Quem é mesmo o “bundão” que chama os jornalistas de “bundões” e de quebra envolve os mais de 115 mil mortos pelo coronavírus no país? Claro que só pode ser o próprio presidente sem compostura, que envergonha toda nação e no exterior, com seus rompantes descontrolados, que age como se fosse um psicopata.

É muito triste e doe muito ver isso sair da boca de um presidente que foi eleito pelo voto popular de uma democracia ainda cambaleante. Se fosse de um ditador, num regime de golpe sem o sacramento de uma eleição, até que seria compreensível e não causaria tanto estarrecimento. A pergunta que fica é que democracia é essa em que vivemos?

Encher a boca de soco

Como se não bastasse, esse mesmo capitão-presidente que, compulsivamente, insiste em dizer que é um atleta e continua a fazer propaganda da cloroquina, indo de encontro à ciência, ameaça encher a boca de um jornalista de soco e porrada, tão somente porque fez uma pergunta que não foi do seu agrado.

Sua atitude é de um ditador, de um autoritário e grosso sem nenhum preparo para ser um presidente da República, mesmo que ela seja chamada de banana. Na verdade, o soco que ele disse que queria dar bateu de cheio na boca da democracia. Se fosse um democrata, simplesmente ficaria calado e não responderia (seu direito), ou daria explicações ao povo que lhe elegeu.

Por falar em povo, boa parte, infelizmente, esculhamba com os políticos xingando-os de sujos, corruptos, ladrões, manipuladores, safados, mentirosos e outras coisas horríveis, mas é só se aproximar a temporada das eleições para cair dentro da campanha, como moscas em visgos. São oportunistas, com comportamentos de mau caráter, bem pior que os políticos com desvios de conduta. Essa banda é farinha do mesmo saco.

As imagens dos pré-candidatos fazendo aglomerações de campanhas antecipadas pelo interior, em plena pandemia, não negam que boa parte dessa população é podre e hipócrita, e só quer se aproveitar, não importando a preservação da vida nesses tempos de vírus mortal.

Os que estão ali compactuando com o político antiético, antes mesmo de ser eleito, são interesseiros que vivem às custas do dinheiro público da prefeitura, ou têm familiares em funções desnecessárias, mamando nas tetas do contribuinte. Muitos são até “funcionários” fantasmas, ou recebem favores e benesses do prefeito à reeleição, ou do vereador.

É lamentável ter que dizer isso, mas o mesmo povo que se enoja da política brasileira, como ela é praticada, sem seriedade e respeito às normas e leis, é o mesmo que se aglomera nas praças e ruas para defender o político transgressor quando chegam as eleições, e ainda sai na porrada e na violência contra adversários. Verdadeiramente, poucos têm consciência política e moral para criticar os políticos como estes que estão fazendo campanha aberta em plena pandemia e ainda fora de época.

Diante dos fatos e imagens que presenciamos, como do presidente “bundão” e das aglomerações do povo na torcida pelo candidato inescrupuloso, como ter esperança e acreditar num Brasil melhor, num futuro promissor de igualdade, honestidade e caráter? Como se orgulhar do seu país? Quem faz o bom, ou o mau político é o próprio povo que vende sua alma para o diabo.