Ainda bem que a Prefeitura de Vitória da Conquista reviu um pouco o seu comportamento de um ponto fora da curva em relação a outros municípios baianos e realizou vacinação nesse feriado de 21 de abril. As justificativas dos preponentes da Secretaria de Saúde quanto ao não procedimento nos finais de semana não convencem.

O motivo real não seria porque o executivo não quer pagar horas extras para os servidores? Se for essa a razão, não encontra respaldo na sociedade porque trata-se de agilizar um processo de imunização para salvar vidas, e esse objetivo está acima de qualquer coisa. Ora, se a própria prefeita disse que está com a ciência, a decisão de não vacinar nesses dias é contraditória.

Outro paradoxo gritante é afirmar que está do lado da ciência e escancarar a flexibilização numa situação onde os leitos de UTI dos hospitais públicos que atendem Covid estão à beira de um colapso. Conquista já ultrapassou a cifra de mais de 400 mortes desde quando começou a pandemia e está registrando uma média de dois falecimentos diários.

MEDIDS RESTRITIVAS

Será que esses dados não são mais que suficientes para que se tome medidas restritivas, inclusive com o toque de recolher mais cedo, com o fechamento do comércio e dos bares uma hora antes para que as pessoas não fiquem circulando nas ruas até mais tarde?

Não é mais coerente tomar medidas mais duras e acelerar a vacinação para evitar um possível fechamento de todos os setores não essenciais lá na frente, num quadro mais caótico? Não precisa ser infectologista, pneumologista ou médico para reconhecer que essa é a lógica correta.

Com as aberturas que estão ocorrendo em várias cidades e capitais do Brasil, muitos cientistas já estão prevendo um terceiro pico da doença. Se continuarmos no ritmo de mais de três mil mortes por dia no país, ao final do ano vamos atingir o triste e lamentável número de um milhão de mortes. É só fazer as contas de quantos dias faltam para terminar 2021 e multiplicar pelas perdas diárias. Já estamos encostando nos 400 mil.

Então, não é momento de afrouxar e ceder à pressão dos lojistas e empresários, mesmo sabendo que o remédio é bem amargo para a economia. Mais amargo está sendo a demora no tempo que o país está atravessando para sair dessa crise pandêmica.

Outras nações que optaram pelo isolamento social e adiantaram a vacinação da sua população já estão abrindo as portas e se erguendo. Nessa lentidão das vacinas e com essa bagunça das flexibilizações estapafúrdias, para ceder a interesses exclusivos de terceiros, pode estar certo que o Brasil vai ser o último a se livrar dessa peste.

Ouço muito esse papo emocional de dizer que tudo vai passar e melhorar, mas não se sabe quando. O racional seria ter uma estratégia montada para que o povo não sofresse tanto, inclusive com a fome que se alastrou como rastilho de pólvora. Infelizmente, não temos planejamento. É tudo incerto e confuso. Sobra desorganização e falta liderança no Brasil.