As antigas civilizações, muito antes de Cristo (oito ou dez mil anos) cresceram e prosperaram às margens de grandes rios, como os sumérios entre os rios Tigre e Eufrates, o Egito e outros povos ao redor do Nilo, os gauleses ao lado do Sena e a própria China.

A história nos conta a preponderância da água na formação de grandes impérios e na construção de suas economias, inclusive contribuindo no desenvolvimento da cultura, dos inventos e até no domínio de outros territórios. Desde o início que a humanidade guerreia pela água, bem antes do petróleo e dos minerais.

Neste 22 de abril é comemorado o Dia Mundial da Água que, de tanto ser desperdiçada, hoje vive uma crise de escassez, e mais de um bilhão de habitantes no mundo a consome sem ser tratada, gerando doenças e mortes. A falta de água mata mais depressa que a de alimentos.

Antes de ser celebrada como vida, o ponto principal a se refletir é que o homem cada vez mais destrói e envenena nossos rios. O nosso planeta, por exemplo, poderia ser chamado de água. Estou aqui falando da água doce que é menos de 1% do que existe em comparação com os oceanos salgados.

Em se tratando de guerra pela água, essa disputada existe bem perto de nós, aqui na Bahia e na região sudoeste. Quando aqui cheguei para chefiar a Sucursal de A Tarde, umas das minhas primeiras reportagens foi justamente sobre uma briga que estava ocorrendo entre produtores irrigantes de Nossa Senhora do Livramento e Dom Basílio.

Eles se digladiavam pela água do rio Brumado, se não me engano, pois, um bloco estava recebendo mais que o outro. A coisa foi feia e tinha gente até armada na reunião que houve entre as partes. Esse entrevero está lá até hoje. Estou citando apenas um exemplo. Mas essa mesma situação acontece no oeste e entre os irrigantes do Rio São Francisco, tão maltratado.

Por falar no “Velho Chico”, é só rememorar as divergências (a penitência e o jejum do bispo de Barra) para que o projeto de transposição das águas do rio não fosse concretizado. Hoje ele está cheio e transbordando por causa das chuvas, mas o que será dele quando bater por aí uma longa estiagem, uma seca daquela bem intensa?

Por tudo isso é que a água é o bem mais precioso de todas as riquezas existentes na terra, mas as pessoas no geral, sem a devida educação, nem pensam nisso e desperdiçam esse líquido divino. Na Bahia, de acordo com dados levantados pelo Instituto Trata Brasil, quase 42% da água potável é jogada fora. Além disso, lixo e esgotos são lançados em nossos mares e rios. Esse recurso se encontra atualmente ameaçado, mas existem ações de preservação, que ainda são poucas.