Cada sindicato, associação, organização, partido e entidade leva sua bandeira, ou carrega sua faixa e cartaz de dizeres nas manifestações contra o “fora Bozó”, mas não se vê a presença da bandeira brasileira, o que significa uma grade falha. Afinal de contas, a esquerda ou a oposição têm que colocar a pátria acima de tudo, não esse patriotismo hipócrita e mentiroso que está destruindo nosso país.

Um companheiro que estava comigo no movimento de sábado (antigamente a gente chamava de passeata), em Vitória da Conquista, me chamou a atenção desse detalhe: “Não estou vendo nenhuma bandeira do Brasil”. Pior que também cometemos o mesmo erro que abre brecha para os “bozoristas” negacionistas atacarem que vão varrer das ruas o vermelho.

Bandeira nenhuma está acima da nacional, e é dever da oposição, seja qual for nesse momento, preencher essa lacuna nas manifestações. Acima de qualquer palavra de ordem para afastar de nós essa cruz e essa psicopatia que estão acabando com o meio ambiente, que é contra a vida e pratica atos genocidas, está a defesa do Brasil, e a bandeira é o seu símbolo maior.

Bem, aqui em Conquista, o movimento que partiu do espaço Glauber Rocha em direção ao centro foi que maior que o anterior do Sete de Setembro, em torno de três mil pessoas, mas ainda carece de maior organização, se bem ser isso hoje mais difícil porque é programado através das redes sociais.

A tecnologia facilita o chamamento das pessoas, mas peca na questão do planejamento por meio das lideranças. Antigamente os representantes dos estudantes, dos trabalhadores, dos camponeses, associações e outras entidades se reuniam em um local e montavam uma estratégia antecipada com roteiros, planos possíveis de serem substituídos a depender das ocorrências e uma boa segurança para não ocorrer imprevistos. Existia até a ordem das falas e quem estaria habilitado a se pronunciar.

Hoje é tudo na base das redes e sempre acontecem as improvisações. No entanto, o que conta mesmo é o propósito político e a filosofia do movimento. No momento caótico em que o país atravessa, não deve haver espaços para vaidades políticas e quem vamos apoiar nas próximas eleições. O objetivo principal e o foco agora é livrar o país desse mal horrível que caiu sobre nossas cabeças.

É mais que necessário que haja tolerância entre as partes, seja esquerda, centro, moderado ou direita na rejeição ao presente. O que se percebe nas ruas é que o povo não quer mais o passado, nem esse presente de malefícios. O maior medo é que se cometa os mesmos erros de 2018, e aí vamos ter que viver mais quatro anos de inferno astral, ou de Dantes.

Queremos destruir mais ainda do que já foi destruído? Descer mais ao fundo do poço? Fala-se muito nas manifestações da inflação, do desemprego, dos baixos investimentos em educação, pesquisa e saúde, heranças de governos passados, mas tudo isso junto ao retrocesso, ao negacionismo da ciência, à destruição da natureza, aos atos de barbaridades de um governo que isola o Brasil no cenário internacional nos envergonha e aniquila nossa existência.

Mesmo que a economia venha a mostrar sinais positivos de crescimento, que haja redução do desemprego e a inflação seja controlada, não podemos nos aquietar, nos conformar e esquecer dos outros grandes males que o capitão-presidente vem cometendo, como os atentados contra a democracia, a liberdade de expressão e a família brasileira, os quais cinicamente ele abre a boca para posar de defensor.

Quem é ele para falar em família quando tem uma desajustada especializada em “rachadinhas” nas assembleias e câmaras, coligada com milicianos, homofóbicos e racistas?  Quem são eles para falar em democracia e liberdade quando vão para as ruas pedir a volta da ditadura militar? Seus maiores crimes não estão na inflação, na queda da economia e no desemprego. Não adianta só encher a barriga e viver sem dignidade.