junho 2024
D S T Q Q S S
 1
2345678
9101112131415
16171819202122
23242526272829
30  

:: 17/jun/2024 . 23:36

SARAU DEBATEU ÁRABES E JUDEUS NA PENÍNSULA IBÉRICA SÉCULO VIII AO XV

A ESCRAVIDÃO BRANCA OU CRISTÃ PELOS MUÇULMANOS TAMBÉM FOI UM TEMA EM DISCUSSÃO.

Mais uma vez, o Sarau A Estrada, que já recebeu o Troféu Glauber Rocha de Cultura e está completando 14 anos de existência, deu uma demonstração de força cultural e de resistência com a participação de intelectuais, professores, artistas, jovens estudantes e outras pessoas interessadas na troca do conhecimento e do saber.

Foi uma noite encantada na expressão das pessoas (mais de 30) que vieram ao nosso encontro no último sábado (dia 15/06/24), no Espaço Cultural A Estrada, quando foi discutido o tema “Árabes e Judeus na Península Ibérica no Século VIII ao Século XV e ainda sobre a “Escravidão Branca ou Cristã” que ocorreu no século XVI ao final do século XVIII na região da Berbéria (Tripoli, Tunísia e Argel”.

Árabes, Judeus e Escravidão Branca

Os trabalhos foram abertos pelo professor Itamar Aguiar que falou da importância do tema e das influências árabe e judaica que chegaram até o nosso país com a conquista de Portugal. Tratou da questão dos judeus trazidos por Portugal que chegando aqui eram obrigados a se tornarem cristãos, principalmente na época da inquisição.

Fernando fez uma profunda pesquisa dividida em diversos períodos, como o romano, visigótico, os judeus em Al-Andaluz, os judeus nos reinos cristãos, os árabes na Espanha, relação com os reinos cristãos, a economia e a cultura, o legado linguístico e toponímia – nomes de lugares.

“Para o que aqui nos interessa usaremos o fio do começo com algumas considerações dos passos da conquista romana que sustentaram a questão dos judeus em séculos antes de Cristo e adentraremos aos séc. V e VII d.C com os visigodos e a escravidão dos judeus, chegando ao sec.  XV com a expulsão dos judeus não convertidos, em decreto assinado pelos reis Católicos, surgindo assim o grande movimento migratório de judeus, o dos sefarditas judeus provenientes de Sefarad, Espanha” – afirmou o palestrante em sua exposição.

Logo depois ele fez uma descrição sobre os árabes na Península Ibérica, destacando que a dominação islâmica não teve a mesma duração, nem as mesmas repercussões, em todas as zonas peninsulares entre Portugal e Espanha.

“Durante 781 anos, a Espanha medieval foi governada, total ou parcialmente por muçulmanos que presidiram uma extraordinária experiência cultural. A chave para entender o Al-Ándalus está em sua estrutura social não ortodoxa e em sua localização política entre dois mundos: oriental e ocidental”.

O jornalista e escritor Jeremias Macário falou sobre a Escravidão Branca que ocorreu na região da Berbéria (Tripoli, Tunísia e Argel), no período do século XVI ao final do século XVIII. Seu trabalho foi baseado no livro “Escravos Cristão, Senhores Muçulmanos”, do autor Robert. C, Davis, historiador e professor da Ohio State University, Phd em história do Mediterrâneo e da Itália.

Assinalou que essa escravidão foi um tipo de revanchismo dos muçulmanos às Cruzadas entre os séculos XI e XII. Eram corsários e piratas que aprisionavam os brancos ou cristãos em navios e nas regiões litorâneas da França, Portugal, Espanha e, principalmente, na Itália e depois pediam resgates ou levavam esses escravos para os banhos públicos (locais de prisões) que depois eram submetidos a trabalhos forçados.

O assunto é inesgotável, mas os nossos palestrantes Fernando Michelena, o professor Itamar Aguiar e o jornalista e escritor Jeremias Macário conseguiram fazer uma síntese histórica sobre o assunto, tão importante que deixaram legados e muitas de suas influências culturais para o nosso povo brasileiro desde a colonização portuguesa. Logo depois, os debates foram calorosos e valorosos, como do português Luis Altério, da historiadora Lídia, do professor Rubens Mascarenhas e tantos outros.

Cantorias, causos e poesias

Como sempre, após as palestras, o espaço foi aberto a declamações de poemas autorais, cantorias de viola por conta do nosso amigo Vanberto que nos abrilhantou com seu show, contos de causos, estórias populares e troca de ideias que vararam a madrugada. Num clima de interação cordial e fraternal entre amigos e amigas, tudo isso foi acompanhado de bebidas e comidas (cerveja, licor, vinho e uma cachacinha), com destaque para a saborosa dobradinha feita pela nossa anfitriã Vandilza Gonçalves, muito elogiada pela sua dedicação e gentileza.

Numa decoração totalmente junina, lembrando nossas tradições nordestinas, também de autoria de Vandilza, foi mais um sarau que marcou os corações dos participantes interessados por manter a nossa cultura e a nossa memória vivas. Tudo isso ficou registrado nos depoimentos das pessoas que fizeram parte do evento.

“Esses encontros lindos nos é de uma profundeza sem tamanho. O aconchego em que somos recebidos e acolhidos, então… Essa delicadeza e a voz que nos é permitida emanar e escutar (bater papo) atravessam o pensamento nos emergindo em um caldo de diferentes culturas. A cada encontro há uma energia boa. Assim também aos queridos amigos estradeiros que não puderam ir, fizeram muita falta. Contudo, todos foram lembrados nos nomes colocados nas bandeirinhas”- conforme impressão da nossa poetisa Maria Regina.

O nosso frequentador Dal Farias disse que a intervenção de Fernando, Itamar e Jeremias foi de uma contribuição primordial para nosso entendimento e compreensão do tema abordado, trazendo para todos a questão que foi a epopeia árabe para conquistar o ocidente, principalmente a península ibérica. Gostei das intervenções de Rubens e Luis Altério. Foi uma compilação dos meus estudos do velho mundo.

De acordo ainda com Dal, o que mais me encanta no sarau é o desprendimento. É surpreendente quando encontramos, não somente os intelectuais, mas também a fartura, a forma chique, mesmo que rústica, do bom receber e do compartilhamento. Vamos valorizar o Sarau Cultural A Estrada porque somos gratos por este espaço.

Cleu Flor também fez seus agradecimentos e apreciações, bem como Luis Altério, Itamar Aguiar, o nosso fotógrafo José Silva e seu filho Denis, o contador de causos Jhesus, Armando e sua esposa Rose, Humberto e Rose, Liu Telles, quando afirmou termos voltado ao tempo em que as pessoas batiam papo uns com os outros. Todos (mais de 30 presentes) expressaram seu grau de contentamento por mais uma noite cultural.

Segundo o palestrante Fernando, o querer unir a todos os que como eu, agradecemos por ter desfrutado de uma noite deliciosa onde respiramos cultura, tolerância, alegria e camaradagem. Obrigado a todos pela agradável companhia e pelo acolhimento dos anfitriões.





WebtivaHOSTING // webtiva.com . Webdesign da Bahia