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MALDITOS SELVAGENS

Poema de autoria do jornalista Jeremias Macário

Na terra dos índios nativos,

Cobiçadores se embrenharam,

E o sangue dos vivos derramaram,

Na procura louca do vil metal,

Para a coroa de Portugal.

 

Do Periperi fizeram lixão,

Do cascalho, criaram a miséria;

Rasgaram suas sedas vestes;

Arrancaram raízes e pedras;

E infectaram tudo de pestes.

 

Como lobos feras,

Sangraram a Serra,

Com buracos e crateras,

De lunares esferas,

Primatas das antigas eras;

Urinaram na virgem floresta,

Como se tudo fosse festa.

 

Bandidos do nosso agreste,

Das extrações de areias;

Entupiram suas veias,

Os minadouros d´água,

Que jorravam do clarear

Ao anoitecer do dia,

E na noite de serenata,

Prateavam flores ao luar.

 

Bandos de lunáticos tarados,

Nela escarraram e treparam;

Ergueram barracos dependurados,

Feitos de cipós, madeira e barros,

Entre prédios altos concretados,

E pistas asfaltadas para os carros.

 

Malditos e brutos selvagens!

Que com a serra depredaram

Nossas lindas naturas paisagens,

Que de longe se avistava,

O azul e o verde das matas,

Que cobriam e protegiam

O nosso Sertão da Ressaca.

TUDO ESTÁ DOMINADO NA DEMOCRACIA ABSOLUTISTA DA PSICOPATIA BRASILEIRA

O NÚMERO DE MORTES SÓ FAZ AUMENTAR. “E DAÍ”…

Infelizmente, ainda tem milhões de brasileiros que acreditam que o capitão-presidente Bozó é um democrata, mesmo com sua explícita negação de que houve uma ditadura civil-militar no país a partir do golpe de 1964. Para ele, foi uma ditadura democrática, como se essa aberração política fosse possível. Estamos vivendo num país surreal.

Com sua “democracia absolutista” tupiniquim, um novo regime excêntrico criado no planeta, agora está ficando tudo dominado. O capitão-presidente também passa a exercer a função de diretor Geral da Polícia Federal, porque o Alexandre Ramagem por ele nomeado, com cara de calango, come na cozinha da família e não vai passar de um boy de recado.

“TERRIVELMENTE EVANGÉLICO”

No Ministério da Justiça e da Segurança Pública, um “terrivelmente” evangélico foi indicado para propagar o seu fundamentalismo em que o Brasil já está vivendo, embora o cara tenha um bom currículo, que está sendo jogado no lixo. O esquema está montado para que logo ele engrosse as fileiras do Supremo Tribunal Federal.

Mesmo assim, os fanáticos acham que o capitão está adotando boas práticas de governo, como a de interferir nas ações e nas investigações da Polícia Federal, que deveria servir apenas ao Estado, e não a um presidente desequilibrado de plantão. Somente alguns ditos da esquerda reagem, enquanto os extremistas conservadores evangélicos e os generais vão armando e ditando seus esquemas absolutistas de poder.

Por muito tempo, “cantei essa pedra” no meio do caminho, como disse o poeta, mas quando falava ninguém levava isso em conta, entendendo que não existia mais terreno para retrocessos tão maléficos para a nossa nação já esbofeteada, dilacerada e ensanguentada por governos passados.

“E DAÍ”

Ao lado dessas estratégias de dominação intervencionista das instituições, inclusive do conservador e oligárquico Congresso Nacional, com a compra de deputados e senadores, a população brasileira assiste estarrecida e em pânico, todos os dias, o aumento exponencial de mortes pelo novo coronavírus, com enterros coletivos em muitos estados.

