UM DOS MAIS FEIOS DO BRASIL
No embalo do comentário “Um Caboclo no Futebol Brasileiro”, do amigo e companheiro jornalista, Carlos Gonzalez, aliás, bem fundamentado e esclarecedor, onde fala deste esporte tão querido e admirado neste país, mas maltratado pela corrupção e pela violência de quem deveria dar exemplo, quero aqui, se me permite, deixar minha impressão sobre este campeonato baiano.
De partida, vou ser logo direto no meu recado: Presidente vitalício Ednaldo Rodrigues, depois de mais de 20 anos à frente da FBF (Federação Baiana de Futebol), vê se larga esse osso e passa para outro! O futebol baiano, com um campeonato dos mais feios do Brasil, carece de renovação e sangue novo, antes que entre em total falência, ficando apenas o BA x VI de sempre.
Em total decadência, tem razão os torcedores do interior, com raras exceções, quando o time local galga uns pontinhos a mais, não comparecer aos estádios degradados, para assistir verdadeiros babas de várzeas, numa concorrência desleal e covarde com as equipes do Bahia e do Vitória.
As goleadas sofridas pelos times do interior, que deixam envergonhados os torcedores de suas cidades, demonstram tratar-se de um campeonato sem nenhum equilíbrio. O mais irônico de tudo isso é que a mídia esportiva ainda chama isso de “Baianão” e fica o tempo todo elogiando uma competição desigual (tem seus motivos comerciais). Até o mais leigo em futebol sabe que a final é quase sempre entre Bahia e Vitória.
Como disputar um campeonato de igual para igual onde um jogador do Bahia ou do Vitória ganha mais que todo um time do interior? Quando a rapaziada vai jogar na capital, viaja de ônibus, “batendo biela” na estrada e fica numa pensão barata, isso quando não é bate e volta. Onde ficam o preparo físico e o emocional dos atletas?
Verdadeiramente, isso não é profissionalismo. O pior de tudo é que todos, a mídia, torcedores, jogadores e dirigentes fazem de conta que a Bahia tem um campeonato pra valer, bem disputado. Os rubros negros e os tricolores da capital vibram e brigam quando ganham ou perdem. Saem gloriosos e convictos de que seus times estão fortes, isto até começar o Campeonato Brasileiro.
UM CABOCLO NO FUTEBOL BRASILEIRO
Carlos Albán González – jornalista
Os centenários Botafogo e Ypiranga já não fazem parte do mundo do futebol baiano. Como tantos outros clubes foram vítimas de um arremedo de torneio, denominado de estadual, imposto pela Confederação Brasileira de Desportos (CBF) às federações, que há décadas só fazem dizer “amém”, em troca de favores, incluindo uma espécie de propina de R$ 70 mil por mês.
Uma sessão de bajulação, a portas fechadas, regada a um bom uísque e sem a presença da imprensa, aconteceu nesta quinta-feira, num hotel da Barra da Tijuca, no Rio. Marco Polo del Nero, banido pela FIFA da presidência da CBF, reuniu os presidentes das federações estaduais para lançar como seu sucessor o desconhecido Rogério Caboclo.
A Federação Paulista ensaiou liderar uma manobra oposicionista, mas seu presidente foi dissuadido pelos seus colegas. No colégio eleitoral as 27 federações têm peso três, o que já garante a vitória a del Nero; os 20 clubes da 1ª divisão têm peso dois e os 20 da segunda, um. Na opinião do deputado federal Andrés Sanchez (PT-SP), presidente do Corinthians, o brasileiro está assistindo a mais um golpe.
A malfadada política da CBF em relação aos chamados pequenos clubes, não evita que a cada ano dezenas deles encerrem suas atividades em março. Na Bahia, com exceção de Bahia, Vitória, Fluminense de Feira de Santana, Jacuipense e Vitória da Conquista, que vão disputar duas séries do Nacional, estão afastados das competições de 2018 o Jacobina, Bahia de Feira, Jequié, Atlântico e Juazeirense.
