O VELHO E O TEMPO
De autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário
Sinto aquele aperto
De tristeza em meu peito,
Como rio seco em seu leito!
Angústia de arrebentar,
Quando você tomba ferido,
E ninguém aparece,
Para sua mão levantar.
É uma pontada doída,
Um alarido sofrido,
Sem vontade de amar,
Nem o velho e o tempo,
Que não dá pra sentir
O balanço do vento,
E as ondas do mar.
O velho e o tempo,
De derrotas e melancolias,
Vitórias e alegrias,
Amores que magoei:
Dizem que ele tem sabedoria,
O velho, ou o tempo?
O velho roga ao tempo,
Com lágrimas clementes,
Que apague as más recordações,
De tanta coisa que você estragou,
Mas o tempo vil carrasco,
Cruel inquisidor,
Impiedoso responde:
Está colhendo o que plantou.
O velho e o tempo:
Um procura curar sua dor,
O outro só lhe mostra
A flor que você machucou.











