“ANDANÇAS” É UMA OBRA QUE MISTURA REALIDADE COM FICÇÃO
Com causos, contos, histórias e poemas, muitos dos quais musicados por artistas locais e até do Ceará (Fortaleza), o novo livro “ANDANÇAS”, dois em um, do jornalista e escritor Jeremias Macário, mistura realidade com ficção e foi lançado em ´várias cidades da região, incluindo Vitória da Conquista, entre em junho e julho deste ano, com previsão para Salvador.
Em Conquista, o livro pode ser encontrado nas livrarias Nobel e na Banca Central, na Praça Barão do Rio Branco, bem como “Uma Conquista Cassada-cerco e fuzil na cidade do frio”, que fala sobre a ditadura civil-militar de 1964 e está sendo recomendado por professores de história do ensino médio e universitário.
Obras indicadas
“Andanças” é também uma obra que está sendo bem aceita pela sua linguagem acessível a todos, e também pelo seu realismo fantástico que fala de ódio, de amor, emoção, paixão, sentimentos e comentários de fatos que aconteceram em Conquista, na Bahia e no Brasil, como da ditadura de1964, mas com outra abordagem bem mais leve e curiosa. Dentro do livro tem ainda a parte “Na Estrada” que são poemas da lavra do autor que fala de diversos temas.
O livro esteve presente na solenidade comemorativa dos 100 anos de emancipação do município de Guanambi (14 de agosto), e foi sucesso de público e depois comentado pelos leitores que adquiriram o trabalho do jornalista Jeremias Macário. Ambos os livros receberam moções de aplausos da Câmara Municipal de Vereadores de Vitória da Conquista.
Além das livrarias Nobel (rua Otávio Santos e Shopping Conquista Sul) e na Banca Central, a obra pode também ser adquirida diretamente do autor através do telefone 77 98818-2902, ou pelo e-mail macariojeremias@yahoo.com.br. Vale a pena conhecer suas histórias, causos, contos e poemas, muitos dos quais musicados por artista
QUEM VAI REEDITAR O AI-5?
Há 51 anos, no dia 13 de dezembro de 1968, o Brasil fervia com os movimentos políticos encabeçados pelos estudantes (a UNE), em conjunto com lideranças da reforma agrária, professores, uma ala mais progressista da Igreja Católica e operários, contra o regime ditatorial militar implantado com o golpe de 1964. O clima era tenso nos quartéis (generais da linha dura) e nas ruas, com prisões, torturas e cassações de parlamentares. O Rio de Janeiro pegava fogo com a “Marcha dos 100 Mil” depois da morte do estudante Edson Luiz, no restaurante Calabouço.
Naquele dia fatídico, a cúpula do governo Costa e Silva se reuniu com seus principais ministros e resolveram decretar o Ato Institucional número 5, o mais perverso e o pior de todos, significando um golpe dentro do golpe de 64, com o fechamento do Congresso Nacional, mais cassações, censura dura contra a imprensa e às artes em geral, proibição de reuniões e outras medidas opressivas contra a liberdade de expressão. Foi o início dos anos de chumbo quando logo mais o general Médici assumiu a presidência da República.
O resto não é preciso dissertar porque muitos já sabem da história, especificamente os mais velhos (a maioria dos jovens, infelizmente, desconhecem os fatos). Ao completar 51 anos, aparece um deputado maluco de extrema, antidemocrático, de ideias retrógradas, pregando a reedição do AI-5 num Brasil já arrasado, dizendo que se a esquerda engrossar o caldo com manifestações do tipo chilena, a história pode se repetir.
Quem está por trás disso tudo?
Uma pergunta que não quer calar: Quem está por trás do recado ameaçador feito à nação pelo deputado Eduardo, filho do capitão-presidente, que já disse de certa feita que para fechar o Supremo Tribunal Federal bastaria um soldado e um cabo? Ele mesmo vai reeditar o AI-5, dando um golpe no próprio pai, ou tem um grupo linha dura ligado à presidência, na espreita para decretar o terror no país?