“E daí” – assim respondeu com indiferença e desdém o capitão-presidente sobre a crítica situação do índice elevado de mortes. Os genocidas e os seguidores da morte, como ele incluso, também nem estão aí, e defendem o fim total do isolamento social que, na verdade, é uma falácia e um faz de conta porque a pobreza está nas ruas, amontoada em filas nas agências bancárias para tirar um auxílio que não é liberado devido a burocracia de códigos e a incompetência do governo federal. Ou será que tudo é proposital para que haja um massacre em massa? “E daí”…

Essa Covid-19 é mortal, mas como disse o meu amigo e companheiro jornalista Carlos Gonzalez em seu comentário, a “fome é a maior pandemia” que há anos vem matando milhões no mundo e no Brasil, principalmente, por ser um país de milhões que vivem na miséria. Como mandar esse povo faminto ficar em suas casas?

O cenário, infelizmente, é assustador, mas os responsáveis criminosos continuam curtindo suas mordomias e tomando seu uísque importado porque sabem que nunca serão punidos pelo crime de lesa-humanidade. Um ministro da Saúde, com a cara de coveiro, esconde os números e segue as orientações do seu chefe, sem apresentar um plano para conter o massacre que já está ocorrendo.

Os fanáticos preferem aplaudir a psicopatia de um governo, porque ainda carregam em seus corações o ódio e o rancor contra o PT, como se estivessem em plena campanha eleitoral. Nem o devastador coronavírus conseguiu aplacar a intolerância. O silêncio é atormentador e a grande maioria se faz de muda, surda e cega.

Não são essas doações, onde muitos fazem questão de aparecer nas imagens, que vão resolver o problema desses milhões que madrugam nas filas humilhantes e desumanas, de tantos choros e lágrimas, para sacar um benefício do alimento para matar a fome.

É duro e dolorido dizer isso, mas no Brasil da democracia absolutista, o número de mortes só tende a crescer. Milhares já estão sendo sepultados por falta de leitos e equipamentos hospitalares. Os que estão trabalhando e ganhando seus salários, mesmo os mínimos, deviam agradecer e se compadecer daqueles que estão passando fome nas filas.

 

 

FOME – A MAIOR DAS PANDEMIAS

  • Carlos González – jornalista

O mundo está mobilizado neste instante numa guerra contra um inimigo invisível a olho nu. As grandes nações têm se mostrado impotentes para contê-lo. O Covid-19, no seu avanço destruidor, já contaminou quase 3 milhões de pessoas e tirou a vida de 180 mil, não respeitando a situação econômica de suas vítimas.

Se hoje os Estados Unidos lideram as estatísticas, as autoridades sanitárias prevêem que, no futuro, se medidas não forem tomadas, o vírus irá dizimar as populações mais pobres, aquelas que, há séculos, convivem com um inimigo muito mais perigoso: a fome.

Fotos – jornalista Jeremias Macário

Conhecida mundialmente como “o maior flagelo da humanidade”, a fome, curiosamente, deixa de ser relacionada por pesquisadores e historiadores entre as maiores pandemias que levaram a desolação ao planeta, a partir do momento em que o homem passou a comercializar o alimento. Essa praga, que “contamina” aqueles que vivem abaixo da linha da pobreza, não necessita de pesquisas e testes em laboratórios para ser eliminada. Já existe uma “vacina”: comida.

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 8.500 crianças morrem diariamente por desnutrição no planeta. Os números são imprecisos, mas, de acordo com o último relatório divulgado por cinco agências da Organização das Nações Unidas (ONU), 820 milhões de pessoas no mundo passam fome, responsável pela morte de quatro pessoas por segundo.

Os países do sul da Ásia e da África Oriental são os mais vulneráveis, mas os especialistas projetam um cenário preocupante para a América Latina e Caribe, onde a crise de alimentos afeta 42,5 milhões de pessoas (6,5% da população). O Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas prevê que  mais 130 milhões de pessoas passarão este ano a fazer parte desse grupo, devido às conseqüências econômicas causadas pelo novo coronavírus. Ao contrário do que se imagina, a fome não é causada pela falta de alimentos, cuja produção é suficiente para nutrir toda a população do planeta.