Próximos passos do Conquista
Os torcedores do Esporte Clube Primeiro Passo Vitória da Conquista respiram hoje aliviados. Beneficiado pelo regulamento do Campeonato Baiano deste ano, que determina a queda para a 2ª Divisão de apenas o último colocado da fase de classificação (Atlântico, de Lauro de Freitas), o representante do Sudoeste se despediu da competição promovida pela Federação Bahiana de Futebol (FBF) com mais uma derrota.
OS SÚDITOS E SUAS CELEBRIDADES
Fogos pipocam no ar festivo das noites etílicas de muitas pirotecnias de cores. As luzes se cruzam nos céus. Foguetes bilionários sobem ao espaço para explorar o universo. Os ricos ficam mais ricos e os súditos vão ao compasso das suas celebridades que manobram as massas. Aqui até a morte tem sua hierarquia, mas os do alto das suas torres nos ensinam uma ilusória lição de que todos são iguais.
A afronta, o acinte, o deboche e outras atitudes de exibicionismo de riqueza e poder onde se usa as camadas menos favorecidas em termos monetários e culturais, para exaltações de suas vaidades promocionais, deveriam ser incluídos no rol dos crimes contra a humanidade, assim como o racismo, a injúria e a calúnia.
Num show de uma celebridade grávida por métodos de inseminação em laboratório, os súditos em delírio pedem bis e ela aponta que sua médica, ali ao seu lado, que sempre a acompanha em todos os lugares e nas suas apresentações, a recomendou não fazer mais esforço. Só com a liberação dela. É de dar inveja!
Tudo parece ser simples, normal, e sem nenhuma ofensa maior, não fosse a triste realidade de desigualdade social e de abandono em que vive a população brasileira, principalmente no que tange ao atendimento na área da saúde onde muitas gestantes parem nas ruas e em macas sujas nos corredores dos hospitais. Não me refiro apenas à questão da saúde, mas do estado de pobreza e miséria em geral em todas as áreas.
Esta mesma celebridade, faminta e insaciável por qualquer aparição, instigada pela mídia fútil farejadora de audiência, da sacada de um hospital de luxo só para abonados, conta suas historinhas de fada como foi o parto, a amamentação e como estão seus bebês gêmeos, e até quem é o mais guloso(a).
Os súditos lá embaixo de inocentes úteis vibram em histeria e querem saber mais coisinhas. Nas periferias, crianças desnutridas e outras que padecem de doenças graves não encontram vagas nos hospitais para tratamento de seus males, ou uma operação para salvar suas vidas.
“AS TRÊS MORTES DE CHE GUEVARA” (FINAL)
ISOLADO E DESILUDIDO NO CONGO E NAS SELVAS DA BOLÍVIA
De dezembro de 1964 a março de 65, Che passou todo tempo fora de Cuba. Esteve em Moscou, Nova York e de lá para Argélia, de Bem-Bella, onde foi astro na conferência dos povos africanos com um discurso de rompimento político com a União Soviética, o que significava uma adesão à linha chinesa. Esteve na Tanzânia e no Egito, de Gamal Abdel Nasser, a quem disse que iria lutar no Congo e dele recebeu sinal de desaprovação.
Mas, de acordo com Flávio Tavares, autor do livro, os problemas e incômodos terminaram por fazê-lo sair de Cuba, quase que às pressas, ou às pressas mesmo. “Ou pelo menos, afoitamente, num gesto intempestivo ou de irritação pessoal, tão ao estilo argentino”, As contrariedades e divergências começaram bem antes destes episódios de sumiço.
