Como se não bastassem a destruição do meio ambiente, as dificuldades criadas para a não aquisição antecipada das vacinas contra a Covid-19 que já ceifou a vida de mais de 441 milhões de pessoas, a exclusão social das minorias, entre outros atos, como o isolamento do Brasil das outras nações, o capitão-presidente investe agora contra as universidades, com a intenção de acabar com o ensino superior, sucateando suas unidades.

Seu propósito, na verdade, é transformar as universidades num espaço exclusivo para cursos médios técnicos, limitando o conhecimento e o saber apenas para áreas especializadas demandadas pelo mercado empresarial. No seu ponto de vista, as universidades são covis de comunistas, drogados, esquerdistas, subversivos e pervertidos.

Em sua concepção, o slogan “Pátria Amada Brasil” é fazer dela pária para o mundo, porque isso é “bom” no dizer do brucutu do ex-ministro das Relações Exteriores. Gostaria de saber como essa pátria está sendo amada pelos seus filhos com mais de 30 milhões vivendo na miséria e passando fome? Como essa pátria está sendo amada vendo suas florestas sendo derrubadas e queimadas? Como essa pátria está sendo amada sem vacina para imunizar seus filhos?

As universidades estão ameaçadas de fechar suas portas com os cortes de milhões de reais em seus orçamentos, como é o caso da Universidade Federal da Bahia que foi atingida em cheio com a retirada de mais de 30 milhões de reais em relação à sua verba destinada no ano passado. De acordo com o reitor, se for levado em conta a inflação dos últimos anos, essa cifra pode significar uma perda de mais de 100 milhões.

Há poucos dias, a reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro e de outros estados denunciaram a mesma situação. Milhares de bolsas de estudos, ajudas financeiras a estudantes pobres, auxílios alimentação e outros programas foram bloqueados, sem contar os trabalhos de pesquisas que deixaram de ser realizados.

Como uma pátria pode ser amada sem investimentos em pesquisa, tecnologia, conhecimento e saber? O que será dela no futuro próximo? Um país que voltará a viver uma era primitiva? Um Brasil sem intelectuais, sem cientistas, sem pesquisadores, sem cabeças pensantes, um bando de fundamentalistas de extrema direita e de negacionistas da ciência? Na verdade, já estamos nesse caminho macabro.

Queremos uma pátria amada que seja respeitada lá fora, não apenas pelo seu crescimento econômico, pelo seu PIB, pela sua força militar, pelo seu tamanho territorial, pela sua história, mas, sobretudo, pelo seu valioso capital de conhecimento e saber, bem como um povo que preserve o meio ambiente e cuide bem do seu patrimônio cultural.

Os reitores das universidades lançam um forte apelo à toda sociedade para que se mobilize no sentido de que esse quadro de sucateamento seja revertido, e as instituições de ensino superior voltem a ser fonte de vida e alma para o desenvolvimento da pátria. Infelizmente, senhores reitores, a nossa sociedade está inerte, acomodada, egoísta, individualista e insensível.

O país está sendo aos poucos destruído e impera o silêncio dos bons, enquanto os destruidores não tiram férias e instigam contra a nossa nação. Não estamos respondendo à altura para barrar estas e outras barbaridades que já têm uma extensa folha corrida de crimes.

O cara e sua turma chamam os jornalistas de bundões, canalhas, comunistas, idiotas, imbecis, entre outros palavrões, e a classe não responde à altura, no mesmo tom. Está mais para uma categoria morta e passiva que aceita as bofetadas, dando o outro lado para bater.

Não são somente os jornalistas que estão sendo debochados e ridicularizados, mas outros segmentos e profissões. No entanto, as respostas e as reações têm sido tímidas, na base do ôba-ôba, da lengalenga. Não se tem levado a sério para o que vem acontecendo contra o nosso povo, contra a nossa nação e contra as nossas instituições.

Estão querendo acabar com o Congresso Nacional, com o Supremo Tribunal Federal, com a Amazônia, com os indígenas, com as universidades e, simplesmente, nos calamos e nos acovardamos. Como seremos uma pátria amada sem uma democracia, porque até isso eles querem tirar de nós? O que será das novas gerações? Estamos, no mínimo, sendo omissos.