– Vamos Investigar e apurar os fatos. É o que sempre dizem quando acontecem os absurdos contra os direitos humanos, seja em qualquer setor, só que o tempo passa e não há nenhuma resposta em termos de punição para os culpados pelos seus atos criminosos.

Isso já se tornou comum e até normal em todo Brasil. Vitória da Conquista não é nenhuma exceção. Temos vários casos na área policial, mas vamos focar aqui a questão da saúde pública que há anos pede socorro e só temos imagens de choros e lágrimas de familiares por conta de negligência e incompetência médica.

Podemos citar milhares de fatos que nos deixam indignados, revoltados e constrangidos. Os postos de saúde em Conquista vivem em estado de calamidade, mas o Hospital Esaú Matos está batendo o recorde com registros escabrosos no atendimento à mulher gestante, com a mortandade de bebês que poderiam ter sido salvos se houvesse uma boa gestão e bons profissionais.

Nesta semana, uma mãe perdeu o seu filho por erro médico que demorou de fazer um parto cesariano em tempo. Um cara desse não é um médico, mas um carniceiro admitido pela Prefeitura Municipal. Trata-se de um caso de polícia, mas toda sociedade sabe que nada vai acontecer e tudo vai continuar com dantes…

Nessa mesma maternidade, uma mãe pariu dentro de um banheiro, coisa que não mais se concebe em pleno século XXI. Esses fatos não são isolados e esporádicos. Estão se tornando uma rotina e não se tomam uma providência. Eles são esquecidos até outros surgirem, e aí se ouve a mesma lengalenga de que “vamos apurar e investigar”.

Se não me engano, o Esaú Matos foi construído no primeiro governo do PT com Guilherme Menezes, para ser uma referência no atendimento à mulher na região sudoeste. Hoje está mais para um açougue ou matadouro de crianças. Pelo que vem ocorrendo nos últimos anos, esta unidade já deveria ter sido interditada pela Anvisa, Secretaria de Saúde do Estado ou Ministério da Saúde, sem falar na ação do Ministério Público e OAB que ficam de braços cruzados.

A nossa sociedade, infelizmente, é alienada, egoísta, comodista e insensível que sempre usa o silêncio diante de tantas barbaridades que ficam sem punição, como as que estão sendo cometidos na área da saúde em Vitória da Conquista. A vítima só reage quando um caso desumano acontece consigo ou com alguém da sua família. Tem gente que acha que o pior só ocorre com os outros.

Ainda nesta semana, quando um idoso foi indagar ou questionar sobre a demora na liberação de um exame da sua mulher, o funcionário simplesmente mandou que a senhora esperasse sentada.

– Mas ela tem problemas de hemorroidas. Então que ela espere deitada – respondeu o atendente. Uma pessoa dessa deveria ser sumariamente demitida e levada presa por crime por maltratos a um idoso.  Nunca deveria pisar numa repartição pública.

O contraditório e paradoxal é que existe uma norma ou lei onde um usuário pode ser punido por desrespeito ou desacato a um funcionário público. E quando ocorre o contrário? A maioria está ali por incompetência, na base do quem indicou politicamente ou fez um concurso público só para ter estabilidade e não servir bem o contribuinte.

O serviço de saúde pública de Vitória da Conquista é um dos piores de toda sua história, embora receba mais de 700 milhões de reais por ano do governo federal, sem falar na contrapartida do Governo do Estado. A situação é mais que precária, ao ponto de um paciente levar seis meses e até um ano para realizar um exame de média a alta complexidade.