No Brasil, somada ao enorme desperdício de alimentos, está a concentração de renda (10% dos mais ricos detêm quase toda a renda nacional), de produção (as terras estão nas mãos de poucos) e de informação. O Brasil que come não enxerga o Brasil que tem fome. Essa tragédia silenciosa está escondida nos rincões do país e nas periferias das cidades.

 

A insegurança alimentar aguda no Brasil afeta 7,2 milhões de pessoas e 32 milhões de subnutridos. Há outros fatores que colocam o país no mapa da fome: a dificuldade de acesso aos alimentos e a exportação da maior parte do que o agronegócio produz. O que causa revolta é saber que a soja e o milho servem como comida dos animais no exterior. O volume das nossas vendas de alimentos – o Brasil ocupa o segundo lugar no mundo, auferindo anualmente79 bilhões de dólares – daria para nutrir o dobro da nossa população.

Presidente e poeta, vítimas

O mundo tem testemunhado, ao longo dos séculos, o surgimento de micro-organismos (bactérias e vírus) muito mais letais do que o novo coronavírus, embora não possamos fazer uma avaliação do que nos prepara o futuro. Especialistas têm feito previsões alarmantes, que nos transportam, aqui no Brasil, para a maioria dos 5.570 municípios brasileiros, onde a assistência médico-hospitalar se assemelha com as de 1918 e anos subsequentes, quando a gripe espanhola matou 35 mil pessoas. Vale destacar a cidade de Santo Antônio de Jesus, uma das 20 mais populosas da Bahia, que até o momento não registrou nem um infectado pelo covid-19, devido às medidas, algumas de caráter preventivo, adotadas pelo governo municipal.

Há um século o Brasil lutava contra o vírus H1N1, nosso velho conhecido, o agente da gripe espanhola (o nome não condiz com sua origem, que se deu numa base militar dos Estados Unidos, sendo levado para a Europa pelas tropas norte-americanas na Primeira Guerra Mundial), que causou mais de 50 milhões de vítimas, entre janeiro de 1918 e dezembro de 1920. Pelos dados oficiais, 35 mil pessoas morreram no Brasil; 386 em Salvador.

Sem medicamentos ou vacinas para sanar o mal, a população se valeu de várias fórmulas – uma delas, uma mistura de cachaça, mel e limão, que mais tarde se tornou uma bebida nacional, a caipirinha. As recomendações das autoridades sanitárias, curiosamente, eram as mesmas que hoje são indicadas pela OMS, ministério e secretarias de Saúde.

“Desembarcando” em setembro de 1918 no Rio de Janeiro, vinda de um navio procedente da Europa, o H1N1 encontrou um campo fértil na antiga capital federal, em São Paulo e Salvador. Uma das suas vítimas foi o presidente Rodrigues Alves, falecido em 16 de janeiro de 2019, aos 70 anos, antes de tomar posse para um segundo mandato. No seu primeiro período no cargo – 1902 a 1906 – o quinto presidente da República e seu ministro da Saúde, sanitarista Oswaldo Cruz (1872-1917), sufocaram uma rebelião popular contra a lei que obrigava a vacinação contra a varíola. A revolta, que se seguiu a uma tentativa de golpe, durou uma semana, deixando um saldo de 30 mortos, 110 feridos, 945 presos na Ilha das Cobras e 461 deportados para o Acre.

A peste negra ou peste bubônica, ocorrida na antiga Eurásia, entre os anos de 1335 e 1351, é considerada como uma das maiores epidemias registradas pela História. Transmitida pela pulga de roedores, a doença matou mais de 100 milhões de pessoas, reduzindo, consideravelmente, a população mundial.   Passou a ser controlada com medidas de higiene e saneamento adotadas pelas cidades.

Três mil anos foi o tempo estimado de permanência do vírus da varíola no planeta. Na Antiguidade, contaminou o faraó Ramsés II, a rainha Maria II, da Inglaterra, e o rei Luiz XV, da França. No período dos descobrimentos chegou às Américas dizimando populações indígenas. Sua fase mais letal se deu entre 1896 e 1980. Foi erradicada após uma campanha de vacinação em massa.

