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:: 25/mar/2022 . 22:30

OS PASTORES ALOPRADOS VENDILHÕES DOS TEMPLOS

Os fanáticos dominadores antigos, como os navegadores-descobridores portugueses e espanhóis dos séculos XV e XVI, em conluio com a Igreja Católica, tinham convicções de que, além da exploração das riquezas naturais, suas missões eram salvar almas pagãs, mesmo que fosse a ferro e fogo, como ocorreu com o tráfico negreiro durante cerca de 350 anos.

Para esses conquistadores, a escravidão era justificável porque estavam dando aos cativos a oportunidade de se elevarem a Deus e ganhar um lugar no reino celestial. Portanto, os castigos e as torturas eram merecidos. Era esse o pensamento predominante da maioria dos jesuítas e outras ordens, inclusive do famoso padre pregador Antônio Vieira.

Em pleno século XXI, nas mesmas terras brasis, temos hoje os pastores aloprados, ou seriam os vendilhões dos templos que, em nome do seu Deus e de Jesus Cristo, se lambuzam em postos de um governo fascista teocrático radical, para tirarem proveito próprio, misturando religião com promiscuidade. O pensar deles não difere muito do de antigamente, só que os métodos são diferentes, e acham que podem transformar o Estado num reduto evangélico.

Na ganância do poder e de se tornarem mais ricos, esses ditos representantes de Deus se infiltraram justamente no Ministério da Educação, cujo titular é um outro pastor, para com o dinheiro do povo, escravizar o nosso próprio povo brasileiro. Educação para eles é catequizar e evangelizar um rebanho inculto e ignorante, tanto que angariavam verbas até para comprar Bíblias.

Esses evangelizadores não passam de um bando de aloprados que ficaram deslumbrados quando as portas do governo do capitão-presidente se abriram para eles. Acham que assim estão contribuindo para arrebanhar mais fiéis para suas igrejas, crescendo seus poderios e tomando territórios, não importando os meios, se são imorais, estapafúrdios, aberrantes e indecentes. A diferença é que esses aloprados só pensam exclusivamente neles, acima do “salvar almas perdidas”.

Como disse em sua canção nosso cantador e poeta Raul Seixas, eles rezam a Deus, para agradar o diabo. Para liberar verbas aos prefeitos, eles pediam em troca quinze, quarenta mil reais e até um quilo de ouro, o equivalente a mais de trezentos mil. Seria o “ouro de tolo” de Raul Seixas, ou a corrida do ouro, como nos tempos do faroeste norte-americano, onde prevalecia a lei do mais forte?

Todos sabem que esse filme não é desconhecido. Sempre está se repetindo porque a palavra punição para esses crimes do colarinho branco foi banida da nossa Justiça. O enredo da recente película não passa de mais uma franquia dos governos passados, desde os tempos coloniais. Pior que a maior parte do público acha tudo normal, e outros nem estão aí.

O tráfico de influência é tão antigo quanto o Brasil, e os agentes só mudam de nomes, agora sob o comando de uma turma do evangelho que, em nome de Deus, tira do pobre para contemplar suas luxúrias. São os mesmos que jogam pedras nos terreiros de candomblé e discriminam homossexuais.

Esses falsos profetas de Cristo misturam o espiritual com o terreno e ministros de Deus com Ministério da Educação. Como eles se sentem pregando os ensinamentos de Cristo, de orai irmãos para não cairdes em tentação? Falam dos pecadores que vão arde no fogo do inferno. Rodam as sacolas em nome de satanás. O mais repugnante nisso tudo é que os “fiéis seguidores” aplaudem seus atos nefastos e nojentos.

O Brasil sempre foi uma “vaca leiteira”. Essa vaca só trocou de dono. Passou da mão da coroa portuguesa para as elites políticas, oligarquias empresariais, governos federal, estadual e municipal, chegando agora aos pastores evangélicos. Todos querem mamar em suas tetas. Ela sempre tem leite porque sãos as classes mais pobres que a alimenta todos os dias, com o suor de seus rostos.

Quando veio a Lava-Jato, muitos disseram que o Brasil iria ser passado a limpo. Que seria um marco divisor de águas da nossa história. Que corrupção jamais. Não acreditei nisso porque o próprio sistema, como ele foi montado, funciona como uma fonte inesgotável para saciar a sede de dinheiro e poder desses malfeitores malignos que nem pensam no futuro de seus filhos.

