:: 10/jun/2024 . 23:17
“CRISE CLIMÁTICA E SEUS IMPACTOS NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA DA CONQUISTA”
A canalização subterrânea do rio Verruga que nasce no Poço Escuro e atravessa a cidade, a liberação de condomínios em suas margens e nascentes, entre outras agressões ao meio ambiente, poderão no futuro próximo provocar grandes enchentes e estragos materiais e humanos em vitória da Conquista.
A advertência é do professor Altemar Amaral Rocha, doutor em Geografia pela Universidade de Barcelona e pesquisador da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), em palestra feita ontem à noite (10/06), na Câmara de Vereadores, promovida pelo partido Rede, que compõe a Federação junto ao PSOL.
Com o tema “Crise Climática e seus Impactos no Município de Vitória da Conquista”, os trabalhos foram abertos pelo presidente da Rede, professor José Itamário, quando, na ocasião, lembrou das tragédias ocorridas pelas chuvas no estado do Rio Grande do Sul onde as tempestades e enxurradas ceifaram a vida de mais de 200 pessoas e provocaram prejuízos incalculáveis na economia local.
Em sua palestra, o pesquisador da Uesb fez um relato histórico da fundação do Arraial de Nossa Senhora das Vitórias até se tornar em Vila Imperial pelo fundador João Gonçalves da Costa, quando aqui chegou no meado do século XVIII, desbravou o Sertão da Ressaca e abriu várias estradas para o sul e para o norte de forma predatória, inclusive exterminando os índios descentes dos Pataxós (Mangoiós e Imborés).
Com relação aos tempos mais atuais, fez duras críticas ao relaxamento dos governantes municipais quanto à liberação de projetos imobiliários próximos às margens do rio Verruga, especificamente na parte leste da cidade, alertando para o acontecimento de desastres se Conquista receber pesadas chuvas num volume de 100 milímetros,
De acordo com ele, na situação de 50 milímetros ou mais, já está ocorrendo alagamentos e fortes enxurradas, principalmente nas ruas São Geraldo, Ascendino Melo e na Praça Victor Brito onde as águas caem no canal do rio Verruga até as imediações do Gancho em direção a Itambé.
A partir dali, até as imediações da Uesb, a prefeitura, transgredindo o código ambiental, concedeu autorização para construção de condomínios às margens do rio que no futuro podem ser inundados e causar vários estragos no futuro – ressaltou o professor.
Sobre o aterramento de nascentes em outras partes da cidade, justamente nas encostas da Serra do Periperi e adjacências, afirmou que essas mudanças climáticas vão afetar mais os pobres, constituídos por cerca de dois terços da nossa população de mais de 300 mil habitantes.
Altemar citou também os constantes alagamentos que já vêm acontecendo no Bairro Lagoa das Flores em decorrência de agressões cometidas à nascente do rio Catolé. Sobre todo esse cenário, nada animador, disse que vem empreendendo pesquisas há 30 anos e observando o desrespeito às leis contra o meio ambiente.
A depredação da Serra do Periperi, desde a abertura da Rio-Bahia (BR-116), na década de 1960, quando se deu a exploração predatória de pedras e areias para obras de construção civil, durante mais de 30 anos, foi outro ponto questionado. Quando chove, todo material restante da Serra desce dos bairros mais altos e provoca sérios estragos nas ruas da cidade.
Durante o vento, que contou com as presenças de membros do PSOL e de outros partidos, vários pronunciamentos condenaram a atual gestão da prefeita Sheila Lemos, dizendo ser um governo corrupto e que vem passando por cima da legislação ambiental, colocando a cidade em risco.
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