Nas comemorações do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa (03/05) deve-se também se fazer uma reflexão sobre a democratização dos meios de comunicação no Brasil, que ainda estão nas mãos de poucos grupos de empresas, as quais têm sempre procurado manipular a informação a favor de seus interesses.

Nos últimos anos, pouco tem se comentado sobre esse tema democratização dos veículos, tão importante como meio de evitar a prática de um jornalismo tendencioso e parcial, descambando até para fake news disfarçadas, que os leigos não percebem. Nesse balaio, tem pontuada a mídia alternativa, mas logo é sufocada pelos poderosos, e termina com vida curta.

Todos de bom senso defendem a liberdade de imprensa, mas ela só se torna completa com a democratização, o que se torna difícil no sistema capitalista de monopólio e oligopólio onde só os fortes sobrevivem. É ingênuo imaginar liberdade absoluta e independência total quando um jornal, um rádio, uma televisão ou um simples blog depende de anúncios oficiais ou do setor privado para continuar circulando e funcionando.

Para acontecer essa liberdade mais ampla, da qual estamos falando, só os instrumentos do cooperativismo ou coletivização entre as pessoas da sociedade tornariam o veículo mais livre para expressar seus pontos de vista, com imparcialidade. Infelizmente, não se tem essa cultura na área jornalística num país que só visa o lucro do capital.

Para se criar esse ambiente de democratização da mídia, teria que se ter uma consciência mais culta em favor da liberdade, de modo a cooperar com o veículo pequeno para que ele não seja obrigado a se tornar refém dos órgãos públicos. Sem o coletivo, vamos cair no jornalismo “chapa branca”.

Diante do exposto, digo que essa liberdade é mambembe e maquiada pelos grupos que detém a maior fatia no bolo publicitário. Na Bahia, por exemplo na capital, o Jornal da Bahia tombou diante da pressão de um governo autoritário. A Tribuna da Bahia também sofreu seus ataques e esteve à beira da falência.

Por que se diz por aí que a linguagem da grande mídia, resumida em quatro tentáculos poderosos, é burguesa, que não fala para o povo? Não temos um jornalismo popular. Portanto, essa liberdade, da qual tanto desejamos, não é completa. Na verdade, o que existe mesmo é um disfarce onde as ameaças e os ataques são dirigidos aos trabalhadores jornalistas, as maiores vítimas desse jogo de poder.

Sobre essa violência, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) aponta que entre 2019 e 2021 o total de casos desse tipo contra jornalistas no Brasil somou 1.066 ocorrências, número bem maior do que a soma de todos os episódios registrados pela entidade de classe entre os anos 2010 e 2018, que totalizam 1.024 situações.

Existe sim uma escalada de violência que aumentou mais ainda nesse governo do capitão-presidente, que não respeita o operário da informação em seu papel que, quase sempre, segue a linha editorial da empresa da qual pertence. Falar em liberdade, tem também que se falar de democratização dos meios de comunicação, totalmente voltados para atender os anseios da população mais enfraquecida.