E EVOLUÇÃO RELIGIOSA NO IMPÉRIO ROMANO
O espírito racionalista grego desde o período republicano romano começou a perder terreno para uma atitude religiosa e mística, tanto no Oriente, na Idade Helênica, como no Ocidente após as guerras civis do século primeiro a.C. Correntes religiosas conquistaram o povo no século I da era cristã.
O interesse pela religião não morreu com Augusto. A religião do Estado visava o imperador e a Trindade de Júpiter, Juno e Minerva. Essa religião era o centro da vida das cidades e do exército. Deferia das religiões das guerras civis e da divinização de Augusto como salvador. O livro “História de Roma”, de M. Rostovtzeff conta toda trajetória desta evolução.
O estoicismo e outros meios de satisfação
O culto estatal da antiga Roma e do imperador tornou-se sem vida e impessoal. O povo se reunia nos templos e prestavam tributos ao poder divino, graças à existência do Império. Esses ritos não proporcionavam consolo para aliviar as dificuldades. Além do culto ao imperador, a consciência religiosa exigia outros meios de satisfação.
As classes educadas valiam-se do estoicismo com sua moral e teologia panteísta. O estoicismo era frio, lógico. A astrologia era insatisfatória. Era natural que o racionalismo estoico desse lugar à versão mística platônica e pitagórica, e florescesse o conhecimento espiritual esotérico. No final do século II, essa tendência conquistou novos adeptos e produziu personalidades notáveis pregando o neoplatonismo.
Nos primeiros dois séculos, os principais representantes da religião e da filosofia são Epicteto (escravo), Sêneca (Senado) e Marco Aurélio, o imperador. No III século, Plotino foi o grande pensador e profeta. Essa escola formula uma teologia e uma doutrina dos meios onde os poderes espirituais podem ser colocados à serviço do homem. Estes são os combatentes na batalha contra o cristianismo.
As classes médias, ora seguem as superiores, ora as inferiores. As mais baixas alimentavam o sentimento religioso. Nos dois primeiros séculos mantém a tendência aos cultos locais. Na Itália, volta o culto doméstico dos Gênius, Lares e Penates, que preservou a vida, a prosperidade da casa e da família. Continua existindo a velha religião greco-romana dos deuses e deusas – a Fortuna e Mercúrio.
Culto aos próprios deuses
As províncias rendiam homenagens aos seus próprios deuses. Os celtas dedicavam louvor aos deuses da natureza, do estado, fadas e ninfas. Os trácios, aos deuses das florestas, jardins, caçadores e guerreiros. Os ilírios, aos deuses das montanhas. Os africanos se voltavam para as divindades bérberes e semitas (Baal e Tanit, Saturno, Juno e Celeste). Os anatólios adoravam a Grande Mãe. Os Sírios tinham variedades ao deus sol. O Egito mantinha sua antiga religião – Serápis – e a uma versão de Ísis. Nunca se levantaram tantos templos e altares e se sacrificaram mais vítimas na história.
Cultos orientais se difundiram. Essa tendência cresceu no período persa e ficou forte na época helênica entre o Império Romano. As mais antigas religiões eram as egípcias e anatólias (Serápis, Ísis e Harpócrates) e o culto à Grande Mãe, deus dos céus, do sol, Mitras e Sabázio. Cada uma tinha suas teologias, com ritos místicos e hierarquia sacerdotal.
O CRISTIANISMO
A AMAZÔNIA EM CHAMAS!
A cena nos faz lembrar a Roma em Chamas de há mais de dois mil anos quando o maluco do imperador Nero mandou tocar fogo na capital do “mundo civilizado” daquela época, só porque achava feia a arquitetura da cidade, e dizem alguns historiadores que ele colocou a culpa nos cristãos, muitos dos quais foram suas vítimas, perseguindo pensadores, intelectuais e filósofos. Enquanto Roma queimava, Nero alimentava seu ego tocando harpa.