De volta a Havana, em 10 de março de 1965, do aeroporto saiu rápido para uma reunião de 40 horas consecutivas com o chefe Fidel Castro. Ainda em Cuba, aproveitou seu amigo argentino Gustavo Roca para entregar uma carta para sua mãe Célia de la Serna de Guevara onde revelou as desavenças de cunho político com o comandante e o propósito de se dedicar ao trabalho voluntário de 30 dias no corte de cana e mais cinco anos numa fábrica de açúcar.
Em 15 de abril do mesmo ano a mãe escreveu outra carta achando tudo muito estranho e concluindo que o filho caiu em desgraça. Além de considerar um desperdício de ideia, reforçou sua posição contrária. “Creio que, se fazes o que dizes, não serás um bom servidor do socialismo mundial”. Esta carta não chegou às suas mãos.
O mais intrigante é que na véspera do Dia do Trabalho, Fidel e sua cúpula foram cortar cana no campo, mas sem o Che. Isto provocou uma especulação na mídia de que ele fora destituído e estava preso. Persistiu o mistério do seu paradeiro, e sua mãe morreu de câncer em 19 de maio de 1965 sem saber onde o filho se encontrava.
NO EGITO E NO CONGO
Sabe-se que no final de março, com seus homens de confiança, confinou-se num lugar remoto da ilha para treinamento militar. Em meados de abril chegou disfarçado (travestido de Ramón) ao Cairo decidido a lutar no Congo e se apresentou, sem sua identificação verdadeira, ao chefe rebelde Laurent Kabila que morava num hotel de luxo (seu quartel-general) com todas mordomias de bebidas, carros e mulheres.
MAIS UMA CRISE NO FUTEBOL BAIANO
Carlos Albán González – jornalista
O Tribunal de Justiça Desportiva do futebol da Bahia (TJD-BA) deveria vir a público para explicar quais foram os critérios adotados na interpretação das leis que regem o popular esporte, por ocasião do julgamento, no último dia 27, dos fatos vergonhosos que mancharam o Vitória x Bahia do dia 18, no Estádio Manoel Barradas (Barradão). Sem precisar do bola de cristal prevejo que o debilitado campeonato de 2018 vai trocar os campos de jogo pelas salas dos tribunais, por meses a fio, repetindo a crise de 1999, quando Bahia e Vitória dividiram o “caneco”.
Insatisfeito com o resultado do julgamento, a Procuradoria do TJD manifestou sua decisão de recorrer ao Pleno do órgão judicante, constituído de nove auditores, solicitando à presidência da Federação Bahiana de Futebol (FBF) a paralisação do campeonato, cuja penúltima rodada da fase de classificação está programada para o próximo final de semana.
Na opinião do procurador Ruy João, a continuidade do estadual pode provocar “dano irreparável ou de difícil reparação”. Numa entrevista aos jornais de Salvador o procurador qualificou de “absurdas e estarrecedoras” as punições aplicadas pelos quatro auditores (advogados de “reconhecido saber jurídico e reputação ilibada”) – o quinto se declarou impedido – da 1ª Comissão Disciplinar do TJD.
O principal questionamento da Procuradoria está relacionado com a ausência de punição para o responsável pela interrupção do jogo. O Vitória, que deu causa, recebeu uma multa de R$100 mil. Entidade jurídica, o clube se “personifica nos seus dirigentes, técnico e atletas. Então, alguém precisa ser apontado como responsável”, expõe Ruy João, estranhando a ausência, na lista dos punidos, de um membro da diretoria, do treinador Valter Mancini, do supervisor Mário Silva, e até mesmo do zagueiro Bruno Bispo, que recebeu o quinto cartão vermelho, deixando o seu time com apenas seis jogadores em campo, entregando a vitória ao Bahia, pelo placar de 3 a 0, como determina o Regulamento Geral de Competições da CBF, no seu artigo 56, incisos 3º e 4º.