O bacilo de Koch, causador da tuberculose, não foi completamente eliminado, haja vista que continua colocando em risco de vida os habitantes das regiões mais pobres do mundo. Recentemente, contaminou os portadores do vírus da Aids. A tuberculose privou muito cedo a cultura do nosso maior poeta, Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871). Um tiro acidental no pé, seguido de amputação, agravou o sofrimento do autor de “Navio Negreiro”.

A gripe suína (H1N1) foi a primeira pandemia deste século. Surgiu em 2009, no México, transmitida por porcos, espalhando-se rapidamente pelo mundo e causando a morte de 18 mil infectados. Em agosto de 2010 a OMS declarou o fim da doença. Além de se manifestar nos pacientes das gripes espanhola de suína, o vírus influenza, que ainda não foi totalmente erradicado, se manifestou nas gripes russa (1889-1890), asiática (1957-1958), de Hong-Kong (1968-1969) e aviária (1997 e 2004).

O mundo ainda não se viu livre da sua última tragédia viral. A Aids, causada pelo HIV, continua a fazer vítimas, em menores proporções, em virtude do tratamento com medicamentos – o primeiro deles foi descoberto em 1986 – antirretrovitais, que evitam o enfraquecimento do sistema imunológico. O vírus foi localizado nos Estados Unidos, em junho de 1981. Os infestados somam 76 milhões, com 36,7 milhões de mortos. O compositor e cantor Cazuza (1958-1990) foi um dos brasileiros sacrificados.

 

 

O BRASIL É SÓ TENSÃO

O Brasil é como um paciente com doenças crônicas de diabetes, câncer, pressão arterial alta, problemas coronários e psíquicos, há tempos no corredor de um hospital na espera de uma vaga na UTI. Precisa, urgentemente, uma equipe médica altamente especializada para salvá-lo.

Como um barco à deriva, sem comando e sem guia, o Brasil é só tensão em meio ao coronavírus e à insensatez de um desequilibrado e despreparado capitão-presidente que mistura democracia com autoritarismo e prepotência. O que estava ruim, tornou-se pior e não se sabe quando o país chegará ao fundo do poço para que renasça a esperança da sua emersão.

Depois de jogar o seu currículo no lixo e mostrar a sua cara de ambição pelo poder, como tantos outros que estão no ministério de um governo trapalhão, recheado de generais, o Moro se despede cuspindo fogo pelas ventas e revelando o esquema ditatorial e fascista da família Bozó, que está transformando o Brasil numa nação dos absurdos.

Nero mandou incendiar Roma porque achava sua arquitetura feia, escura e cinzenta. Ao tocar sua harpa desafinada, colocou a culpa nos cristãos. Por essas terras tupiniquins, existe um plano diabólico do comunismo por trás de tudo que acontece de mal, e nem a Covid-19 ficou fora desse “inimigo maléfico” dos extremistas de direita e dos seguidores da morte.

Nesse turbilhão de incertezas e desmandos, o povo caminha em círculo e age como como gado sendo levado para o matadouro. Os mais pobres são as maiores vítimas do massacre em massa, principalmente nessa era do corona, enquanto os ricos e poderosos continuam a faturar. Cada governante faz o seu decreto particular, e lá do alto os mandatários são os primeiros a não dar exemplo, como no caso correto do uso das máscaras, que até há pouco tempo, para nada serviam.

As notícias são as mais macabras e fúnebres. De um lado a rede Globo estampa todos os dias os milhões de reais de doações dos grandes empresários das maiores fortunas, e do outro mostra o colapso na saúde, a escassez de equipamentos hospitalares e as lágrimas das famílias que perdem seus entes queridos e não podem nem acompanhar seus sepultamentos. Para onde está indo tanto dinheiro?

Em tempo de coronavírus, o capitão-presidente reúne seu estafe de bonecos perfilados, um colado ao outro (só o ministro Paulo Guedes usava máscara), para rebater as declarações do ex-ministro Moro que o acusa de falsidade ideológica e interferência na Polícia Federal, para proteger a ele mesmo, seus filhos e seus deputados sob investigação no Supremo Tribunal Federal.

