:: 14/mar/2025 . 23:59
DIA MUNICIPAL DA CULTURA
Poucos têm conhecimento, inclusive as instituições e a mídia em geral, que todo 14 de março do ano é o Dia Municipal da Cultura de Vitoria da Conquista, instituído pela lei número 1.367/2006, e assinada pelo então prefeito José Raimundo Fontes. Como está a nossa cultura, nada a comemorar.
A Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista, com base na lei, concede medalha de Mérito Glauber Rocha a homenageados indicados pelo Conselho Municipal de Cultura, em sessão solene marcada pela Mesa Diretora. Na ocasião, a data é comemorada pelos parlamentares, artistas e pela plenária. Nem isso está acontecendo na data.
Nas homenagens ao Dia Municipal da Cultura, é bom que se faça uma reflexão sobre o que é cultura, principalmente nesses tempos tão difíceis no âmbito municipal onde a nossa cultura não tem o lugar de destaque que merece pelo poder executivo. Estamos destruindo o que ainda resta. Outra indagação a ser feita é sobre como vai nossa cultura em Vitória da Conquista e o que se pode fazer para melhorar?
Nesta data, temos apenas uma certeza de que o setor está abandonado e somente um grupo de abnegados tem se mantido na linha de frente para ressuscitar a nossa cultura que praticamente foi sepultada. O que se tem feito ainda deixa muito a desejar, especialmente em relação a Vitória da Conquista, a terceira maior cidade da Bahia com quase 400 mil habitantes, que já foi celeiro de grandes artistas e pensadores. Existem grandes talentos, mas as nossas expressões artísticas não têm recebido o apoio merecido dos poderes públicos.
Os recursos têm sido escassos, e os governantes, infelizmente, colocam cultura apenas como um jarro de decoração em suas mesas. Talvez entendam que não rende voto e alocam poucas verbas para o setor. Os artistas em geral vivem a mendigar para realizar seus projetos.
Temos muita luta pela frente para que Conquista volte à sua efervescência cultural dos anos 50, 60 e 70. Gostaria de lembra aqui que o Conselho Municipal de Cultura anterior (2021/23) empreendeu uma grande luta no sentido de criar o Plano Municipal de Cultura e instituir a Fundação Cultural. Esse Plano iria ditar as diretrizes políticas para resgatar a nossa cultura. Mais uma vez, o projeto foi emperrado pelo poder executivo que não deu o suporte necessário para sua concretização.
Neste dia não temos muito a comemorar, só a lamentar, tendo em vista que há anos três equipamentos culturais – o Teatro Carlos Jheovah, o Cine Madrigal e a Casa Glauber Rocha – continuam fechados e sem data para serem reabertos. Com isso, os artistas conquistenses, abrangendo todas as linguagens, estão sem espaço para realizar seus ensaios e apresentações de seus trabalhos, prejudicando, sobretudo, o teatro, a literatura, a dança e a música.
DIA DA POESIA
O dia 14 de março é comemorativo ao nascimento do cineasta Glauber Rocha e lembra também o nascimento de poeta Castro Alves, há 177 anos. Por isso, o 14 de março é também o Dia da Poesia, uma linguagem que é fonte de vida, mas desprezada, especialmente pelos nossos jovens em geral.
Como todos sabem, Castro Alves dedicou suas poesias às questões sociais e foi um grande defensor da libertação dos escravos. Um abolicionista que abriu portas para outros intelectuais lutarem pelo fim da escravidão no Brasil.
MEU CHORO
De autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário
Travei minhas batalhas,
No amor e na guerra;
Cravei minhas patas nesta terra;
Usei parabelos e espadas;
Enfrentei gente nas navalhas,
Em meu terreiro,
Risquei meu facão;
Encarei o cangaço,
No fuzil e no punhal de aço;
Fui Conselheiro e Lampião.
Sou flor e espinho,
Que brotam deste chão,
Das artérias do meu coração.
Do meu moído choro,
Não saem lágrimas,
Moram em minhas entranhas,
Torradas como castanhas.
Meu choro vem lá do fundo,
Ora lamento e sentimento,
Que inunda todo meu mundo.
Meu choro sangra noite e dia.
Que nem o canto da cotovia,
Pode minha dor aliviar,
E ela já faz parte de mim,
Como início, meio e fim.
Choro pelos meus pecados,
Na procura do existencial,
Contra a injustiça social,
Como ferido animal,
Sapecado em seu meio ambiental,
E oro a Zeus e ao Senhor Deus,
Que nos afaste do mal,
Deste açoite global.
Eu choro, choro, choro,
Com fé e esperança,
No ritmo dessa dança,
Sensata e insana,
Para que a mente humana
Não seja tão desumana.
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OS TRÊS MAIORES CANCROS DO BRASIL
As elites financistas (banqueiros), os empresários do agronegócio e o Congresso Nacional são os três maiores cancros e sanguessugas do Brasil. Estas categorias juntas são as maiores culpadas pelo profundo índice de desigualdade humana e dominam todas as decisões do país, além de controlar nos bastidores os presidentes da República.
Estas classes egoístas agem como se fossem antigos coronéis e impedem que haja uma distribuição de renda entre os brasileiros porque elas só pensam em si mesmas, em cada vez mais se enriquecer e encher seus bolsos de dinheiro. Poucos ligam para o povo que é tratado como marionete ou joguete em suas mãos.
