CONSPIRADORES SÃO ELIMINADOS E OTÁVIO SE TORNA REI IMPERADOR
Quase todos conspiradores, principalmente os maiores líderes e aqueles que apunhalaram Júlio César com suas afiadas adagas tiveram mortes trágicas e alguns cometeram suicídio durante uma guerra civil de quinze anos que se seguiu após os idos de março de 44 a.C.
Otávio, o sobrinho herdeiro de César, que passou a usar seu nome e depois Augustus, foi mais esperto e venceu todas as batalhas, com entrada triunfal em Roma como rei imperador até 14 d.C. Estava estabelecida uma dinastia. Com um templo erguido em sua memória, Júlio César passou a ser cultuado como um deus santo e seu nome se perpetuou como imperador.
Brutos, Cassius e Decimus caíram em desgraça. Este último foi aprisionado com disfarce de gaulês e executado, segundo antigos historiadores, a mando de Marco Antônio que se uniu a Otávio e depois lutou contra ele. Foi amante de Cleópatra e ambos se suicidaram depois das derrotas no Egito.
Barry Strauss, autor da obra “A Morte de César” narra precisamente com detalhes todos os fatos de um império, que mesmo dividido, conseguiu sobreviver até 1453. Nessa luta pelo poder imperial, até Cícero, o grande tribuno orador da Quinta Filípica, que disse que o dinheiro é o alicerce da guerra, foi morto por Antônio em vingança por ter sido criticado pelo seu inimigo.
Em 42 a.C., Brutus e Cassius abriram centros de resistência. Cassius fez guerra na Ilha de Rhodes. Depois de duas derrotas, os habitantes abriram os portões da cidade para os romanos. Brutus atuou na Anatólia (Turquia), nas cidades de Lícia e Xanto que foram rendidas.
Em junho de 42 a.C. os dois se encontraram em Sadis, no oeste da Anatólia. No encontro, resolveram suas diferenças e decidiram rumar para a Macedônia. Do outro lado, Antônio e Otávio, que faziam parte dos triúnviros, deixaram Lepidus para trás cuidando da Itália. Eles cruzaram o Mar Adriático com dezenove legiões (cada uma com cerca de cinco mil soldados).
Vários orientais enviaram tropas auxiliares para Brutos e Cassius, tanto Deiotarus como o rei da Pártia (Îrã). Por um ano ou mais, os comandantes se dedicaram a levantar dinheiro, pela diplomacia ou pela força. Seus oficiais cunharam moedas.
A mais importante e famosa foi a denarius de prata de Brutos, com a inscrição de Imperator e a figura de duas adagas, justamente ele que sempre defendeu a República e a liberdade do povo. César nunca se fez retratar em moedas.
O grande confronto teve lugar nos arredores de Philippi (cidade em homenagem ao rei Felipe, pai de Alexandre, o Grande, da Macedônia). Numa noite, Brutos teve uma visão de um gênio ruim. Esta visão alertava Brutos: “Você me verá em Philippi”. No dia seguinte, Cassius teria avistado o fantasma de César, vestido com uma capa de comandante militar vermelho-púrpura.
Antes dos combates, Brutos escreveu a Aticus: “Ou eles libertariam o povo romano, ou morreriam e seriam libertados da escravidão”. Em Cassius, um comandante bom e em Brutus, um competente. Em contraste, Antônio, um general inteligente e versátil, e Otávio tinham poucos suprimentos.
No entanto, construíram fortificações para isolar o inimigo de seu acesso ao mar. Brutos e Cassius iniciaram operações de contrafortificações. Antônio atacou com toda sua fúria. Os homens de Cassius fugiram em debandada, mas os de Brutos conseguiram tomar o acampamento de Otávio que não estava ali, pois se ausentara a tempo devido a uma visão divina. Ele usou um anel de César como amuleto de boa sorte.