Outra questão levantada pelo procurador diz respeito a não apreciação pelos auditores da leitura labial, encomendada pelo Globo Esporte, da frase de Mancini, mandando seu atleta receber o quinto cartão vermelho. Ruy João também discorda da absolvição do goleiro Lucas Fonseca, que aparece nas imagens das televisões como o iniciante da briga generalizada, ao imobilizar Vinicius pelo pescoço, para que seus companheiros do Vitória praticassem a bárbara agressão física. Com o supercílio sangrando, a vítima deu queixa numa delegacia policial.
Ao apresentar a denúncia contra os envolvidos na guerra do chamado “Ba-Vi da Paz”, um outro membro da Procuradoria, Hermes Hilarão Teixeira Neto, pediu a desclassificação do Vitória do campeonato deste ano e o rebaixamento para a 2ª divisão em 2019. Somente um dos auditores da 1ª Comissão Disciplinar do TJD acatou o pedido.
Dias de terror viveu Hilarião e sua família, com as ameaças de morte enviadas por membros a torcida organizada do Vitória “Os Imbatíveis”, considerada como uma das mais violentas do país. O procurador garante que dispõe dos números de telefones e endereços nas redes sociais de todos os agressores, passíveis de terem que passar uma temporada atrás das grades. :: LEIA MAIS »
DA BARRACA AOS CARROS DE SOM
O vereador David Salomão protagonizou mais um discurso raivoso e arrogante em defesa do autoritarismo e contra a esquerda na sessão de ontem (quarta-feira) da Câmara Municipal de Vitória da Conquista, sem muita reação de seus opositores.
Aos berros e aos gritos, em tom agressivo, como se estivesse num comício eleitoral, o alvo desta vez foi o ex-governador Jaques Wagner, investigado pela Polícia Federal por acusação de ter recebido propinas da Odebrecht no caso da construção da Fonte Nova.
O vereador em questão aproveitou para descer o “porrete” no PT, sem dó e compaixão e, ao mesmo tempo, apoiar a candidatura de Bolsonaro, colocando-o no pedestal como arauto da verdade e da honestidade que, na sua visão, devolverá ordem e seriedade ao país. Em sua fala, ele mistura arbitrariedade, preconceito e outros ingredientes indigestos com democracia, como se isso fosse possível.
Na sessão passada de quarta-feira (dia 21), Salomão defendeu, mais uma vez, a intervenção militar e fez críticas veladas aos professores e estudantes da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-Uesb. Contra seus ataques, apenas o parlamentar Coriolano Morais (PT), de modo moderado, se pronunciou dizendo que os outros partidos não têm moral para apontar as mazelas de seus opositores. Destacou que na política existe também muita gente honesta, como é o seu caso.
Bem que David Salomão tentou roubar a cena da sessão, mas as discussões giraram em torno da derrubada da barraca de dona Eni Rocha de Souza pela Prefeitura Municipal, na localidade mais conhecida como Gancho, e os problemas dos carros de som que estariam cometendo uma série de irregularidades nos limites exigidos de decibéis e na circulação em locais e horários proibidos.
Os vereadores da oposição defenderam as duas causas em questão e, o mais estranho, é que os aplausos às falas do PT e do PC do B foram as mesmas para David Salomão quando atacou o ex-governador do PT. Sempre impera o individualismo em detrimento do coletivo.
Na verdade, existem muitos abusos por parte dos carros de som na cidade, e o centro, principalmente, está contaminado pela poluição sonora e visual, o que requer um código disciplinar para limpar o comercio e deixar a área mais agradável e humana. No geral houve um apelo no sentido de a prefeitura encontre um caminho viável para o funcionamento correto dos publicitários de carros de som, de modo que não haja prejuízo para os comerciantes, que reclamam perturbação da ordem pública e consequente afastamento dos consumidores.
Quanto a barraca de dona Eni, os vereadores alegaram injustiça social e arbitrariedade do poder público, argumentando que ela tem alvará, paga IPTU e está no local desde os anos 80, como sentenciou Coriolano. No mais, foi discutida a pauta da Câmara, como sempre recheada de indicações e moções de aplausos, sem projetos voltados em benefício da comunidade.
