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:: 15/maio/2021 . 0:13

JOSÉ DE ALENCAR-SUCESSO DE PÚBLICO (Final)

UM ESCRITOR MUITO CRITICADO E POLÊMICO

Como vimos na coluna anterior, além de advogado e escritor romancista, José de Alencar foi também político como deputado e ministro da Justiça. No Rio de Janeiro, como advogado a partir de 1851, Alencar foi convidado pelo seu colega Francisco Otaviano a colaborar no jornal “Correio Mercantil” onde escreveu sobre diversos assuntos numa coluna intitulada “Ao Correr da Pena”.

Como jornalista estreou com sucesso em 1854, tanto que no ano seguinte torna-se redator-chefe do “Diário do Rio de Janeiro” onde publica seus folhetins de fatos variados. Em 1856, o poeta Domingos Gonçalves de Magalhães, que oficialmente lançou o romantismo no Brasil”, com o livro “Suspiros Poéticos e Saudades”, publica o poema “A Confederação dos Tamoios”, sem o consentimento do Imperador D. Pedro II.

CONTRA E A FAVOR

No “Diário do Rio de Janeiro”, Alencar faz uma série de críticas ao poema de Gonçalves, fazendo com que várias pessoas se manifestassem contra e a favor. Um dos defensores foi o próprio imperador com quem Alencar travou vários conflitos. Em 1856, o advogado e jornalista escreve “Biografia do Marquês de Paraná”, “A Constituinte Perante a História” e seu primeiro romance “Cinco Minutos”.

No ano seguinte começa a publicar “A Viuvinha” e logo depois o famoso “ O Guarani” que primeiro apareceu em folhetim no “Diário” e depois virou livro. Foi um total sucesso lido por boa parte do Rio de Janeiro. Os leitores logo se comoveram com os amores entre Ceci e Peri, envolvidos com os perigos dos bugres selvagens.

Em São Paulo os estudantes e demais interessados pela literatura ficavam na expectativa de receber o “Diário do Rio” para ler em voz alta os folhetins de “O Guarani”. O sucesso da obra levou Alencar a experimentar a área teatral e escreve a opereta “Noite de São João” e mais duas comédias “Verso e Reverso” e “O Demônio Familiar”.

Em 1858 ele tenta o drama com a peça “As Asas de um Anjo”, que é proibida pela censura por ser considerada imoral por ter como heroína uma prostituta. Em 1860 estreia o drama “A Mãe”. Logo depois segue para o Ceará onde tenta a carreira política do pai que havia falecido.

Naquele estado nordestino, candidata-se a deputado pelo Partido Conservador e é eleito, deixando um pouco à sua atividade literária. Em 1861 estreia na tribuna como parlamentar e, em 62, escreve “Lucíola”, bem como o primeiro volume “As Minas de Prata”.

No ano de 1864 casa-se com Ana Cochrane da mesma família do Almirante que foi herói da luta pela independência. Nesse mesmo ano, sai a edição de “Diva” e, em três meses, redige os cinco últimos volumes de “As Minas de Prata”. No ano seguinte faz “Iracema”, seu segundo maior sucesso, e no final de 1865 começa a publicação de “Cartas de Erasmo ao Imperador”.

Aos 39 anos de idade, em 1868, Alencar torna-se ministro da Justiça. No mesmo ano o “Correio Mercantil” publica uma carta de Alencar apresentando Castro Alves a Machado de Assis. Em 1869 candidata-se ao Senado e é eleito em primeiro lugar. Deixa o Ministério e retorna à Câmara para fazer oposição ao imperador, que veta seu nome ao Senado.

Sobre os conflitos entre esses dois personagens, Taunay escreve que D. Pedro teria dito ao político e romancista para ele não se apresentar ao Senado por ainda ser moço. Alencar teria respondido: “Por esta razão, Vossa Majestade devia ter devolvido o ato que o declarou maior antes da idade legal”. O veto do imperador encerra a carreira política do escritor.

Com 41 anos ele já se considera velho, mas tenta retomar a literatura, tanto que em 1870 publica “A Pata da Gazela” e o “Gaúcho”, com o pseudônimo de Sênio. Sobre as fortes críticas que recebe redige “Advertência Indispensável Contra Enredeiros e Maldizentes”, incluída no primeiro volume de “Guerra dos Mascates”, uma sátira à personalidade do Império.

Em 1871 publica “O Tronco do Ipê” e, em 72, “Til e Sonhos d´Ouro”. Ele sofre pesadas críticas, mas continua a escrever, tanto que em 1873 nasce “Guerra dos Mascates e Alfarrábios” que reúne: “O Garatuja”, que se passa no Rio colonial, e o “Ermitão da Glória” e “Alma de Lázaro”. No mesmo ano estreia a peça “O Jesuíta” que foi um fracasso de público. Em “O Globo”, Alencar critica a indiferença do público que, segundo ele, tem desinteresse pelo texto nacional.

No mesmo jornal, Joaquim Nabuco faz uma série de artigos sobre a obra de Alencar, criando uma longa polêmica entre os dois. Em 1874 escreve “Ubirajara”, o segundo volume de “Guerra dos Mascates” e “Ao Correr da Pena”. No ano seguinte aparecem “Senhora” e “O Sertanejo”, últimos livros de sua vida até o seu falecimento, em 12 de dezembro de 1877, aos 48 anos, deixando um grande legado para a literatura, sobretudo “O Guarani” que se tornou ópera de autoria de Carlos Gomes, que percorreu meio mundo.





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