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:: 23/nov/2021 . 23:21

A EVOLUÇÃO DO EXTREMISMO DE DIREITA E A VOLTA DAS TREVAS

Talvez os espíritas e as religiões afros, mais que os historiadores e cientistas, possam dar uma explicação mais plausível sobre o que vem ocorrendo com a volta avassaladora das ideologias extremistas e negacionistas no planeta terra, inclusive em nações mais desenvolvidas que sempre defenderam a liberdade e a democracia, consideradas mais avançadas em termos civilizatórios.

É um fenômeno inexplicável essa volta às trevas e ao obscurantismo como numa repetição maldita da história. Alguns intelectuais da África, como Soyinka, na passagem entre o colonialismo e o pós-independência de países do continente, falam muito dos males ancestrais que se arrastam para o presente. É o passado replicando o presente. É a Idade Média se incorporando em pleno século XXI.

Na Europa, nas Américas e outros continentes, as ideias fascistas, nazistas, de supremacia da raça, do preconceito, da discriminação e retrógradas negacionistas da ciência estão retornando com força através das eleições de líderes de extrema. Esse quadro se tornou mais visível nesse período pandêmico da Covid-19 onde milhões se recusam a vacinar como forma de negar a ciência.

Entre as democracias em retrocesso, Brasil e Estados Unidos estão na lista do relatório anual da Organização Internacional IDEA, com sede em Estocolmo. Os principais motivos são do presidente-capitão e do ex-Donald Trump. Mais de um quarto da população mundial estão nesse rol. Seriam cerca de 70% se forem somados os regimes autoritários, ou com tendência à degradação. Desde 2016 a lista já incluía Índia, Filipinas, Polônia, Hungria e agora, a Eslovênia.

Voltamos ao tempo das inquisições do pensamento, faltando apenas montar as fogueiras, como está acontecendo, particularmente em nosso Brasil de hoje. Confesso que tenho ficado chocado e angustiado com fatos absurdos, como o mais recente de uma professora de filosofia, em Salvador, que foi vítima de um processo numa delegacia só porque estava cumprindo seu dever de lecionar sua matéria, sem intenção de inocular ideologia em seus alunos. Ela falava sobre a Semana da Consciência Negra e foi denunciada como esquerdista, comunista e macumbeira. Isso remete à ditadura civil-militar no seu pior momento do AI-5.

A cada dia cresce mais e mais o fundamentalismo evangélico, com intolerância religiosa e ódio homofóbico. Aumentam a violência contra a mulher, o feminicídio e o racismo ao negro, com brutal agressão. A polícia executa os cidadãos, e o capitão-presidente incentiva cada vez mais o uso de armas. Foi aberta a porteira para a boiada da destruição das nossas florestas. O meio ambiente padece.

A impressão que temos é que está havendo um surto de raiva sem precedentes na história da humanidade, com a redes sociais repletas de imbecis incultos e estúpidos soltando espumas venenosas pela boca. Não existem debates de ideias e argumentos. Só sobraram os xingamentos extremistas, tanto de um lado, como do outro, num país dividido com milhões passando fome na extrema pobreza.

Por outro lado, o planeta está pegando fogo com o aquecimento global, que não tem mais volta. A terra vai se acabar. Os caras na reunião do clima passam dias se estapeando sobre redução dos índices de dióxido de carbono e metano. Assinam documentos e depois não cumprem o dever de casa quando retornam aos seus países de origem.

Cada um só quer elevar o seu Produto Interno Bruto (não importa o tipo de combustíveis queimados), incentivar o consumo das famílias, ostentar seus luxos e gastar cada vez mais. Os mais ricos trocam de carro, de celulares e outros aparelhos todos os anos. O lixo é cada vez mais crescente. É uma tremenda contradição porque a conta a favor do meio ambiente nunca bate. A própria mídia que denuncia e condena a destruição, é a mesma que estimula o crescimento. Ninguém quer reduzir o consumo, a não ser os pobres que já fazem isso obrigatoriamente.

NOSSO JUMENTO ESTÁ EM EXTINÇÃO

Vejo os ambientalistas e as associação dos animais defendendo os cães, gatos, baleias, tartarugas e bichinhos do lar, mas quase nada se fala do nosso jumento, símbolo do Nordeste e servidor do homem do campo por séculos, que está sendo, impiedosamente, extinto, com o aval das autoridades governamentais.

Pelo interior a fora, ele é comprado por até 10 reais e sua carne e o couro exportados por até três mil reais para os chineses. Ele, o jegue, um personagem do Novo Testamento, que tanto ajudou o agricultor por séculos foi substituído pelas motocicletas e agora está sendo maltratado em currais e morto pelos frigoríficos.

O quadro dessa situação foi exposto pela Assembleia Legislativa da Bahia e noticiado na coluna do meu amigo Levi Vasconcelos no jornal A Tarde. O assunto foi discutido em sessão da Comissão do Meio Ambiente, presidida pelo deputado José de Arimatéia, defensor da causa animal.

De acordo com dados apurados, entre 2010 a 2014 foram abatidos mil jumentos na Bahia. Entre 2015 a 2019, o número subiu para 91.145, um crescimento de mais de oito mil por cento. O extermínio está próximo. Está sendo raro encontrar um jumento no sertão, resistente à seca.

A Comissão da Assembleia denunciou que não existe qualquer tipo de fiscalização por parte dos órgãos governamentais, nem mesmo as fazendas de reprodução. Na Bahia, os exterminadores para mandar carne e coura para a China são os frigoríficos de Amargosa, Jacobina, Simões Filho e Itapetinga, por um punhado de empregos.

Há pouco tempo, houve denúncias graves de maltratos desses animais em currais dos citados frigoríficos morrendo de fome e sede, mas, de lá para cá não mais se falou nisso. Enquanto isso, o jumento, um animal dócil, cantado em versos pelo nosso cancioneiro rei do Baião, Luiz Gonzaga, vai sendo exterminado pela ganância do lucro dos donos de frigoríficos.





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