Trafegar pela BR-166 (Rio-Bahia) é o mesmo que enfrentar a morte de cara. Senti isso nesse final de semana e ontem (segunda-feira) apenas num trecho de 50 quilômetros de Vitória da Conquista até a entrada para Inhobim e vice-versa.

A maior imprudência é dos caminhoneiros que fazem ultrapassagens em lombadas e faixas contínuas jogando carros pequenos no acostamento. A impressão é que eles rodam dopados e carregam consigo o instinto assassino, como se dissessem saem da frente que somos pesados. Eles se acham donos da rodovia e cometem todos os tipos de infrações.

Não é nenhuma justificativa as atitudes absurdas desses motoristas irresponsáveis, mas essa grave situação poderia não estar ocorrendo se a pista do Paraguaçu até Cândido Sales tivesse sido duplicada pela Via Bahia, cuja novela teve um final inacabado e triste, tudo por incompetência do governo federal que está pagando 900 milhões de reais de indenização, dinheiro do povo.

Nessa novela macabra existe também uma parcela de culpa da sociedade civil que não se uniu e se mobilizou o suficiente para pressionar o poder executivo e a empresa. São coisas que só acontecem no Brasil, terra de ninguém.

Mesmo a Via Bahia deixando a concessão, os usuários continuam pagando pedágios. Esse contrato de casamento nasceu conturbado e está tendo uma separação litigiosa. Se a duplicação já era improvável, agora as chances são zero a médio prazo.

Para fazer outra licitação, o governo precisa gastar uns bilhões para deixar a estrada em bom estado. O movimento de empresários de Vitória da Conquista, por exemplo, agora está falando em fazer uma segunda pista nos dois sentidos, de Planalto até o entroncamento de Belo Campo, cerca de 80 quilômetros. Esta sugestão não resolve o problema e, mesmo que se faça, adeus duplicação.

Cadê a representação da bancada parlamentar da região e do ministro da Casa Civil? Em junho de 2023, José Maria Caires conta que esteve com o ministro, Rui Costa, e existia um sinal positivo para a duplicação que não deu em nada.

Ele afirmou que surgiu a ideia das faixas, mas se colocou contra naquela época, mas como não saiu a duplicação, sua posição atual é que se construa a segunda faixa, só que, lamentavelmente, não mais se falou nisso. “Essa obra é necessária, mas não existe nenhuma movimentação neste sentido. O movimento vai continuar cobrando e o governo tem a obrigação de olhar para o estado da Bahia”.

O assunto duplicação roubou a discussão em torno do Anel Viário de Vitória da Conquista, outra questão crucial que precisa ser resolvida. Em seu projeto inicial constava a construção de viadutos, conforme me relatou certa feita o ex-deputado Coriolano Salles, mas uma parte dos recursos o gato comeu.

Esses trevos são de alto risco e já ceifaram a vida de dezenas de pessoas. Existe até o Trevo da Morte que fica nas imediações do Centro Industrial. Mais uma vez fizeram um armengue e uma parte do anel já corta determinados bairros da cidade. Até quando vai continuar morrendo gente nesses trevos?