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:: 27/maio/2021 . 22:22

O SOBREVIVENTE DO LIXO

Além de contribuir para a preservação do meio ambiente através da reciclagem, quando a grande maioria dos brasileiros não tem essa consciência, ele é o sobrevivente do lixo para manter o seu sustento nesses terríveis tempos de pandemia. O trabalho é árduo e arriscado, mas todos os dias ele está nas ruas fazendo o seu catado de muitos materiais que são jogados fora em terrenos baldios, quando tudo poderia ser selecionado pela comunidade, se a Prefeitura Municipal desse o devido suporte de organizar a separação do lixo em cada bairro, com tuneis próprios, como existe nos países mais desenvolvidos. A insensibilidade humana é tão grande que ele se torna um invisível por onde passa, mas sua luta diária foi captada pelas lentes do jornalista e escritor Jeremias Macário. Muitos objetos jogados fora pelo consumismo exagerado ainda são utilizáveis e dão uns trocados ao solitário sobrevivente do lixo. Bem que mereceria mais atenção, mas a sociedade capitalista o tem como um número e, talvez, nem isso ele tenha. Como milhões de brasileiros, ele também está incluído no grupo dos que passam fome nesse país e depende de uma doação para alimentar sua família. Ele representa também a profunda desigualdade social, uma das maiores do mundo. Na verdade, ele é descartado como se fosse um lixo, e não como ser humano.

ELES AINDA RESISTEM

Poema inédito de autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário em homenagem às profissões em extinção

No campo agreste do Nordeste,

Ainda toureia o nosso vaqueiro,

E o carro atropelou nosso tropeiro.

 

Antigamente se dizia,

Meu alfaiate, meu sapateiro,

Não escuto o fole do ferreiro,

Malhando o ferro da ferradura,

Dos cavalos velozes das diligências,

Nas estradas reais de suas excelências.

 

Na rua não passa mais o amolador,

Nem o vendedor de quebra-queixo,

E o saveiro sumiu na fumaça da maresia,

Com o progresso e a tecnologia.

 

Eles ainda resistem,

Passando profissão de pai pra filho,

Na batida seca do feijão e do milho,

Ainda resistem à extinção,

Como a Arara, a Asa Branca e o Gavião.

 

Hoje é meu técnico de informática,

O meu médico, só o rico tem,

Como o advogado e o engenheiro,

Mas ainda tem a religião fanática.

 

Eles ainda resistem,

Como teias nos fios do algodão,

Da mulher rendeira a tecer sua lã,

Para proteger do frio seu clã.

 

Na esquina ainda tem o relojoeiro,

Mas ninguém quer mais ouvir,

A canção romântica do seresteiro,

Nem as raízes do som sertanejo,

Não tem mais o tocador de realejo,

Nem na praça o fotógrafo lambe-lambe,

E não se ama mais no primeiro beijo.

 





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