Pode até ser uma comparação não muito feliz e fora de tempo, mas a verdade é que a nossa Amazônia está em chamas em pleno século XXI, e quem é o Nero, ou os Neros que estão a fim de destruir nossa imensidão de floresta, que também é o oxigênio e a biodiversidade do mundo? Será que ela é tão feia e queremos transformá-la num descampado desértico sem árvores, para lucrar com a venda da madeira; criar gado; e plantar grãos exportáveis?
OS CULPADOS
Agora, não são os cristãos os culpados pelas labaredas que estão consumindo a Amazônia, mas as Ongs e os ambientalistas, conforme aponta o dedo do capitão-presidente do Brasil, que chegou a elogiar os destruidores de florestas; tudo está fazendo para flexibilizar as leis de preservação ambiental; ameaçou expulsar as tribos indígenas de suas reservas; mandou cortar verbas, reduzindo as fiscalizações contra os depredadores; falou em transformar Angra dos Reis numa Cancun mexicana; e ainda desmentiu as previsões macabras dos desmatamentos feitas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais -Inpe.
Talvez ele tenha incorporado o espírito do imperador Nero por achar a mata amazônica uma construção feia da natureza, e aí abriu a senha estimuladora para que os lenhadores grileiros capitalistas e fazendeiros com seus capangas avançassem com os desmatamentos, seguidos de incêndios criminosos que aumentaram em mais de 300% em pouco tempo. Em um ano, uma área de 500 mil campos de futebol foi destruída, o que equivale a meio bilhão de árvores.
Hitler também culpou os judeus e outras etnias julgadas inferiores pelas mazelas que aconteceram na Alemanha quando estava com sua economia dilacerada. A história está repleta de narrações nefastas de ditadores e tiranos que praticavam suas crueldades e colocavam a culpa em seus adversários que, segundo eles, queriam derrubá-los do poder. Eles se auto intitulavam de nacionalistas, e também condenavam outras nações que reagiam contra suas ações maléficas. Num mundo globalizado, até onde vai o limite da soberania nacional? As críticas que vêm de fora podem ser consideradas como interferência estrangeira nas questões do nosso país?
A poluição do meio ambiente nos Estados Unidos e na China não é só uma questão dos norte-americanos e dos chineses. A destruição também afeta toda humanidade, principalmente nos tempos atuais onde o planeta virou uma aldeia. Um fogo no nosso quintal incomoda toda vizinhança, que até pode intervir e ir de encontro ao discurso de que sua casa é um território privado, e que você pode fazer dela o que bem quiser.
CHAMA AS FORÇAS ARMADAS
Um presidente da República não pode aparecer na mídia fazendo suposições sem provas, como agora no caso da Amazônia, e em relação à morte do filho do presidente da OAB durante à ditadura, de que foram as próprias organizações armadas da época que o eliminaram, quanto mais dizer para a nação de que “estamos no caos”. Um líder verdadeiro não precisa mandar recado de que é ele quem manda, e não é presidente banana. Não soa contraditório afirmar que “meus ministros são livres, mas sou eu quem manda? São sinais do autoritarismo.
Não é somente a Amazônia que está em chamas com a elevação das queimadas, mas todo o Brasil que, infelizmente, está se afundando com a mediocridade e a incapacidade. Os grandes talentos, cientistas e técnicos preparados estão simplesmente sendo excluídos do nosso cenário para comandar instituições e resolver problemas críticos. A ordem agora é chamar as forças armadas para, literalmente, apagar os incêndios, como o real que está ocorrendo na Amazônia.
As forças armadas agora viraram bombeiros? Rebelião nos presídios e violência nas capitais, chama as forças armadas. Suas reais funções foram desvirtuadas, e isso faz com que sua “credibilidade” seja cada vez mais minada. Seu pronunciamento de postura nacionalista militar em rede de televisão, sem contar declarações preconceituosas e descabidas, como faça cocô dia sim, dia não, para preservar o meio ambiente, afundam mais ainda a imagem do Brasil lá fora.