Infelizmente, estes cancros a que me refiro, simbolizam o atraso do Brasil desde os tempos coloniais. São eles, na verdade, os três maiores poderes que colocam e tiram governos quando bem entendem. Em nosso sistema presidencialista falso, o presidente apenas faz de conta que governa, e a população é usada como bucha de canhão.
Os financistas banqueiros batem o recorde na exploração monetária, com juros estratosféricos nos empréstimos pessoais, nos cartões de crédito, nos cheques especiais, para as pequenas empresas e outras tantas linhas. Tem um ditado que diz que banqueiro não tem coração, tem cofre.
Além desse lado maléfico, nos últimos anos essa turma massacrou os sindicatos e fechou diversas agências pelo país a fora, para reduzir custos, principalmente os bancos oficiais. Seus lucros trimestrais e anuais são exorbitantes para um país tão pobre e faminto.
Por falar em agências, por exemplo, aqui em Vitória da Conquista, uma cidade de cerca de 400 mil habitantes, só existem duas unidades do Banco do Brasil, uma no centro e outra na Avenida Olívia Flores. Os bancos em geral, tanto privados como públicos, demitiram milhares de empregados e sufocaram os clientes nas enormes filas como se fossem gado em currais, com uma péssima prestação de serviços.
Os banqueiros sempre navegaram em mar de calmaria e voaram em céu de brigadeiro. Eles tiram dos pobres para emprestar dinheiro subsidiado para os ricos, os quais desviam recursos para outras finalidades e depois não pagam suas dívidas ou são postergadas para 10 e 20 anos. Muitos deles, com seus advogados caros, são até anistiados.
Quando alguma instituição dessa entra em falência, como já ocorreram vários casos, aparece o governo federal para socorrê-la, sob o argumento de que pode quebrar todo mercado financeiro. A quem pertence o dinheiro do Tesouro Nacional? É claro que é do contribuinte, especialmente do trabalhador que mais paga imposto neste país, com suor e lágrimas.
Outro cancro que não quer ver o pobre melhorar de vida é o grande agronegócio do campo, sobretudo o de grãos e o da pecuária bovina. Além de muitos desmatarem nossas florestas, estes empresários só produzem visando o mercado externo, para ganhar em dólar. A colheita de grãos vai ser a maior da história, com mais de 300 milhões de toneladas, mas os preços de suas commodities e seus derivados estão nas alturas. Não é um paradoxo?
É uma tremenda mentira, uma fake news, quando eles abrem a boca e afirmam que são responsáveis por colocar a comida na mesa dos brasileiros. Quem nos alimenta, na realidade, é a agricultura familiar que recebe pouca ajuda financeira e assistência técnica do governo federal.
Os fatos não mentem. Basta citarmos o encarecimento da carne e do café para o consumidor. Os cafeicultores e pecuaristas ditam seus preços de acordo com a cotação do mercado externo. Com o mesmo preço, comparado com o exterior, eles mandam o produto de qualidade para outros países e vendem o ordinário para nós.
Aqui mesmo em Vitória da Conquista temos um caso absurdo e aberrante. A Cooperativa Mista Agropecuária-Coopmac, composta de produtores que sempre choram de barriga cheia, só realiza a exposição se entrar grana dos governos municipal, estadual e federal. Para fazer a média, abre os portões ao público, e esta mídia burguesa ainda propala que a entrada é grátis. Outra deslavada mentira. São milhões que esse pessoal ganha em leilões e negócios.
Foi só o governo decretar isenção de impostos para determinados alimentos que eles entraram em cena para protestar, com a cobertura da grande imprensa, que é outro cancro. Disseram que o governo tem que robustecer mais o setor para eles produzirem mais, ou seja, querem mais verbas subsidiadas.
O Congresso Nacional, um dos mais caros do mundo, apenas atrás dos Estados Unidos, com sua grande maioria de conservadores e gente que trata a coisa pública como privada, rouba, corrompe e desvia recursos, é composto em suas bancadas justamente pelo agronegócio, banqueiros e evangélicos. Não existe uma bancada do povo. Alardeiam cinicamente que nos representa. É outra grande mentira do faz de conta. Deputados e senadores legislam de costas para a população. Tem emendas parlamentares ocultas para seus amigos ocultos.
Não passamos de plebeus escravizados metidos a bestas, achando que o poder está sob o nosso domínio. Nem estou aqui falando de assembleias estaduais e câmaras municipais. São eles que provocam as intrigas mais sórdidas para que uns odeiem os outros e sejam intolerantes entre si.
O pior de tudo é que entramos nessa como inocentes úteis, peças dessa engrenagem, para o fortalecimento, cada vez maior, de seus grupos. Não passamos de sacos de pancadas num corredor polonês. Sabemos muito bem que é este arcaico e carcomido Congresso Nacional quem governa o Brasil, ditando suas regras e suas normas.
Podia falar aqui do poder judiciário, mas estou me situando nesses três maiores cancros que impedem o Brasil de fazer parte do rol dos desenvolvidos. Adianta alguma coisa sermos a oitava ou sétima economia do mundo e carregarmos nas costas a pecha de uma das nações mais desigual do planeta?
Um país não se mede apenas pelo seu PIB (Produto Interno Bruto), mas pela sua aproximação igualitária. Haja espaço para escrevermos e descrevermos sobre estes três cancros ou furúnculos dos quais padecem nossos doentes pacientes. Daria um livro, desde sua formação histórica até os dias atuais.
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