DA GAIOLA MEDIEVAL
Poema inédito do jornalista e escritor Jeremias Macário (macariojeremias@yahoo.com.br)
Da gelada gaiola medieval,
Voam pássaros libertários da igualdade,
Rasgam os véus das linhas do tempo,
Nas asas dos céus do Renascimento,
Para condenar a crueldade escrava,
Curar séculos de inquisição da palavra,
Que só a Igreja ditava o bem e o mal.
Da gaiola gelada medieval,
Sai a Bíblia da Reforma de Lutero,
No dote de cada um ser seu sacerdote,
E atira contra as vendas das indulgências,
Que salvam nobres e excluem os pobres;
Calvino em sua pregação é mais severo,
Defende sua tese da predestinação,
E nega as catedrais das janelas de vitrais,
Da gelada gaiola medieval,
Partem navegadores e cientistas,
Jesuítas vão levar suas doutrinas,
Nasce a revolução dos grandes artistas,
Leonardo da Vinci pinta Mona Lisa,
Michelangelo faz a Capela Cristina,
Bartolomeu dobra o Cabo da Esperança,
E lança nova rota marítima pra China.
Da gaiola gelada medieval,
A imprensa voa como presente divino,
Para anunciar a luz de um novo destino;
Colombo chama o Novo Mundo de índios,
Nas Américas dos incas, maias e astecas;
Vasco da Gama navega até a terra Índia,
E a história troca suas espadas afiadas,
Por uma guerra ainda mais mortal.
Da gaiola gelada medieval,
Voa uma florida ave primaveril,
Deusa da ciência e da tecnologia,
Que bebe do saber e do conhecimento;
Faz o invento do vapor e da energia;
Ergue a era das cidades industriais,
E a fome gera a Revolução Francesa,
Com seus ideais pela melhoria social.