AINDA O CARNAVAL E OUTRAS PORCARIAS
Conversa descontraída de bar entre amigos adentramos nos nomes de ícones da música e da literatura baiana e brasileira das décadas de 50, 60 e 70 que se eternizaram com suas obras. No bate papo, concordamos que teríamos que esperar mais 100 anos, talvez um milênio, para repetir safra igual de bons frutos. Citamos uma enorme lista de papas das letras e dos sons.
Desastre total foi tentar comparar estas feras com os atuais dos carnavais degenerados e misturados do axé, do pagode, do arrocha e do sertanejo romântico. Concluímos que estes de hoje com suas músicas medíocres de exploração da sexualidade e do preconceito não servem nem para carregar as malas dos instrumentos das personagens daquele período de ouro.
É o mesmo que fazer um paralelo entre os jogadores de futebol da seleção de 1970 e os arranca toco pernas de pau da atualidade, com raras exceções, que mais serviriam na época como gandulas para repor a bola do jogo. Triste Bahia e Brasil de lamentável regressão na cultura e em outros setores das nossas vidas! Triste mídia que incensa e incentiva as porcarias e não questiona!
Sobre o carnaval, por exemplo, um leitor de um jornal da capital opina recordando os anos 50 e 60 das marchinhas de “Mulata Bossa Nova”, “Cabeleira do Zezé”, “Me dá um Dinheiro Aí”, “Piratas da Perna de Pau” e centenas de outras. Dos anos 80 e 90, ele aponta que a festa ainda apresentava conteúdo através de composições de Moraes Moreira, Caetano e de Gil, além das belas músicas de blocos, como Eva, do Jacu e dos Internacionais.
Pula para o tempo atual e classifica como de péssimo gosto as músicas tocadas no carnaval baiano, visando somente a baixaria e a exploração da sexualidade. Para o leitor, estas pseudos músicas podem ser ouvidas apenas no sanitário e levadas para o esgoto no puxar da descarga. Diria eu que nem na latrina elas se salvam.
A respeito da festa momesca, o advogado e compositor Walter Queiroz critica o gigantismo dos trios, “mastodontes sonoros que agridem nossos ouvidos, com músicas medíocres cultoras da baixa sensualidade e que acabam estimulando a violência, sobretudo contra as mulheres e homossexuais”.
NOTÍCIA DEFASADA DO AEROPORTO
A coluna “Tempo Presente” do jornal A TARDE, na sua edição do último dia 25 (domingo), deu uma notícia totalmente defasada, com atraso de quase dois anos, sobre a conclusão da pista de pouso, alguns acessos e do centro do Corpo de Bombeiros do novo aeroporto de Vitória da Conquista que se chamará de Glauber Rocha.
Um tremendo equívoco, dando a impressão ao leitor de que a obra está dentro do cronograma previsto, quando isto não é verdade. Diz a nota que o novo aeroporto “concluiu sua primeira etapa de obras, dentro do cronograma que prevê a conclusão ainda no primeiro semestre deste ano. Já estão prontos a pista de pouso e decolagem, a subestação elétrica, o balizamento noturno, os acesso viários internos e a seção contra incêndio”.
Ou o repórter se confundiu, ou quem passou a informação teve a intenção maldosa de fazer marketing político mentiroso. Na realidade, estes equipamentos foram finalizados há cerca de dois anos, sem o lançamento do edital do terminal de passageiros, que só saiu no ano passado, e cujos serviços estão lentos por falta de recursos federais e estaduais.
Para ser mais realista, a obra do novo aeroporto de Conquista se assemelha em tempo de duração com a primeira etapa do metrô de Salvador, o calça curta, que levou doze anos entre o início e o término, com superfaturamento. A nota da coluna do A Tarde dá a entender que a primeira etapa do aeroporto foi concluída recentemente, um grande erro.
