Como se não bastassem a destruição do meio-ambiente através da porteira aberta para passar a boiada e da cultura que virou coisa de comunista, a educação está sendo bombardeada pela pasta do próprio Ministério que dela deveria zelar.  Basta ao aluno ser uma peça manipulável pelo capital para ter sua vaga assegurada. Nada de pensar.

Como na época da ditadura civil-militar de 1964, está sendo banido o ensino de filosofia e sociologia para se criar a escola exclusivamente voltada para atender o mercado empresarial. O negócio é só aprender apertar o parafuso e girar a roda. Não precisa saber de suas origens e seus inventores. Sirva-se apenas como engrenagem do sistema, e nada mais.

A onda de intolerância, ódio e negacionismo chegou às salas de aula de todo país com denúncias de abusos. Recentemente, em Salvador, uma professora do colégio Vitória Régia foi vítima de racismo, e outra do Thales de Azevedo foi acusada para a polícia sob alegação de que estava agindo de forma doutrinária. Elas estavam simplesmente abordando temas de gênero, preconceito, assédio e diversidade, assuntos aprovados pela Secretaria Estadual de Educação.

O ensino formal no Brasil é regido por leis, como a de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, de 1996). Diz que a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisas, nos movimentos sociais, organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

A lei garante ao aluno a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte, o saber e o pluralismo de ideias. Os debates em aula não podem ser tratados como doutrinação política porque estão amparados pela Lei Federal, a qual protege os direitos dos estudantes e também resguarda a valorização do educador.

Comportamentos de alunos e pais dessa natureza, como ocorreu em Salvador, infelizmente, contam como o amparo do capitão-presidente que dissemina ódio e preconceito. Cabe à sociedade, coisa que não vem fazendo, combater qualquer tipo de discriminação e lutar pela liberdade e igualdade.

Antes da prova do Enem, 33 funcionários do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) – não sei como ainda não defenestraram o nome do grande educador baiano – pediram exoneração de seus cargos porque estavam sofrendo assédio moral e pressionados para que determinados temas fossem excluídos das provas.

O MEC, comandado hoje pelo pastor, determinou que os alunos fossem filmados durante o hino nacional. Nesses tempos de pandemia – doença infecciosa (a Covid-19) que se espalha pela população do planeta, a educação está também sofrendo do mesmo problema, não que atinja diretamente à saúde, mas a área social como um todo.

Nos três últimos anos, os três ministros que ocuparam a pasta, incluindo o atual, só falaram barbaridades, como a de que as universidades devem ser reservadas para uma elite intelectual, que não é a mesma econômica do país. No obscurantismo deles, a universidade deve ser para poucos.

O maluco do Abraham Weintraub fez duros ataques ideológicos ao educador Paulo Freire. Declarou ainda que as universidades possuem laboratórios de drogas sintéticas, de metanfetamina e plantações de maconha.  Há três anos que a educação vem sendo bombardeada por todos os lados, com o aval do capitão-presidente.

Dados de instituições internacionais do setor mostram que em 1980 o percentual de brasileiros com ensino superior era de 2,79%, contra 3,36% do México e 4,76% da Coréia do Sul. Em 2010, apenas 5,63% dos brasileiros tinham ensino superior. No mesmo período da pesquisa, o México passou para 9,81% e a Coréia para 30%.

O poder da educação para o crescimento econômico e social da população é indiscutível, como está comprovado nos índices dos países desenvolvidos. A educação no Brasil é como um velho reboco de um casebre caindo aos pedaços. É uma pandemia que já dura muitos anos, com variantes mais contagiosas nos últimos três. Existe vacina para curar esta doença maligna, mas ela é renegada pelos negacionistas do fascismo.