NADA ENGRAÇADO – Não existe nada engraçado no que o capitão-presidente diz, nem se deve menosprezar seus insultos e afrontas aos grupos minoritários, com seu tom de desprezo, como se fossem coisas sem importância e sem relevância. Ai estão escondidos o autoritarismo e a imposição de suas ideias como unas.
O povo também não dava muita importância no que Hitler, na Alemanha, Mussolini, na Itália, e Franco, na Espanha, falavam, e deu no que deu. O “Duce” contava que gostava de transar camponesas sujas e cabeluda, e todos achavam engraçado. Não podemos deixar que os ultradireitistas, que avançam em vários países do mundo, repitam a mesma história da truculência e da morte.
COMO SERÁ NOSSO AMANHÃ?
Ele está lá com sua moderna arquitetura numa paisagem encantadora na Baía da Guanabara com vistas para a Ponte Rio-Niterói. Trata-se do Museu do Amanhã (Rio de Janeiro) que nos convida a entrar e a refletir sobre o nosso futuro, do qual tanto falamos desde criança na escola. Lá dentro, imagens nos encantam e nos faz pensar como será nosso amanhã. Cada um tem o seu amanhã, bom ou ruim, e isso depende do interior de cada pessoa construir o seu, e o do Brasil. A foto foi mais um flagrante do jornalista Jeremias Macário em suas andanças até o poente.
SONHO DO DEVENIR
Senti a pílula do dormir
No apagar dos sentidos.
Sonhei que estava sonhando
No devenir do tempo.
No sono pensei
Que estava pensando.
Conheci feiticeiros da noite
Gentes gritos de dor do açoite.
Falei com meu ego
Percebi que estava cego.
Na agonia vi um raio do dia
Que caia do rochedo do medo.
Não tinha mais céticos
Porque os políticos eram éticos.
Todos nas aulas aprendiam a lição
Pra viver como cidadão.
Não havia mais filas dos SUS/ INSS
Nem engarrafamentos e estresse.
Os soldados estavam desarmados
Porque todos viviam irmanados.
Depois morri no sonho
Do meu eterno devenir.
ZONA RURAL, A “ROTATÓRIA DA MORTE” E AS IRREGULARIDADES DA VIAÇÃO ROSA
Vários assuntos relacionados ao município fizeram parte das discussões na sessão de ontem (dia 21), da Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista, mas os destaques foram voltados para as questões da zona rural, principalmente Veredinha e Inhobim, a rotatória do novo Aeroporto Glauber Rocha, chamada pelo parlamentar Sidney Oliveira, de “rotatória da morte”, e as irregularidades da empresa coletiva de transportes Viação Rosa, denunciadas pelo vereador Coriolano Moraes.
Antes dos debates variados focalizados pelos vereadores, dona Luciana Magalhães, mãe de uma criança com deficiência usou a Tribuna Livre da Casa para denunciar a Viação Cidade Verde que bloqueou os cartões especiais, mais de 200, dos alunos que utilizam o transporte para as escolas. Ela fez um apelo à Câmara para que interceda junto à empresa, no sentido de que a medida seja revista. O presidente da Casa, Luciano Gomes, prometeu enviar o problema para a Comissão de Direitos Humanos.
ZONA RURAL
Outro que ocupou a Tribuna Livre foi o líder comunitário, mais conhecido como Peu, que reclamou que a zona rural do município não está sendo olhada pelo poder público como deveria, especialmente no que se refere às estradas que estão esburacadas e a falta de água, e citou os casos dos distritos de Veredinha e Inhobim. Criticou o poder público, exaltou alguns parlamentares e teceu comentários negativos ao trabalho de outros, no que foi repreendido pelo presidente do legislativo, de que aquele espaço é cedido ao povo para falar de problemas de suas comunidades.
