O capitão presidente disse certa vez em seu “cercadinho de seguidores” que a Lava-Jato havia acabado porque em seu governo não existia mais corrupção. Como tantas de suas bravatas, essa soou como mais uma piada, a começar pelas rachadinhas dele e de seus filhos.

No Ministério da Educação apareceram os pastores vendilhões da pátria pedindo dinheiro e quilos de ouro para liberar projetos dos prefeitos. Antes disso, as forças armadas, tidas como de conduta ilibada, abriram suas portas para compras superfaturadas as mais diversas, como bacalhau, filé mignon e outros produtos de luxo. Enquanto isso, milhões passam fome.

Como se não bastasse tudo isso, agora estourou mais um escândalo por deveras inusitado que foi a compra de 35 mil comprimidos de viagra com sobrepreço. Isso deu vazão a uma enxurrada de memes, como de que o medicamento, recomendado para casos de impotência sexual, seria para levantar a moral dos soldados.

Outros casos vêm sendo denunciados, como a concessão de verbas para reforma e construção de igrejas evangélicas na Amazônia, dentre outros absurdos nunca visto em sua história. Essa reputação de seriedade das forças armas (exército, marinha e aeronáutica) com a coisa pública caiu por terra nesse governo que se blindou com os generais.

Antes do capitão, que se cercou dos generais de pijama para atentar contra a democracia e pedir intervenção militar, algumas pesquisas apontavam as forças armadas como uma das instituições do país mais bem conceituada. Depois de tantas atrapalhadas, como a do viagra, temos certeza que essa visão dos brasileiros deixou de existir.

Diante de tanto descalabro, muito generais, talvez a grande maioria, não estão nada satisfeitos e não concordam com o que está acontecendo, pois tudo isso mancha a corporação que já vem de uma passagem tenebrosa durante a ditadura civil-militar de 1964.

Os militares, nem todos, se incorporaram a esse governo para arrancar privilégios e mordomias, se nivelando às mazelas do Congresso Nacional e a políticos contumazes da corrupção. Por vaidade, status e dinheiro aceitaram cargos num governo que tem como sua maior marca a destruição da pátria, a começar pelo meio ambiente e extinção por completo do povo indígena.

O que eles estão fazendo é de estarrecer, e os quarteis deveriam ou devem estar envergonhados com tudo isso, pois eles, os generais, estão no lugar de dar o bom exemplo e cumprir com suas funções determinadas pela Constituição Federal, e não enlamear suas fardas como vem ocorrendo. Um dia, a história vai condenar todos eles por prevaricação.