MUNDÃO DO PROGRESSO
Autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário
Êta mundão do progresso!
Que deixou meu verso,
Quebrado na beira da estrada,
Só se ouve o ronco do motor,
Valei-nos, oh Deus, Nosso Senhor!
Não passam mais as boiadas,
Nem os tropeiros estradeiros,
Com suas missangas e bruacas,
Abrindo cancelas e estacas,
Subindo e descendo ladeiras,
Nos mata-burros das poeiras.
Êta mundão do progresso!
Está tudo virado pelo avesso,
Entra tecnologia, sai a razão,
Mas ainda sobrou uma nesga,
De crença, amor e religião,
Nesse meu vasto sertão,
E eu aqui só de bobeira,
Vendo gente dando rasteira.
Êta mundão do progresso!
Não se vê mais rezadeira,
Coisa difícil é mulher rendeira,
Estão acabando com nossa tradição,
Mataram até nosso São João,
Está indo nossa cultura do ler,
Trocada pelo celular na mão,
Só se tem tempo para o vil ter,
E esqueceram do nosso ser.