Na fuga e prestes a ser capturado, Cassius preferiu o suicídio, fazendo com que um escravo o decapitasse, mas historiadores dizem que não foi bem assim. O homem o matou sem que tivesse recebido ordens. Era o dia do aniversário de Cassius. Ele foi um político de convicções, membro dos Melhores Homens e contra um governo exercido por um único homem. Ele era favorável que Antônio também tivesse sido morto nos idos de março (14) de 44 a.C. Não concordou também com o funeral público para Julius César.
Brutos fez com que Cassius fosse enterrado em segredo para não deprimir seu exército. Com Brutus no comando (não era um general), as chances de vitória se reduziram. Não existia mais Decimus. O traidor Deiotarus, folha seca, passou para o lado de Antônio.
Brutos resolveu atacar e foi rompido pelas linhas do inimigo. Antônio foi o arquiteto da vitória, em Philippi. Brutos conseguiu fugir, viajando pelas colinas em companhia de alguns amigos. Como filósofo, recitou versos gregos sob as estrelas. Ele decidiu morrer feliz e deixar para trás sua reputação virtuosa, como descreveu Plutarco.
O poeta Horácio fez as pazes com o novo regime depois do seu combate em Philippi. Criticou Brutos e indagou do porquê ele não continuou a lutar ao invés de ter tirado a própria vida, mas tempos depois ele foi glorificado como Homem de Virtude, filho da grande Servília. Era final de 42 a.C. O corpo de Brutus foi cremado e Antônio mandou levar suas cinzas para a Vila Servília.
Sobre sua cabeça, segundo fontes, Otávio mandou que fosse decepada, tal como fez com Decimus. Certa vez, Antônio declarou que Brutos fora o único a conspirar contra César, que era motivador pelo esplendor e a nobreza do ato. Quanto aos outros, somente o ódio e a inveja os motivavam.
A vitória ainda não estava consolidada. Da Sícilia, a frota de Sextus Pompeu controlava o mar. Ele fora derrotado em uma batalha, em 36 a.C. Fugiu para Anatólia onde foi capturado e executado. Lepidus sofreu um declínio implacável. Em 40 a.C. trocou a Hispania Próxima e a Gália Narbonesa pela província da África Romana. Depois, Otávio mostrou-se forte para afastar Lepidus. Em 36 a.C. foi forçado a um exílio numa cidade costeira ao sul de Roma.
Antônio e Otávio dividiram o império entre si, mas não tardou a se enfrentarem. Antônio ficou com o Oriente, onde foi amante de Cleópatra, e Otávio com o Ocidente com a tarefa de confiscar terras para dar aos seus veteranos de guerra. A poesia falava da miséria dos despossuídos.
Fúlvia, a esposa de Antônia, e Lucius, seu irmão, incitaram oposição à apropriação de terras. Isso só podia gerar guerra no centro da Itália, extinta pelas forças de Otávio. Um grande número de senadores e cavaleiros foi massacrado e exposto no altar Deificado Júlio nos Idos de Março. Eram sacrifícios humanos ao espírito de César. Depois da morte da sua mulher Fúlvia, em 40 a.C., Antônio casou-se com Otávia, irmã de César, mas tinha seu caso amoroso com Cleópatra.
Se Otávio tinha o nome de César, Antônio tinha a amante de César. O mundo romano não suportaria dois Césares, então foi guerra entre Otávio de um lado e Antônio e Cleópatra do outro. Senhor dos mares, Otávio teve sua frota vencedora na Batalha de Actium, a oeste da Grécia, em 31 a.C. Antônio e Cleópatra cometeram suicídio. Otávio se tornou soberano do império.
Dos conspiradores ainda haviam dois sobreviventes, Decimus Turullius que se juntou a Sextus Pompeu e depois a Antônio. Otávio mandou executá-lo na ilha grega de Cos. O próximo a ser morto foi o grande poeta de poemas curtos e cultos, Cassius de Parma, em 30 a.C. Este também teria se juntou a Sextus e a Antônio.