Os imbecis gritam intervenção militar em aglomerada manifestação, e a população mais carente (todos misturados) enfrenta filas intermináveis nas agências bancárias e nas lotéricas, na ansiedade de pegar um auxílio social, para matar a fome. Mandam que todos fiquem em casa, mas “se ficar o bicho pega, se correr o bicho come”. Tudo parece um vale de lágrimas numa nação sem liderança. Todos os dias são dias de tensão e de estresse, com semblante triste de depressão. As informações são as mais desencontradas e controladas, inclusive pelo novo ministro da Saúde, com cara de coveiro. As redes sociais fazem suas apostas nas fake news e nos memes, com “piadas” de humor negro.

Cada um se vira como pode, e nesse faroeste bang-bang, leva a melhor quem for mais rápido no gatilho. É um salve-se quem puder, e sempre perde o mais fraco que é também atingido pelas enchentes e os deslizamentos de terras em decorrência das torrenciais chuvas. Tudo é confusão, e todo dia no Planalto é dia de tensão e atrapalhadas.

 

 

CONQUISTA E O CORONA

As fotos são do meu companheiro de trabalho no “A Tarde” durante muito tempo, José Silva, que registrou a atual Vitória da Conquista em vários ângulos. É um arquivo precioso e histórico. Como todo Brasil, a cidade também está atravessando sua crise do corona, mas, infelizmente, sem o pleno isolamento social, de cada um ficar em sua casa. Aliás, num país pobre como o nosso, isso é impossível e uma falácia. Há mais de um mês, o prefeito decretou fechamento do comércio, mas depois foi liberando outros setores não essenciais. Foi a única cidade em que os empresários fizeram uma carreata pedindo a reabertura do comércio lojista. Nesta semana, caiu visivelmente a tal quarentena, e o que se vê é a circulação exagerada de muita gente e carros nas ruas da cidade. Já morreu uma pessoa vítima do coronavírus, e tudo indica que haja uma quebra geral do isolamento social, com a obrigatoriedade apenas do uso de máscaras, que antes os infectologistas diziam não terem muita valia, mas agora recomendam. Estamos num Brasil desordenado e confuso onde o governo federal é a favor da volta às atividades, e governadores e prefeitos tomam suas próprias decisões. O povo fica a bater cabeça, e as maiores vítimas são sempre os pobres, chegando a passar fome, na espera de doações individuais e de algumas entidades. Não sabemos o que pode vir por aí. O sistema de saúde sempre foi precário e deficitário e a situação se agravou com a Covid-19.

INQUIETUDE (2003-2020)

Este poema do jornalista Jeremias Macário começou em 2003 e terminou em 2020,

e teve uma história de um rascunho resgatado agora por acaso

Existe dentro de mim uma inquietude,

Uma ansiedade do existir,

Procura do ser e do ter,

Dúvidas eternas do sentido;

Medo do que estar por vir,

De uma alma empedernida,

Que quer voar…

Navegar pelo infinito,

Sufoco no grito,

Vivo em caminhos de labirinto,

Ser – ter e o querer

Despedaçado nos pergaminhos.

 

Cá estou ouvinte de dois mil e vinte,

E ainda me intriga esse mistério

Do existir, mas sem medo do espinho,

Vou na quietude dessa inquietude,

Roendo a corda da filosofia,

Mais perto dessa finitude,

Peregrina viagem de um alienista,

Com um pouco mais de sabedoria,

No duelo desafio do não e do sim,

Desse angustiado humano desumano,

Ampulheta da vida consumista,

Que leva o planeta ao seu fim.