A sua fala dá a impressão que ele é o porta-voz de um grupo carrancudo, carrasquento que não vai tolerar uma convulsão social no nível do Chile que reuniu nas ruas mais de um milhão de pessoas. Soa como se fosse um aviso aos brasileiros para que não se atrevam a fazer o mesmo, porque senão o pau vai comer. Soa também como uma afronta às instituições que já não são tão sólidas assim.
Muita gente, principalmente os nossos jovens de hoje, pouco entendeu do seu recado atrevido, porque não sabe o que foi esse tal sujeito tirânico AI-5 de 1968, daí a importância de que cada um deve conhecer sua história passada para que ela não se repita. Quem acha que a terra é plana, que o homem não pisou na lua, também não acredita que houve ditadura, nem inquisição e nem tortura.
É muita ousadia o cara pregar em público a volta do AI-5, e num tom como se ele estivesse sendo respaldado por uma ala golpista, tendo em vista que o pai quando era deputado declarou que se fosse eleito presidente da República fecharia o Congresso. Vale salientar, e é bom que se leve em conta, que hoje os generais, coronéis, majores e capitães ocupam os maiores cargos do governo.
Atentos e vigilantes
Entre esses militares, não há dúvida que muitos pensam como o deputado, e outros mais sensatos não comungam da mesma ideia malvada e tirânica. Diante disso, todos, especialmente as entidades e instituições, devem sempre estar vigilantes e não subestimar, deixando de levar a ameaça a sério, ou afirmando que não passa de uma fantasia da cabeça dele. Pouca gente também acreditava que a extrema-direita chegaria ao poder, e que o Bolsonaro seria eleito.
Culturalmente, o povo brasileiro sempre foi submisso, cordeiro e de pouca reação e, no momento, está dividido entre vermelhos e os de camisas amarelas, que se odeiam entre xingamentos e intolerâncias de todo tipo. Essas ideologias desorganizadas se revezam e se alternam nas manifestações, tornando até monótonas e chatas, com os chavões de sempre. Não existe um alinhamento, e cada um, de cartaz na mão, se apresenta com seu pedido individual, sem agir e penar coletivamente.
É uma realidade bem diferente de outros povos latinos, se bem que com sofrimentos e injustiças sociais do mesmo quilate e, em algumas questões, até pior. Tudo já aconteceu aqui nos últimos anos para que houvesse uma convulsão social, mas tudo na vida tem o seu limite, e uma panela com muita pressão pode explodir a qualquer hora. Não há tampa que resista e tudo pode ir aos ares,
CULTURA NO ESPAÇO
O maluco quer reeditar o tenebroso AI-5 dos anos de chumbo, com o fechamento do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e criar o belzebu da censura contra as artes e à nossa combalida cultura, que divulgamos e aprendemos nos encontros do nosso Sarau Espaço Cultura. Quem vai reeditar o abominável AI-5 do dia 13 de dezembro de 1968? Querem tocar fogo nos livros e proibir reuniões. São os inimigos da cultura, que devemo estar vigilantes e combatê-los com todas as nossas forças. Não podemos deixar a volta desses malignos nazifascistas. Não vão mais tirar a nossa liberdade de expressão. Esses psicopatas têm que passar pelos nossos cadáveres. Reage Brasil!
SENHORA PARTEIRA
Poema do jornalista Jeremias Macário. Promete ser musicado.
Está praticamente no ponto.
Pelas mãos com cheiro de chão,
Da dona senhora nossa parteira,
Naquele rancho no pé da serra,
No aboio lamentoso do sertão,
Mirrado nasci de mãe roceira,
De um pai a lavrar a seca terra;
Sou filho do ventre nordestino,
E também destino certo da morte
Que ronda a vida e sempre vem.
Minha senhora mãe parteira
De muitos compadres rezadeira
Que já pegou na vida mais de mil
Sem do pobre cobrar o metal vil.
Vixe mãe Santa Nossa Senhora!
Geme a mulher na cama de dor!
Vai homem chamar dona parteira!