Duvido que o aeroporto, como informa o secretário de Infraestrutura do Estado, Marcus Cavalcanti, seja inaugurado agora em junho, incluindo todos os equipamentos. Pode até ser, mas sem nenhuma condição de pouco e decolagem. Enquanto isso, o antigo aeroporto, mais parecido com um galpão, continua funcionando em precárias instalações. É uma vergonha para a cidade!
Por falar em matéria equivocada, o redator-chefe do jornal A Tarde e sua equipe precisam ter mais cuidado e atenção com certas notícias divulgadas, principalmente do interior. O seu corpo redacional também tem deixado escapar manchetes, títulos e textos truncados e trocados.
“AS TRÊS MORTES DE CHE GUEVARA” (I)
“(…) ELE NÃO FOI APENAS UM REVOLUCIONÁRIO, UM PENSADOR E UM INTELECTUAL, MAS O MAIS COMPLETO SER HUMANO DA NOSSA ÉPOCA” – Jean Paul Sartre
FOI EXCLUÍDO, ALIJADO, TRAÍDO E PARTIU EM BUSCA DA IMOLAÇÃO NO CONGO E NA BOLÍVIA.
Por discordar de Fidel Castro, seu companheiro-amigo-irmão mais fiel de luta, quanto a forma de ocupação dos soviéticos na Ilha, Ernesto Guevara de la Serna, o Che, que combateu bravamente em Sierra Maestra para derrubar o regime de Fulgêncio Batista, em 1959, teve que se afastar das decisões do comando do governo comunista, colocando a revolução acima de suas ideias.
Sua fuga desesperada, angustiada, improvisada e às pressas começou logo no final de 1964 quando passou três meses longe de Cuba em viagens pelo Egito, Tanzânia e Argélia, para combinar sua ação guerrilheira no Congo, num caótico ambiente de indisciplina e desorganização entre os soldados que se recusavam receber ordens.
Os russos, ressentidos por sua preferência pela presença da China em Cuba, continuaram em seus calcanhares, e o Che só pode continuar no Congo até meados de 1965. Tentou adiar seu retornou a Cuba ficando uns tempos na África e em Praga onde aproveitou para se refazer fisicamente dos desgastes sofrido no Congo. Estava muito debilitado na época.
Em solo cubano onde não mais lhe pertencia por sentir-se fora dos destinos do povo, não demorou muito e rumou, com pouca preparação, para as selvas bolivianas onde foi abandonado e esquecido por Fidel, sob pressão da União Soviética que não aceitava mais um trotskista em suas fileiras. Depois de ferido num acidente, foi impiedosamente executado pelo exército boliviano, em 8 de outubro de 1967.
Toda sua trajetória, desde sua viagem de motocicleta pela América do Sul e Central como recém-formado em medicina, seu relacionamento familiar, seu encontro com Fidel no México, sua ida para Cuba, seu auge como ministro e sua decadência são contados pelo jornalista e escritor Flávio Tavares, no livro “As Três Mortes de Che Guevara” – o disparo em Cuba, a agonia no Congo e a execução na Bolívia.
No seu livro, de atraente leitura, o jornalista fala também do seu primeiro encontro com o Che em 9 de agosto de 1961 em Punta del Este (Uruguai), na abertura da Conferência da OEA. Sobre sua vida, cita suas andanças de motocicleta com o amigo Alberto Granado pelo Chile, Bolívia, Colômbia, Venezuela, Guatemala e outros países até o México, em 1952. Da viagem, destaca os escritos e impressões do Che em “Diários de Motocicleta”.