Quanto ainda a zona rural, o vereador Álvaro Phiton elogiou as ações do prefeito Hérzem Gusmão diante da administração pública, citando os serviços de iluminação das praças Vitor Brito e Murilo Mármore, esta localizada na região oeste da cidade. Na ocasião, deu boas vindas ao novo líder do prefeito na Câmara, Edvaldo Ferreira Filho.
O vereador Rodrigo Moreira informou que esteve em Salvador e conseguiu um milhão de reais, através de uma emenda parlamentar, para ser investido na zona rural nos distritos e povoados onde já possuem poços artesianos. A verba será aproveitada para a aquisição de canos para o abastecimento de água para os produtores, o consumo humano e de animais. Na oportunidade, Rodrigo chamou a atenção para a lei que proíbe a venda de bebidas alcoólicas para menores, a qual não tem sido cumprida.
“ROTATÓRIA DA MORTE” E VIAÇÃO ROSA
O parlamentar Sidney Oliveira fez duras críticas à rotatória do novo Aeroporto de Vitória da Conquista Glauber Rocha, construída pela Via Bahia, denominando-a de “rotatória da morte”. Destacou que o próprio governador Rui Costa reconheceu que o equipamento, na BR-116, onde no local transitam seis mil carros por dia, é muito perigoso. De acordo com ele, a obra é ridícula, alertando que o mais importante é preservar a vida. Informou que o Governo do Estado prometeu construir um viaduto, para evitar acidentes com tragédias na área.
Coriolano Moraes, o Cori, do PT, denunciou as irregularidades da nova empresa (leva o emblema da Prefeitura Municipal) Viação Rosa que está rodando nas linhas da Cidade Verde. Disse que os funcionários contratados estão trabalhando há três meses sem carteira assinada. Entre outras ilegalidades, apontou que as placas dos ônibus coletivos são de Osasco – São Paulo e muitos veículos estão quebrados. “É um descalabro total” – desabafou o vereador, ao reivindicar que a prefeitura faça logo uma licitação do lote que era da empresa Cidade Verde.
A ESCORCHA CONTRA O POVO ROMANO NO REINADO DE DIOCLECIANO
Entre o século III da era cristã, Diocleciano restaurou a ordem por algum tempo e defendeu o Estado contra os inimigos externos. Pôs em prática um programa de reformas da vida público, mas através do sacrifício do povo com a elevação de impostos e taxas para sustentar o exército durante as guerras.
A sociedade estava desgastada e o imperador conseguiu manter firme seu reinado. O mundo ansiava pela paz, mas ele queria fortalecer o Estado, reformar os métodos e regenerar o exército degradado, atrasado, corrupto e de mercenários.
No século III os imperadores já eram monarcas absolutos, como no Oriente, e o Senado virou um conselho municipal da capital. Apenas o exército participava da vida pública, e o imperador ainda tinha de obedecer às imposições dos soldados que escolhiam os governantes.
CORTARAM OS LAÇOS
Diante desse quadro, várias províncias cortaram os laços com o Estado, procurando viver de forma independente com imperadores próprios. Diocleciano introduziu o governo conjunto que existia antes. Para a região Ocidental nomeou Valério Maximiano e cada um adotava um líder militar. Os filhos adotivos recebiam o título de César e podiam suceder o governante.
O trono continuou sendo a magistratura suprema, levando em conta “O Melhor dos Melhores”, onde o imperador tornava-se senhor e deus. Todos tinham de prostrar-se de joelhos e beijar a ponta do seu manto. Sua principal junção era comandar o exército e conviver com os soldados onde houvesse perigo.
Os soldados eram recrutados entre o povo mais atrasado, e os mais estimulados eram os germanos. As melhores tropas, geralmente de bárbaros, ficavam aquarteladas perto das capitais dos quatro governantes (dois Augustos e dois Césares).
Em seu governo, foram criadas divisões especiais à base da guarda pretoriana. A função era policiar as fronteiras. Na verdade, era uma guarnição de colonos com obrigação hereditária do serviço militar. Existiam ainda as frotas marítimas e as tribos bárbaras ligadas a Roma por tratados.