Que meu filho não morra de sete dias
Da fome tirana levar Josés e Marias;
Vai homem buscar nossa parteira
Que já viu cabra crescer trabalhador
E muita gente que virou até doutor.
Ave! mãe senhora parteira
De todos caminhos estradeira
De espinhos, veredas e poeiras;
Dia e noite das cancelas e porteiras;
Boa de prosa que ora rir, ora chora,
Pra no bom parto a mulher parir
Abençoar mais a luz desse existir;
E também reza uma reza penosa,
Na rasa cova angelical que partiu.
RESISTÊNCIA NA AMÉRICA LATINA E UM PAÍS A SE ISOLAR NO CONTINENTE
Com uma ideologia ultraconservadora de surtos agressivo, onde todo o contraditório virou um monstro de esquerda comunista, em sua estreita visão, o governo do capitão-presidente caminha para um isolamento do Brasil na América Latina, especialmente na região Sul. As resistências de convulsões sociais no Chile, no Equador, na Colômbia, Paraguai, na Bolívia; e as eleições na Argentina, onde a linha peronista saiu vencedora, e logo mais no Uruguai, sem contar o acirramento com a Venezuela, estão levando a esse isolar-se.
De tanto criticar o Maduro de ditador do socialismo e destilar sua raiva contra Cuba, o Brasil pode se transformar numa Venezuela ao contrário, num regime autoritário de extrema-direita. Agora mesmo, o capitão se acha um leão conservador da pátria, acossado por hienas e ataca as instituições (Supremo Tribunal Federal -STF, a imprensa, os partidos de oposição e até a ONU).
A família (pai e os três filhos) detesta a democracia, e isso vem sendo revelado desde a década de 1990. É uma maluquice, ou uma psicopatia pela volta da ditadura? Muita gente não tem levado a sério o que está acontecendo, e até acha graça dos impropérios e afrontas à democracia e à liberdade de expressão. Antes, ninguém acreditava que ele seria eleito com o seu discurso conservador e de discriminação às minorias.
A favor da tortura e retrocessos
Ele e os filhos já se posicionaram a favor da tortura e até da arcaica prática do pau-de-arara, e que tem que matar 30 mil. Em 1990, o clã chegou a afirmar que se fosse eleito presidente da República mandaria fechar o Congresso Nacional e daria um golpe. O filho Eduardo falou, há pouco tempo, que para fechar o STF bastaria um soldado e um cabo. Com relação aos movimentos no Chile, disse, na Tribuna da Câmara, que se essas manifestações chegarem ao Brasil, a história irá se repetir, referindo-se ao golpe ditatorial de 1964.
Cabe aqui assinalar, dentro deste quadro de distanciamento, a diplomacia desastrosa com os governos do continente sul-americano, bem como da Europa (caso do fogo na Amazônia). Em nossa recente história, saímos de um ciclo conflituoso ruim, de escândalos vergonhosos, do raivoso “nós contra eles”, para um outro pior de retrocessos e fechamentos no âmbito interno e externo (censuras às artes), onde o nosso país intolerante, ora dar um passo para frente e dois para trás.
O mais perigoso aqui é estourar uma convulsão social do nível do Chile onde mais de um milhão de pessoas foram às ruas protestar, no início pelo aumento nas tarifas do metrô, mas logo se alastrando para reivindicações salariais e outros benefícios, visando reduzir a desigualdade na distribuição de renda que lá ainda é grande, mesmo se tratando de um país estável em sua economia.
Uma realidade dividida
Ouve-se comentários por aí que o Brasil corre o risco de também acontecer uma convulsão social. Não que não exista clima propício para tanto, como as injustiças e as profundas desigualdades sociais (as maiores do mundo), com a educação e a saúde em farrapos, mas, trata-se de uma realidade diferente no que concerne o nosso povo.
Primeiro é um país dividido, onde há uma aferrada disputa ideológica entre as partes (vermelhos e amarelos), com manifestações alternadas de xingamentos e ódios entre si, sem um sentido coletivo, unidos e de bem-estar para todos, em defesa de uma pátria melhor. Segundo, o Brasil tem um povo culturalmente submisso que carrega a pecha colonial do complexo de inferioridade, ou de vira-lata, como dizia Nelson Rodrigues. Difícil de se indignar e se revoltar em rebeliões, fazendo uma revolução de verdade.