 

 

 

A SAÚDE JÁ VIVIA EM COLAPSO ANTES DA COVID-19 E EM CONQUISTA O COMÉRCIO ESTÁ PRATICAMENTE ABERTO

NUNCA IMAGINEI QUE NO BRASIL EXISTIA TANTA GENTE IDIOTA E DE PENSAMENTO RETRÓGRADO, QUE FOSSE FALAR TANTOS ABSURDOS E BESTEIRAS. ELES ESTAVAM INCUBADOS NUMA CÂMARA FRIGORÍFICA E COMEÇARAM A SE REVELAR HÁ POUCO MAIS DE UM ANO. DENTRE TANTAS IDEIAS ESTARRECEDORAS, O CORONAVÍRUS FOI UM PLANO DE GLOBALIZAÇÃO COMUNISTA.

Este assunto está recheado de declarações aberrantes, inusitadas, preconceituosas, racistas, homofóbicas, xenófobas e misóginas, mas vou direto ao ponto da questão da saúde em nosso país. No meu modesto entendimento, a saúde no Brasil já vivia em colapso bem antes do coronavírus. Tornou-se mais aguda a partir da pandemia desse vírus, que entortou todas as críticas e fez aparecer conceitos inimagináveis em se tratando de ser humano.

Quero dizer que a culpa do esgotamento da capacidade hospitalar não está somente na Covid-19, visto que o sistema como um todo já era precário e altamente deficitário, onde milhares morriam nas portas dos hospitais por falta de vagas. A prova de tudo isso está em imagens registradas por pacientes e em reportagens da própria mídia, mostrando cenas de horror, choros e ranges de dentes.

Acontece que atualmente o foco é o coronavírus que fez aumentar, de forma acelerada, o número de mortes, superlotando mais ainda a rede hospitalar. O vírus apenas, de forma cruel, serviu para agravar mais ainda o caos que já existia por falta de investimentos maciços no setor que já vivia em estado terminal. Nunca se imaginava que viria por aí uma avalanche de doentes para piorar mais ainda o quadro, que já era de calamidade pública.

Até antes da pandemia, a imprensa escancarava, vez por outra, as mazelas do setor e casos desumanos de gente vindo a óbito por falta de atendimento. Até pouco tempo, não se fazia tanto alarme como ocorre agora. Os veículos de comunicação noticiavam a falência do sistema, as sujeiras nos hospitais, a escassez de equipamentos e materiais, o clamor das pessoas na batalha por uma vaga e depois esqueciam tudo por um determinado tempo.

PRATICAMENTO VOLTOU A FUNCIONAR

De uma questão a outra, e esta de cunho mais local, nesta semana o comércio de Vitória da Conquista praticamente voltou a funcionar, com mais lojas abertas, inclusive segmentos que deveriam estar fechados, e muito mais gente e veículos circulando nas ruas, como em dias normais antes do decreto municipal de baixar todas as portas, com exceção dos setores essenciais.

Como a fiscalização é falha, por falta de mais recursos humanos, somente o centro da cidade mostra uma cara de comércio fechado, e olha que não estou me referindo às filas nas lotéricas e agências bancárias. No Bairro Brasil, por exemplo, praticamente tudo está funcionando. Vitória da Conquista é considerada a capital do Sudeste, girando em torno dela cerca de 80 municípios, sem contar que é entroncamento para várias regiões do país. Imagina esse contingente de todas as partes aglomerado na cidade!

Sempre tenho dito que esse isolamento social, de todos em casa, é uma falácia no Brasil, que mal chega a 60 ou, quando muito, a 70% em alguns locais. Em Conquista, por exemplo, se for fazer uma pesquisa, esse isolamento não alcança 40%, e ontem a impressão foi que tudo voltou à normalidade. Defendo o tudo ou nada. Essa tal de flexibilização no Brasil não funciona.

Vários estados e municípios estão abrindo suas porteiras e não se sabe o que pode ainda vir por aí, tendo em vista que especialistas afirmam que o país ainda não chegou ao seu pico da crise, como já ocorreu em diversos países da Europa. Temos um governo confuso que está com o propósito de esconder as informações, pouco dando importância para as mortes.