CRESCIMENTO DO EXÉRCITO
Com essas mudanças, o exército cresceu muito. Qualquer soldado poderia ser promovido a guarda, ao posto de oficial comandante, comandante de uma força independente, de todas as tropas de uma província, e ainda comandante-chefe do exército. Dessa forma, surgiu uma nova aristocracia, baseada no serviço militar e público. As figuras mais destacadas eram os bárbaros germanos. Na verdade, era um exército de mercenários, e os soldados eram servos do Estado, mas tinham pagamento de salários e direito de ocupar a terra.
No entanto, a lei que exigia o serviço militar não foi abolida, se bem que muitos fugiam desse compromisso. Os imperadores mantiveram a legislação nos séculos III e IV. A lei permitia criar novo imposto para quem não servia. Era chamado o “ouro dos recrutas”.
Dioceses, vicarius e agentes secretos
O Império foi dividido em 101 províncias que, por sua vez, formavam grupos menores (as 17 dioceses) e quatro praefecturae (prefeito pretoriano). Cada diocese era governada por um vicarius, e cada província por um governador. Havia ainda a polícia secreta (agente in rebus) com a função de proteger o imperador. Chefiava a polícia secreta um quarto ministro, o da corte (magister oficiorum).
A baixa educação e moral dos oficiais e dos funcionários levavam a práticas inadequadas de suborno e corrupção. O peso disso repousava nos ombros do povo já muito empobrecido pelas guerras civis do século III através das cobranças de impostos, taxas sobre a terra, para sustentar os soldados.
Tropas de cargas e carroças tinham que ser fornecidas pelo povo. Os conselhos municipais e os grandes proprietários eram responsáveis pelo pagamento das taxas e os trabalhos forçados. Nem assim a situação melhorou muito com a reforma e a aparente ordem. O país estava reduzido à mendicidade, e o povo não aguentava mais tanta escorcha.
“ANDANÇAS” FOI LANÇADO EM GUANAMBI
O lançamento do novo livro “Andanças”, de autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário também estava lá presente na solenidade comemorativa dos 100 anos de emancipação do município de Guanambi (14 de agosto), juntamente com outras obras escritas por Dário Teixeira Cotrim e do coronel Lázaro, versando sobre a história da cidade.
Foi uma grande noite cultural de três autores, na Câmara de Vereadores, que aconteceu no último dia 15, à noite (quinta-feira), com as presenças do prefeito Jairo Magalhães, do secretário de Cultura, Esportes e Lazer, Paulo Costa, dos ex-prefeitos Vá Boa Sorte e Izaltina Donato, do presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros (Minas Gerais), Wanderlino Arruda, que presidiu o encontro, da acadêmica Lucília Donato, representando a Academia Guanambiense de Letras, do jornalista e escritor Joao Martins, professores, estudantes e admiradores da cultura que prestigiaram o evento.
Lançamento coletivo
Num acordo com os outros escritores, a Prefeitura Municipal, através do secretário de Cultura, Paulo Costa, promoveu o lançamento coletivo onde cada um apresentou seus trabalhos para o público, com debates e discursos, conduzidos pelo cerimonialista da noite, radialista Joé Roberto. Entre outros de sua lavra (mais de 50), o acadêmico Dário Cotrim lançou o livro “História Política e Administrativa de Guanambi – 1919-2019, em louvor do seu centenário”. O coronel Lázaro escreveu sobre o primeiro ginásio de Guanambi.
Além de “Andanças”, já lançado em Vitória da Conquista (Casa Regis Pacheco e Livraria Nobel) e em Jequié, no Museu Histórico João Carlos Borges, o jornalista Macário também se fez presente com as obras “A Imprensa e o Coronelismo no Sudoeste” e “Uma Conquista Cassada- cerco e fuzil na cidade do frio”. Na ocasião, acompanharam suas criações, o “CD Sarau A Estrada” que conta com músicas, causos e declamações de poemas.