Terceiro, caso isso ocorra, como já foi visto acima nas palavras dos “bozonaristas”, existe um grande perigo de enfrentamento nas ruas entre civis e forças armadas (o país está praticamente sendo comandado por generais no poder e uma grande ala conservadora), culminando até num golpe militar, se bem que o Brasil ficaria numa posição mundialmente mais crítica do que já vive lá fora. O isolamento seria ainda mais profundo.
Como já está, com estes embates rústicos e grosseiros para um presidente destemperado no tratamento, num viés fascista, o isolamento do Brasil na América do Sul não seria uma verdadeira ruína apenas para a economia (a Argentina é um dos maiores parceiros comerciais do nosso país, inclusive com superávits na balança exportação x importação), como também nos relacionamentos interpessoais e culturais.
Desde o início do ano (10 meses) a imagem do Brasil lá fora, não somente na América Latina, principalmente com relação aos cuidados com o meio ambiente e os direitos humanos (xenofobia, homofobia, racismo, violência militar), nunca esteve tão chamuscada ou queimada em toda sua história, sendo alvo de chacotas e piadas.
A única saída para o Brasil, se o quadro de retrocessos permanecer e a incompetência se acentuar, é procurar intercâmbios somente com países ditatoriais de direita, com exceção dos Estados Unidos, de Trump (ameaçado ser cassado), que muito pouco têm a oferecer. Não acredito nesses bilhões dos árabes, que não se dão com Israel, e mudam rapidamente de direção. Vamos preferir ser um povo isolado do resto, com esse papo de soberania e pátria amada que, na verdade, está sendo maltratada e pisoteada, e que não sabe cuidar bem de seus filhos?
CONTINUA O IMPASSE DO EMPRÉSTIMO
Com o atraso de uma hora (a sessão especial sobre os servidores municipais terminou em mista), a Câmara de Vereadores continua no impasse em votar o pedido de empréstimo de 100 milhões de reais da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista à Caixa Econômica Federal.
A oposição permanece obstruindo a votação, sob alegação da falta de detalhamento do projeto, sobre os locais onde a verba será aplicada e que o município poderá ficar mais ainda endividado porque já deve 45 milhões e não pagou a primeira parcela. Na verdade, os vereadores estão negociando e pressionando a liberação das emendas que o executivo não pagou.
Responsabilidade
Como não teve sessão especial porque foi uma decisão tomada praticamente de última hora, os trabalhos foram abertos pelo presidente da Casa, Luciano Gomes, que deu a palavra para o parlamentar Danilo Kiribamba. Ele pediu ao poder público a reforma das praças do Verde e da Murilo Mármore. O vereador, do PCdoB, disse que a oposição trabalha com responsabilidade, referindo-se à votação do empréstimo.
Os vereadores, de um modo geral, falam de inauguração de obras nos bairros e na zona rural como se fossem prefeitos, como o parlamentar Bibia que citou creches e asfaltamento de ruas. Edmilson Pereira, do PSB, elogiou o trabalho dos servidores públicos, mesmo ausentes na sessão. Na ocasião, reclamou que o prefeito Hérzem Gusmão não está cumprindo com as emendas fixadas para os vereadores.
Quem também bradou contra o prefeito, que não está pagando as emendas parlamentares, foi o vereador David Salomão, com duras críticas. “O prefeito faz o que bem quer e não segue a lei, cumprindo com suas obrigações” – afirmou, acrescentando que agora quer 100 milhões de reais, sem condições de pagamento à Caixa, inclusive a primeira parcela de um milhão dos 45 milhões tomados. Salomão ainda destacou que até agora o prefeito não conseguiu nada em Brasília.