 

 

 

O MASSACRE BRASILEIRO E O EXTERMÍNIO EM MASSA DOS MAIS POBRES

Primeiro é o monstro da corrupção (roubam bilhões dos cofres públicos), que ainda continua a fazer o seu massacre, eliminando, lentamente, a vida de milhões de brasileiros através da precariedade na educação, na saúde e com a disseminação da miséria e da fome.

Agora, num país já em situação de terra arrasada pelos poderosos do capital (acharam de soltar umas migalhas em forma de solidariedade), vem a pandemia do coronavírus que, sem piedade, e de forma dolorosa, espalha medo, pânico e terror, e deixa, rapidamente, o seu rastro maléfico da morte por onde passa.

Numa nação de Terceiro Mundo.

Desde colônia, a história do Brasil está repleta de massacres e teve seus tiranos genocidas, sem falar das pestes e das doenças, típicas de uma nação de Terceiro Mundo. Nesses mais de 500 anos, as maiores vítimas sempre foram os mais pobres que ficaram para trás antes do tempo. No momento atual, não está sendo diferente, e estamos vislumbrando um cenário ainda pior onde poderá haver um extermínio em massa.

Tomara que esteja sendo alarmista, mas num país atrasado em praticamente todos os setores, com suas finanças em frangalhos e com um governo sem unidade federativa, que estimula a debandada de todos para as ruas, contrariando as recomendações da ciência, só posso enxergar um quadro de colapso total, e uma mortandade sem igual nesses mais de cinco séculos desde a chegada de Cabral.

Na verdade, os mais pobres são os maiores grupos de risco, e nem tanto os idosos como se convencionou a dizer desde o início da pandemia, como se fossem portadores do Covid-19. Milhões deles (os pobres e aposentados do salário mínimo) se aglomeram e se arriscam nas filas dos bancos e nos postos de doações de alimentos, na ansiedade de receber algum auxílio social. Outros milhões de desempregados e informais ficaram a ver navios, diante de uma pedra no meio do caminho do passo a passo dos aplicativos e dos telefones que não funcionam.

A falência do sistema de saúde, que já existia desde antes do coronavírus, com pacientes falecendo nos corredores dos hospitais por falta de leitos e atendimento médico, agravou-se ainda mais, e as pessoas choram seus mortos em distância, numa dor ainda mais doida e aguda porque não podem realizar seus rituais de sepultamentos, na maioria coletivos. Do outro lado, a imprensa divulga a criação da telemedicina nas unidades particulares, como grande feito, mas esquece de estampar a outra triste realidade daqueles que dependem da saúde pública e penam por uma consulta presencial.

Num país à deriva

O capitão-presidente, num país à deriva, vivendo um massacre em massa, diz que tudo não passa de uma “gripezinha” e vai às ruas pegar na mão de seus seguidores da morte e pregar o fim do isolamento social que, a esta altura, já é uma falácia quando a pobreza é obrigada a desobedecer a quarentena porque com fome ninguém consegue ficar parado.

Para completar o quadro de horror, o “Bozó” exonera um ministro da Saúde e nomeia outro para encobrir as informações sobre o massacre seletivo. Com todo esse caos, o novo titular da pasta ainda está conversando com seu chefe sobre a montagem do seu gabinete, com a indicação de mais um general para mandar seus soldados baterem continência. Vergonhosamente, vivemos num país submisso às ordens e às posições do destemperado e desequilibrado Trump, dos Estados Unidos, que cortou a ajuda à OMS.

Imagens de terror e o nazifascismo

Na posse, todos se misturam, se abraçam e se beijam, inclusive o demitido que pregou uma coisa e fez outra, dando má exemplo para o povo em polvorosa. Do outro lado, a mídia escancara as imagens macabras nos hospitais e nos cemitérios lotados. São cenas de filmes de ficção apocalípticas que deixam os lares abalados. Aumentam o medo e o pânico, como se todos estivessem num prédio de mais de 50 andares em chamas.

Em meio a todo esse massacre brasileiro, ainda aparecem os aproveitadores, cafajestes e oportunistas de plantão parta superfaturar os preços dos equipamentos hospitalares e obras destinadas a construir novos leitos para atender os contaminados. Milhares estão morrendo por falta de UTIs, principalmente os pobres que só têm o plano do SUS.