Ao contrário do que muitos pensavam, de que um lançamento coletivo não teria espaço para todos, a reunião de escritores levou mais conhecimento ao público que teve várias opções para adquirir as obras. Os trabalhos apresentados pelo jornalista Jeremias Macário, de Vitória da Conquista, tiveram uma boa procura, principalmente por causa da diversidade dos temas, não somente de “Andanças”, uma mistura de realidade e ficção de causos, histórias e poemas, como também “A Imprensa e o Coronelismo” que cita Guanambi, e “Uma Conquista Cassada” que versa sobre a ditadura civil-militar de 1964 em Conquista, na Bahia e no Brasil.
Foi uma noite memorável com abertura do Hino Nacional e encerramento do Hino de Guanambi. Em seus pronunciamentos, o prefeito e seu secretário de Cultura anunciaram o início da construção de uma biblioteca moderna ainda para este ano, dependendo apenas de alguns trâmites formais com o Governo do Estado no que tange ao terreno onde será edificado o novo equipamento.
Ainda no âmbito da cultura, ficou acertada a instalação do Instituto Histórico e Geográfico de Guanambi, com apoio da mesma instituição que já existe há muito tempo em Montes Claros. Professores mais antigos da cidade que prestaram relevantes serviço à comunidade foram homenageados pelo Instituto da cidade mineira com a entrega de diplomas. O presidente do Instituto convidou o jornalista Macário para proferir uma palestra e lançar seus livros em Montes Claros, numa data a c
VAI NO BANCO MESMO
É duro, mas vai no banco mesmo. O corpo já não aguenta mais. O sono pode ser em qualquer lugar, no chão da praça ou no banco com um papelão para aliviar a dureza. São milhares que vivem assim no nosso país tão desigual, como neste flagrante do jornalista Jeremias Macário. Vida difícil, e sem mais comentários. Essa imagem é para refletir. Cada um tire suas conclusões.
O CARA DO MAL
Poema de autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário
Esquartejei em pedaços o Cristo;
deixei morrer de fome africanos,
nas atrocidades sempre persisto,
e até joguei bombas em ciganos.
Estuprei a natureza e não gozei;
queimei mendigo, índio e gay;
fui exterminador dos pantanais,
e grelhei vivo muitos animais.
Com o lema da usura e avareza,
fui um cara-de-pau com certeza;
carrasco nos tempos romanos,
me juntei com todos os tiranos.
Bebi o sangue do bode preto,
na encruzilhada dos canaviais;
pratiquei o ritual dos canibais;
e do satanás divulgue panfleto.
Num macabro canto do mal,
como uma besta fera do astral,
fui um sanguinário cruzado,
banhando de sangue o condado.
Pratiquei todo tipo de sujeira;
acabei com uma aldeia inteira;
roubei os cobertores do inverno;
e mandei todo mundo pro inferno.
Tirei doce da boca de criança;
com os malfeitores fiz aliança;
tinha aparência de um carneiro,
para ser mesmo um carniceiro.
Torturei muita gente nos porões;
incinerei corpos em ricos casarões;
degolei muitas cabeças do bem,
e hoje ouço gritos e vozes do além.
OH QUANTA MEDIOCRIDADE E INCAPACIDADE!
Vamos aterrar o Pantanal para fazer pastagens, plantar soja, milho e criar boi; derrubar toda floresta amazônica; transformar Angra dos Reis numa Cancun mexicana; colocar uma arma na mão de cada cidadão para se proteger dos bandidos; pegar o Fundo da Amazonas para indenizar terras dos invasores de reservas de proteção ambiental; mudar as estatísticas do Inpe; colocar coronéis e fazendeiros à frente das principais instituições de pesquisa para alterar os dados; desmentir a ditadura e negar tudo que aconteceu de ruim nela, como as torturas, desaparecimentos e mortes; e ensinar o brasileiro a fazer cocô dia sim, dia não.