LAMA, CHAMAS E ÓLEO
Não quero ser nenhuma ave agourenta, e torço para que não ocorra outro fato ainda pior, mas antes do término de 2019, podemos assegurar que o meio ambiente no Brasil, neste ano, foi altamente ferido por três piores desastres ecológicos dos últimos anos, atingindo em cheio o Norte e o Nordeste. No início do ano tivemos a lama da Barragem de Brumadinho (Minas Gerais) com mais de 200 mortes, em junho e julho as chamas na Amazônia, e agora o óleo nas praias nordestinas.
Coincidência, ou não, tudo isso justamente num governo que começou a desmontar toda uma estrutura, mesmo com suas deficiências, de preservação da natureza, e dar uma senha de desprezo pelas leis ambientais constituídas, como liberação de mais agrotóxicos proibidos, intenção de limitar as reservas indígenas da Amazônia (exploração mineral e agrícola) e até querer transformar Angra dos Reis numa Cancun mexicana, sem contar a indicação de gente despreparada para cargos importantes em órgãos do setor.
O pior de tudo é que todos estes terríveis acidentes foram provocados diretamente pelo homem, e não pela ação de revolta da própria natureza que há séculos vem sendo castigada e depredada pelo ser humano, como as sujeiras do lixo, o gás carbônico jogado no ar, o desmatamento indiscriminado, poluição dos rios e outra série de agressões contra o nosso território chamado Brasil.
Tragédias anunciadas
O caso do rompimento da Barragem de Brumadinho, como em Mariana, já era uma tragédia anunciada, e outras mais estão ai para acontecer por falta de fiscalização, cumprimento das leis e a impunidade contra os responsáveis. Logo que ocorre, as investigações são obscuras e contraditórias, e a Justiça muito lenta nas ações. Praticamente não se pagam as multas.
Como no incêndio na Boate Kis, no Rio Grande do Sul, os técnicos e órgãos do governo correm para fiscalizar os outros estabelecimentos na questão da prevenção de segurança e uso de equipamentos recomendados, mas logo relaxam a vigilância. Quanto as barragens de rejeitos minerais, fizeram o mesmo, mas, há muito tempo que não se falam nisso, nem a mídia faz cobranças. É uma tragédia roubando a cena da outra.
No meio do ano, a Amazônia começou a pegar fogo, também uma tragédia anunciada por causa dos desmatamentos feitos com antecedência e com o propósito de incendiar as terras. O governo do despreparado e ultraconservador capitão-presidente “Bozó” culpou as Ongs, quando, na verdade, foram os fazendeiros ruralistas, colocando a economia acima do meio ambiente, mesmo que seja à custa da sua própria destruição.
O POVO PEDE PASSAGEM E MAIS ESPAÇO
Por muitos anos, para alimentar a indústria automobilística, as ruas e avenidas das cidades brasileiras, principalmente as médias e grandes, foram entupidas de veículos, através de uma política financeira vesga dos governantes, em detrimento do bem-estar do ser humano, que passou a ser sufocado pela fumaça dos carros e com a falta de espaço até nas calçadas.
Calçadão da Catedral
Há muito tempo, o povo vem pedindo passagem nas ruas e clamando por mais espaço, especialmente nos grandes centros onde estão concentradas as maiores atividades comerciais. O surgimento dos shoppings center foi um atrativo para as pessoas ficarem mais à vontade e se sentirem mais seguras, longe dos labirintos dos vaivéns dos automóveis. Na verdade, as cidades ficaram desumanas para se andar e passear nelas.
O calçadão da Catedral
Lima Guerra (Beco da Tesoura)
No Brasil, somente agora alguns governos passaram a perceber que os veículos têm que ceder espaço para as pessoas nas cidades, e isso pode ser feito através dos calçadões, tornando a vida mais humana, descontraída e prazerosa. Vitória da Conquista, por exemplo, ainda tem um centro nervoso congestionado de veículos, mas alguns calçadões vêm aliviando essa situação de caos.
