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:: 8/maio/2020 . 23:02

O GENOCÍDIO DAS BESTAS FERAS

Com o mortal coronavírus em nossa cola diária, a grande mídia esqueceu de divulgar e destacar vários genocídios que estão ocorrendo em nosso território por conta das bestas feras que estão implantando um Estado de exceção na mesma linha da ditadura de 1964. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, está acontecendo um massacre de fazendeiros e milicianos fardados contra os índios guaranis, e até crianças estão sendo vítimas de balas de borracha.

A intenção das bestas feras, cujo chefe maior manda exonerar diretores do Ibama que queimaram tratores e equipamentos dos madeireiros e garimpeiros, é primeiro exterminar os índios e ribeirinhos que vivem dos produtos da floresta e depois transformar a Amazônia numa grande fazenda de gado, soja e extração de minérios, tudo para vender para o exterior. As bestas feras colocam o lucro acima da vida e, em suas veias, correm o sangue da morte. Falam de mortes de CNPJs e esquecem os quase dez mil de CPFs.

PRATICAMENTE CALADOS

Todos sabem muito bem quem são essas bestas feras sociopatas que agem como tiranos em busca do dinheiro, como sanguinários pelo ouro. Os veículos de comunicação em geral, as instituições, o judiciário, o Congresso Nacional, as entidades ambientais, os intelectuais, artistas e a sociedade estão praticamente calados, enquanto eles atuam desmatando e devastando a fauna e a flora amazôniza.

Eles não tiram férias e nem praticam o isolamento social para se protegerem do vírus. São seguidores da morte que negam a ciência e cultuam a feitiçaria do ódio e dos boatos. Dizem até que o rock é satânico; tratam os negros como arrobas; querem uma cultura impositiva patriótica; acham que menino tem que vestir azul e menina veste rosa; desconhecem a escravidão e, se existiu, foi benéfica aos descendentes; condenam a liberdade de expressão; defendem a tortura; declaram que a ditadura civil-militar de 64 foi democrática e que nem houve; e fazem apologia ao fascismo, destilando venenos.

Não somente os índios estão sendo vítimas dessas bestas feras, que já deixaram claro que o propósito é acabar com as reservas indígenas. Os pobres, negros, gays e outras categorias excluídas são desprezíveis para eles. Nem são gentes com alma. Estão inclusos no seu genocídio violento, que aumenta dia a dia, os viventes dos morros, das favelas e das periferias das médias e grandes cidades. O coronavírus passa, e as outras bestas feras vão continuar praticando suas matanças. Pouca coisa está sendo informado sobre esses outros genocídios.

As bestas feras marcham na Praça dos Três Poderes numa disfarçada “visita” ao Supremo Tribunal Federal que se caracterizou como uma invasão intimidatória. Seu chefe quer fechar o STF e criar um de 11 ministros só dele para dizer que existe democracia. Encurralado, ele está agora apelando para o troca-troca do chamado “Centrão” de deputados, que já foi classificado pela sua tropa de mentiroso, bando de ladrões e representante da impunidade.

Os criminosos do genocídio falsificam e superfaturam até respiradores artificiais para salvar vidas. Nesse tempo do coronavírus letal, até os Estados Unidos estão fazendo o papel de besta fera e se transformaram em Piratas do Pacífico, interceptando aparelhos de saúde comprados da China pelo Brasil. Que covardia do Tio Sam contra um pobre país que ele diz ser seu amigo! Quem tem um desse, não precisa de inimigo.

UMA MISTURA DO BELO E DO PROTESTO

Tenho recebido críticas e comentários de que eu devo escrever, fazer letras poéticas e composições sobre as belezas da vida e do sertão nordestino, notas líricas, mais amenas e coisas assim nessa linha, mas digo que não posso me calar diante da dor que os nossos brasileiros estão passando, e não consigo me apartar do protesto. Defendo que devemos mostrar os dois lados, e tenho procurado fazer essa mistura, mas sempre brota a revolta contra as injustiças sociais, sem abraçar nenhuma linha partidária política.

Não quero me virar num cão raivoso intolerante como essas bestas feras do genocídio, mas me comove muito o clamor dos desassistidos quando derramam suas lágrimas de sofrimento e fazem apelos desesperadores de socorro que nunca chegam, ou tardam a chegar em muitos casos. Por isso é que minha linha é muito mais de denúncia. Entendo que o artista nunca pode ser omisso quanto a realidade. Fora disso, a arte fica capenga por mostrar somente uma face. E a outra besta fera fica oculta?

 





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