A INVASÃO DOS ESTRANGEIROS
Carlos Albán González – jornalista
Especialistas em linguística vêm afirmando que o português falado no Brasil está destinado a morrer, diante das deturpações que o idioma herdado dos nossos descobridores são acolhidas nas redes sociais e em muitos meios de comunicação. O artigo “País sem cultura é país sem alma”, publicado neste espaço pelo meu colega Jeremias Macário, levou-me a acreditar que o brasileiro está sofrendo de uma doença que eu chamaria de estrangeirado, termo dado pelo “Aurélio” aos que têm “modos, fala, usos e costumes de estrangeiro, ou que prefere o que é estrangeiro”.
Antes de continuar a abordar esse tema, muito bem comentado por Jeremias, gostaria de ter o dom de prever se o estrangeirismo ou estrangeirado teria criado raízes se a Espanha tivesse marcado presença em terras brasileiras, antes da chegada de Pedro Álvares Cabral, em abril de 1500. Dois navegadores espanhóis, em janeiro e fevereiro de 1500, Vicente Yañez Pinzón e Diego de Lepe, com as bênçãos dos reis católicos Fernando e Isabel, percorreram mais de 120 quilômetros do litoral do Nordeste, navegando até a foz do rio Amazonas. Pinzón, que já havia comandado uma nau de Cristóvão Colombo na primeira viagem à América, chegou a fincar numa praia uma cruz de madeira com o brasão do Reino de Castilla.
Uma coisa é certa: na condição de morador de vasta extensão desse “condomínio” chamado América do Sul, o brasileiro sente dificuldade de “bater um papo” com seus vizinhos, por causa da diferença de idiomas.
O comércio varejista e o mercado imobiliário estão entre os principais “hospedeiros” do vírus do estrangeirado. Alguns vocábulos estrangeiros, pelo constante uso, já deveriam ter sido incluídos nos dicionários de português, os consultados pelos brasileiros. O mais popular deles é o “off” (fora), divulgado pelos lojistas dos ramos de calçados, vestuário, eletrônicos, e outros, sempre que promovem liquidações, prometendo descontos nos artigos oferecidos à clientela.
Na mesma linha de pontuação estão o “for rent” e “for sale”, usados por imobiliárias e locadoras de carros. Já constatei em jornais de grande circulação, nas páginas dos classificados, anúncios de imóveis, totalmente em inglês. Provavelmente, seus proprietários não desejam alugar seus apartamentos ou casas a patrícios, preferindo os gringos. Concurso e moda para gordinhas mudou para “plus size” (tamanho mais).
Ao entrar nos shoppings center das principais cidades do país você tem a impressão de que está num centro de compras de Nova Iorque ou Londres, diante dos nomes fantasia colocados nas portas das lojas. Para não ficar atônito sugiro levar um dicionário inglês-português, para poder traduzir, por exemplo, “shoes and bags” (sapatos e bolsas). Há casos interessantes, em que o comerciante junta palavras em duas línguas, como “drink água”, pintado na frente de uma revendedora de bebidas, aqui em Vitória da Conquista.
A última reforma ortográfica da língua portuguesa “ressuscitou” o “k”, “w” e “y”. Nesse retorno, derrubaram letras tradicionais, como o “q”, “v” e “i”. Palavras como o “disque” foram abreviadas para “disk”, que, em francês, significa “disque”.
Conselhos relacionados ao meio ambiente (“Conserve a Serra de Piripiri”), saúde, educação, trânsito, violência urbana e limpeza das cidades, deveriam estar estampados nas camisetas, bastante vendidas nos shoppings e no comércio popular. Essas blusas evelam, lamentavelmente, a preferência pelo estrangeirado, como “I love New York”. O comprador, muitas vezes, nem tem a preocupação de fazer a tradução, e sai pelas ruas exibindo frases como “Girls like girls” (Meninas gostam de meninas) ou “Normal people scare me” (Pessoas normais me assustam). A frase “Great rapers tonight” (Grandes estupradores noturnos), impressa numa camisa, repercutiu negativamente recentemente nas redes sociais, levando uma rede de lojas de confecções a suspender sua venda.

















