LINHAS DAS MÃOS
Autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário
As linhas das mãos,
Como diz o poeta:
São correntes digitais,
Ou cordéis em varais,
Fileiras de poesias,
Xilogravuras de fantasias.
As linhas das mãos,
Como a íris da visão,
São linhas diferentes,
Riscos das nossas mentes,
Com início, meio e fim,
Enigmáticas assim.
Tem as linhas,
Do sertanejo nordestino,
Queimadas pelo sol,
Calosas e grossas,
Cada qual com seu destino,
As do doutor são finas,
E as delicadas femininas.
Olho as linhas das minhas mãos,
Veja as suas como estão,
São cicatrizes do tempo,
Nos traços e espaços,
Lembranças de amor e dor,
De um passado que não passou,
Que nem o vento levou.
As linhas das minhas mãos,
Colheram o que plantaram;
Tiveram amigos e inimigos,
Amaram e odiaram,
E lágrimas enxugaram.
Depois de tantas andanças,
Feitas de fé e esperanças,
Por este mundão do meu Deus,
Entre nobres e plebeus,
Olho as linhas das minhas mãos,
E não entendo o que elas são.
Lembro que uma cigana,
Vinda lá da Toscana,
Leu as linhas das minhas mãos,
Previu coisas do meu destino,
Desde quando mirrado menino,
Que teria longa existência,
Mas não conseguiu ver,
Se a minha finitude
Seria repentina ou de sofrer.
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