Quando a prefeitura resolveu abrir um calçadão em frente da Catedral e da Praça Tancredo Neves, recebeu muitas críticas egoístas daqueles que, infelizmente, ainda têm a mentalidade de priorizar o carro no lugar do humano, não sabendo que ele também é um pedestre, e circulam na cidade mais de 130 mil veículos, tomando, inclusive, as calçadas. Outro calçadão que beneficiou a população foi construído perto do Fórum, na travessa entre as ruas Góes Calmon e a Lions Clube.
Praça Barão do Rio Branco
Fora esses recentemente abertos, só existem, no centro, os calçadões da Ramiro Santos para a Praça Nove de Novembro e a Alameda Lima Guerra (antigo Beco da Tesoura), sendo que o poder público, através da sua Secretaria de Mobilidade Urbana, cometeu o erro de liberar a outra travessa paralela, onde estão localizados o Sebo e a Lotérica, para a passagem de veículos, quando deveria ter feito outro calçadão.
Todo o centro
Travessa Ramiro Santos – fotos de Jeremias Macário
Não sou especialista em trânsito, e nem precisa ser, para entender que as cidades se transformaram num amontoado de carros de gente estressada, tornando-se mais desumanas e difícil de se transitar nelas. Conquista é uma delas e necessita ser desafogada, livre de tantos veículos, sem estacionamentos para atender a grande demanda, principalmente no centro.
Diante do quadro caótico, em minha opinião, todo centro da cidade deveria ser transformado num grande calçadão, inclusive a Praça Barão do Rio Branco e a rua Ernesto Dantas, com uma urbanização e arborização onde a pessoa se sinta bem para caminhar livremente, sem a perturbação de automóveis.
Creio que todos ganhariam em termos de humanização, inclusive os lojistas que ainda, nos tempos atuais, pedem mais carros em frente de suas portas, como se isso ajudasse a ganhar mais clientes. É um grande engano quem pensa assim. O consumidor quer mais conforto e sossego, mas ainda tem muita gente individualista e conformista que só quer parar seu carro em frente do estabelecimento onde trabalha ou do órgão onde vai resolver seu problema.
VERDE QUE TE QUERO
O verde da Praça Tancredo Neves encanta a todos que passam por ali. É de encher os olhos e acalma os mais apressados e estressados. Deixa os namorados mais poéticos, como o florido branco desta árvore captada pelas lentes do jornalista Jeremias Macário. Mesmo assim, Vitória da Conquista carece de muito mais verde para acalmar nossas almas.
A MAGIA DAS MÃOS
Poema de Jeremias Macário
Mãos caseiras e finas;
mãos rachadas das lidas,
das armas frias assassinas,
e das inocentes meninas.
Mãos que fazem carícias,
que dão adeus e acenam;
de despedida e encontro,
podem ser de malícias.
Mãos marcadas e limpas;
de mensagens benditas,
são também carregadas
de ações vis e malditas.
Mãos que assinam papéis,
tratados de guerra e paz,
preferem ficar sem dedos
do que entregar os anéis.
Mãos da santa rezadeira;
mãos que doem no aperto,
sinal de angústia no peito,
da negra sem eira nem beira.
Mãos que clamam aos céus
por uma chuva de São José
no chão estorricado de Javé;
mãos que não perdem a fé.
Mãos de lindas camponesas,
de analfabetas manipuladas;
de gente simples e honradas,
escravas das casas baronesas.
Mãos que ensinam como rezar,
são as mesmas que se vingam,
e até batem em suas crianças,
nos momentos aflitos do lar.
Mãos que arrancam a dor;
enxugam lágrimas do rosto;
mãos de invernos passados,
enrugadas da avó e do avô.
Mãos de destino tão incerto,
que fazem da ilusão a magia;
falam na linguagem de gestos,
e nas andanças de cada dia.
Mãos que gritam socorro,
são lidas pelas as ciganas;
feitas de água, ar e de fogo;
são abençoadas e mundanas.
Nas mãos existem energias
de raios negativos e positivos;
cheias de histórias e de guias;
de crenças, artes e rebeldias.
As mãos dizem quem você é,
de personalidade reta e forte;
fraca só para coçar o sujo pé;
e de quem labuta até a mort


















