Mais um poeminha inédito de Jeremias Macário

Não sou desse mundo,

Do sistema que mata o humano;

Estou mais para amante,

Do poeta do canto profundo;

Na campina ouvir,

O solar do Bem-te-Vi.

 

Difícil ser romântico,

Nesse planetário quântico,

Conhecer a si mesmo,

Nesse vazio esmo.

 

Procuro quem sou,

Na angústia da dor,

Se sou caça, ou caçador.

 

Não dá para tapar,

O sol com a peneira;

Saravá, meu orixá!

Me salve dessa cegueira.

 

Na praça, a câmara me vigia;

Quer saber o que penso;

Segue meus passos noite e dia;

Acusa que não tenho senso,

Nem incluso nesse censo.

 

Não sou desse mundo covil;

Vou virar bicho mocó;

Viver em minha loca,

Sem ser pororoca,

Nem broca desse metal vil.

 

Não sou desse mundo,

De tanta amargura,

Sem quase ternura.