numa reunião com os principais partidos e sindicatos da Europa.

No Brasil foi instituído no Governo de Getúlio Vargas, em 1940, como Dia do Trabalhador e foi comemorado com a criação do salário mínimo. De lá para cá, o 1º de Maio sempre foi marcado por uma série de eventos históricos dos trabalhadores em marchas de protestos contra a exploração da mão-de-obra pelo capital, bem como em homenagem aos mártires que lutaram em favor da classe trabalhadora.

Esses movimentos foram interrompidos e cerceados durante a ditadura civil-militar de 1964, mas após a redemocratização eles voltaram com toda força em todo país, principalmente no chamado ABC (Santo André, São Bernardo e São Caetano) paulista.

Nos governos “lulistas”, as centrais se fortaleceram financeiramente e muitos dirigentes se aproveitaram para fazer suas farras e começaram a esquecer suas bases. Nesse período, ocorreram muitos escândalos de corrupção e desvios de recursos. Para ser realista, os sindicatos se tornaram pelegos como no primeiro Governo de Vargas, também de opressão.

Com a queda do imposto sindical e a reforma trabalhista de escravização do trabalhador, no mandato de Temer, as centrais desapareceram e os sindicatos enfraqueceram. Mesmo assim, no 1º de Maio essas entidades conseguem realizar festas e shows, ao invés de movimentos de protestos, como acontecem na França, no Chile, na Argentina, na Inglaterra, no Uruguai e tantos outros países.

No Brasil, o 1º de Maio é uma vergonha porque esses sindicatos esqueceram a origem histórica da data que foi de muitas lutas, greves e outras manifestações contra a opressão do capital sobre o trabalho. As imagens das celebrações do Brasil em relação a outras nações é um verdadeiro contraste.

Parece que aqui é tudo uma maravilha, que o trabalhador ganha muito bem, que as leis são cumpridas pelos patrões, que não existem desempregados (mais de sete milhões) e que a informalidade monstruosa não existe.

Milhares ainda trabalham sem carteira assinada e não reclamam porque não têm representação sindical forte e temem ser demitidos. O 1º de Maio no Brasil é uma alienação e todos vão para as ruas com a finalidade de curtir, receber cestas básicas ou ganhar um prêmio num sorteio qualquer.

 





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