Oh, Senhor, quanta mediocridade e incapacidade num país de tanta vitalidade e infinitas possibilidades de se tornar uma grande nação desenvolvida, sem tantas desigualdades sociais, pobreza e miséria! Terminamos um ciclo prolongado de Fernando Henrique e Lula, e entramos agora noutro bem pior, de retrocessos e atrasos, onde um projeto neoliberal atabalhoado de mente colonial se faz prevalecer com maior ênfase. A reforma da Previdência Social é colocada como salvação, e depois vamos esquartejar as estatais e vender aos capitalistas estrangeiros a preço de banana.
No lugar disso, o BNDES, que possui ações em milhares de empresas nacionais e multinacionais poderia vender suas participações e, com esse dinheiro, o governo poderia investir em milhares de obras que estão paradas pelo Brasil por falta de recursos. Além de concluir a construção dessas obras, muitas das quais em estado de sucateamento, esse investimento alavancaria o mercado e geraria milhões de empregos, tirando o país da estagnação econômica.
Sem clima para investidores
Nesse marasmo de mediocridades, no qual navega o Brasil, existe clima para atrairmos investidores de fora? Não é favorecendo o patronato, massacrando os trabalhadores, abolindo as leis de proteção ao meio ambiente, expandindo o uso de agrotóxicos nas lavouras e acabando com os quilombolas e as reservas indígenas que vamos tornar o Brasil competitivo em relação às outras nações desenvolvidas.
Ainda não saímos da dependência dos produtos primários (cereais, ferro, grãos e outros) para conseguirmos saldos na balança comercial (Exportações e importações). Somos grandes fornecedores de tecidos, sapatos, algodão, soja, milho, café, carnes, petróleo cru e outros alimentos, para adquirirmos produtos industrializados, sobretudo da química fina, como nos tempos coloniais.
Somos um poço de incapacidade, com uma educação inadequada e caduca, que nos impede planejar e projetar o país no panteão das outras nações bem mais adiantadas e competitivas. Temos muitas cabeças pensantes e talentos adormecidos porque pouco investimos e pesquisas, sem contar a preferência pela mediocridade, principalmente agora que entramos no vão seco do retrocesso de extrema-direita que manda destruir o que aos poucos estava sendo construído, por pura birra ideológica. Nesse ritmo de ciclos tortuosos para o pior, estamos todos perdidos, ou somos uma nação perdida, sem futuro?
Alianças monstruosas
Entre mais de vinte anos tivemos ciclos alternados de poder entre dois partidos (PSDB e o PT), que só fizeram brigar entre si e se aliaram com o que existia da pior espécie, de mais sinistro, monstruoso e bizarro. Nunca pensaram, em termos coletivos, construir um Brasil que não fosse hoje um símbolo de retrocesso lá no exterior. A nossa educação, a saúde e o saneamento básico só fizeram regredir. A pobreza extrema e a miséria crescem.
Estamos nesse buraco profundo graças ao oportunismo e a picaretagem individualista deles que só pensaram em tirar proveito próprio para se locupletarem e se manterem no poder. Tudo isso gerou o que é de pior. Continuamos com mente colonial de péssimo gosto, e a plateia ignara só faz aplaudir e a xingar a outra parte de satanás, sem cair na consciência política de que somos, na verdade, um poço de mediocridade e incapacidade num Brasil tão grandioso. Não passamos de bucha de canhão.
Enquanto isso, o povo briga nas ruas, ao invés de se unir, dando um aval para que este poder de retrocesso se perpetue. Sem a capacidade do pensar coletivo, grupos e indivíduos se fecham num discurso e numa retórica pragmática, sem perspectivas de mudanças. Não temos oposição e lideranças fortes para reverter este quadro de mediocridade e incapacidade. Como se não bastasse o risco de um autoritarismo, estamos alimentando este ciclo do pior para que ele perdure por mais tempo.
