CURIOSIDADES DO TRÁFICO NEGREIRO (V)

O livro de Laurentino Gomes, “ESCRAVIDÃO” mostra curiosidades do tráfico negreiro, muitas das quais de horror, mas que precisam ser conhecidas por historiadores, estudantes e todos brasileiros sobre o que aconteceu nos quase 350 anos de escravidão no Brasil.

Em prosseguimento aos relatos do autor, vamos destacar alguns deles sobre os sofrimentos dos negros no cativeiro:

Conta o historiador Laurentino que existiam algumas leis de punição para quem torturasse ou matasse um escravo, sem motivos, mas elas não funcionavam.

O autor narra que, em 1737, por ter matado dois cativos e um negro alforriado, um dos quais foi deixado pendurado pelos testículos em um gancho de ferro até expirar, Pedro Pais Machado, senhor de engenho de Capanema, na Bahia, foi preso, porém, logo libertado.

Em meados do século XVIII, Garcia D´Ávila Pereira Aragão, herdeiro da Casa da Torre, uma das maiores propriedades rurais da colônia na época, e um dos homens mais ricos da Bahia, foi denunciado à Inquisição por uma série de atos de sadismo e extravagâncias físicas e sexuais contra suas escravas. Apesar das evidências, foi absolvido pelo tribunal.

De acordo com a classificação feita em 1938 pelo historiador Artur Ramos, havia três categorias de castigo de escravos no Brasil. A primeira era a dos instrumentos de captura (correntes e colares de ferro, algemas, machos e peias). A máscara de folha de flandres era usada para impedir o escravo de comer cana, rapadura ou engolir pepitas de pedras preciosas.

A segunda categoria eram as torturas. Uma das modalidades era o “anjinho”, instrumento de suplício de origem medieval. Torniquetes introduzidos nos dedos dos escravos produziam dores atrozes. A terceira eram as surras com palmatória e o bacalhau (chicote de cabo curto com cinco pontas de couro retorcido).

Para identificar escravos fugitivos, utilizavam-se marcas gravadas a ferro quente com a letra F, além do libambo, uma argola de ferro que era presa ao pescoço do cativo. Na prática, três instrumentos eram aplicados com mais regularidade, como o chicote, o tronco e os grilhões. A punição mais comum era o açoite nas costas ou nas nádegas.

Ora, o mais hilário é que no começo do século XVII, o jesuíta italiano Jorge Benci, que viveu 17 anos na Bahia, recomendava que as chibatadas não ultrapassassem o número de 40 por dia, para não machucar o escravo. “Trinta ou quarenta hoje, e outras tantas daqui a dois dias. Daqui a outros dois dias, outros tantos”.

Apesar dessas recomendações do jesuíta, ao invés de condenar qualquer tipo de castigo, narram viajantes que havia punições absurdas de 200, 300 e até 600 açoites. Essa quantidade deixava as costas do escravo em carne viva. O risco de morte por infecção e gangrena era alto. Para evitar isso, banhava-se o escravo com uma mistura de sal, vinagre ou pimenta malagueta.

Outros tipos de torturas incluíam enfiar tições de brasa incandescente na boca dos cativos, e a aplicação do lacre (cera derretida sobre as feridas). Por tudo isso, existia uma elevada taxa de suicídios.

Nos manuais dos jesuítas (eles próprios donos de milhares de escravos e indígenas) sobre a administração de escravos no Brasil, havia recomendações de natureza psicológicas sobre como aplicar as punições aos infratores.

O padre Manuel Ribeiro Rocha, por exemplo, aconselhava que houvesse um certo tempo entre a suposta falta e o castigo, para serenar os ânimos. Dizia que o castigo não deveria ser ministrado com cólera e furor, e sim, com brandura e caridade. Ele orientava o uso da palmatória, cipós e prisão. O Manuel recomendava ainda que os senhores não permitissem que os feitores dessem coices na barriga das mulheres grávidas.

Destaca o autor da obra que o cativeiro separava pais e filhos, maridos e mulheres, famílias e comunidades inteiras que, na África, tinham convivido e compartilhado os mesmos costumes e crenças por muitas gerações. “A escravidão não apenas divide; ela também une o que divide” – observou o sociólogo francês Roger Bastide, um dos grandes estudiosos da cultura africana no Brasil.

Segundo Laurentino, ainda durante a viagem, vínculos se formavam entre os próprios africanos. Os sofrimentos compartilhados forjavam amizades entre cativos de diferentes regiões, etnias e linhagens, algumas das quais eram até rivais entre si na África. Esses novos companheiros de travessia do oceano eram chamados de “malungos”, do quimbundo (Angola) correntes de ferro. Sempre existiam laços de solidariedade.





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