Para completar esse “Inferno”, de Dante Alighieri, um grupo de nazifascista, de imbecis e idiotas vai às ruas para pedir uma intervenção militar no Brasil já arrasado, o fechamento do Congresso Nacional e do Tribunal Superior Federal. O capitão vai até lá para elogiar a ação e fala de “democracia”, que ele mesmo menospreza com suas atitudes contra repórteres e as minorias. Na verdade, já vivemos num regime militar disfarçado onde o quartel-general é o Planalto.

Enquanto isso, na surdina, a Amazonas vai sendo derrubada pelos madeireiros e fazendeiros, que nem querem saber se um vírus está devastando o país. Eles preferem o fogo. Os garimpeiros, com suas máquinas assassinas, deixam seus escombros e expulsam os índios de suas terras. A humanidade gasta trilhões de dólares em armas por ano, mas não é capaz de derrubar um vírus maligno. Não é uma ironia? É isso aí, a história está cheia de fatos e exemplos onde os pobres sempre foram massacrados e exterminados.

 

SEM A TRADIÇÃO DO SEPULTAMENTO

É muito triste e angustiante você acompanhar de longe o sepultamento de um ente querido como está acontecendo nessa turbulência da pandemia do coronavírus. Sempre existe toda aquela tradição do velório, das preces e das despedidas até o cemitério quando o caixão é arriado ao túmulo. O choro agora está sendo mais doído, e o tempo vai demorar mais de curar a dor, se bem que ele nunca tem esse poder do esquecimento. No Brasil de um governo genocida, com seus seguidores e anjos da morte, infelizmente, muitos vão ter ainda que obedecer esse ritual estranho à nossa cultura por causa de psicopatas e nazifascistas que nem estão ai para os milhares que já se foram, vítimas desse Covid-19, que mudou comportamentos, ideias e sentimentos em todo mundo. Em nosso país estamos caminhando para um massacre humano, se os políticos e os governantes sérios, se é que ainda existem, e toda sociedade junta não derem um basta nesse governo psicopata que contesta a ciência e a medicina, e defende a exposição frontal ao vírus. Até quando vamos ter que sepultar nossos parentes e amigos à distância? O povo tem que reagir e dar um basta nessa loucura. Queremos sim, continuar vendo fotos de todos juntos e unidos, em um só pensamento, como esta do jornalista Jeremias Macário, em um cemitério da cidade, bem antes do surgimento do corona, e não clicar de longe um enterro. Todos contra a esse massacre genocida!

BRASIL SACO DE PANCADA

Poema inédito do jornalista Jeremias Macário

Dos colonizadores, veio toda escória,

Num povo que perdeu sua memória,

Na pastagem se fez gado em manada,

E o Brasil virou saco de pancada.

 

Nas índias esporraram suas doenças,

Jesuítas impuseram as suas crenças,

Como legado deixaram a corrupção,

E o Brasil virou saco de pancada.

 

Enforcaram os inconfidentes mineiros,

O rei criou conselheiros hereditários,

Nos engenhos uma África escravizada,

E o Brasil virou saco de pancada.

 

Do império, uma República de bananas,

Dos senhores donos dos cafezais sacanas,

Tramaram as ditaduras na noite calada,

E o Brasil virou saco de pancada.

 

Nas rebeldias trucidaram os trabalhadores,

Montaram várias castas de ladrões traidores,

E os pobres continuaram puxando enxada,

E o Brasil virou um saco de pancada.

 

A esquerda concluiu com a direita safada,

Depois de toda tempestade veio a psicopatia,

De seguidores da morte em fanática histeria,

E o Brasil virou saco de pancada.

 

O capital criou o barraco, a arma e a fome,

Se ficar ou se sair da vigarice o bicho come,

E a grande mídia burguesa lança sua granada,

E o Brasil aqui e lá fora só leva pancada.





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