A sensação que temos é que o Brasil nos últimos anos vem sofrendo sucessivos vexames e arrastões de tudo que é ruim na economia, na política, na moral, na ética e agora, como se não bastassem tantos fatos desastrosos, no futebol com a eliminação da “seleção” na primeira fase da Copa América. “A pátria de chuteiras” está descalça. É, estamos mesmo precisando de uma reza forte de todas as religiões juntas para afastar essa urucubaca!

No entanto, sem reação popular, indignação e consciência política, não tem reza que afaste esta maldição. Lá fora nosso país está sendo visto como um carro velho que não pega nem no tranco. Motivo de piada e chacota, não está sendo fácil para o brasileiro mostrar seu passaporte no exterior.SÃO JOÃO E LIVRO 022 - Cópia

Com um presidente interino da República sem respaldo popular, os presidentes da Câmara e do Senado e outros caciques políticos do Congresso Nacional sob fortes investigações de receber propinas, quer mais! Muitos deles, como o presidente da CBF, não podem nem viajar para o exterior, senão é cadeia na certa. Qualquer noticiário que vem da mídia é um susto só!

Não aguento mais torcer tanta trouxa de roupa encardida! Desta vez, se me permite, vou falar do arrastão junino que vem aí com um amontoado de lixo musical do axé, do pagode, do arrocha, do sertanejo, do rock e outros “estilos” barulhentos, alienantes e alienígenas que sufocam e matam o forró autêntico que deveria ser tocado nesta época. O maior culpado por mais este arrastão de coisa ruim é o poder público que torra nosso dinheiro em bandas de “forró de plástico”.

Mas, não é só isso, meus camaradas! Nesta época do ano, muitos prefeitos que andam a reclamar da falta de dinheiro para educação e a saúde, aproveitam para desviar recursos com superfaturamento nos contratos dos músicos. Coisa por debaixo do pano, sem nenhuma transparência como determina a lei, quando cada prefeitura deveria publicar o custo da festa e quanto cada artista está recebendo para fazer o seu show.

Tem coisa aí de bandas de fora do tipo “Safadão”, Calcinha Preta, Aviões do Forró, duplas sertanejas e outras de axé que levam dos cofres públicos 200, 300, 400 e até 500 mil reais por cada apresentação, enquanto para artistas da terra (boa parte fica de fora) os cachês giram em torno de 10, 20 a 30 mil pagos em parcelas atrasadas. Muitos são vítimas dos calotes de prefeitos fichas sujas.

Sobre o assunto, veja o que diz o artista Sandro Becker: “A cada dez cidades que eu toco, em oito eu sou o único cantor de forró. Os outros são arrocha e sertanejo. E o cachê que muitas prefeituras pagam para eles, pagaria o São João inteiro com as bandas de pé de serra”.

A argumentação fajuta de introduzir estilos diferentes modernizantes e o poder comercial do metal vil podaram as características da festa, deixando esta tradicional árvore cultural no toco, não somente na música, mas nos costumes e nos hábitos populares históricos, caso das bebidas, comidas e nas danças. Ainda restam as quadrilhas que, infelizmente, se misturaram a outros ritmos estranhos.

Quanto à questão da falta de transparência das prefeituras, a Rede de Controle da Gestão Pública da Bahia (Ministério Público Federal e Tribunais de Contas) baixou orientação técnica referente à contratação de bandas para o período do evento junino.

Uma das recomendações é que o empresário do artista não tenha carta de exclusividade para representar a atração somente nas datas festivas. O vínculo empresário/artista deve ser de longa data, visando evitar o desvio de recursos.

Outra orientação da Rede é que o setor público faça pesquisa prévia de preço de mercado para demonstrar a adequação do valor a ser pago. Neste caso, o artista deve comprovar o valor cobrado em pelo menos três eventos de características semelhantes.

Na maioria das vezes, a mesma banda cobra preços diferenciados entre prefeituras vizinhas, como Cruz das Almas/ Castro Alves, Amargosa/ Santo Antônio de Jesus, Lajes/Mutuípe, Piritiba/Miguel Calmon, Morro do Chapéu/Irecê e por aí vai. Aí rolam muita trambicagem, propina e suborno no superfaturamento.

Será mesmo que os “órgãos de fiscalização” vão estancar essa sangria desatada nos cofres públicos, praticada por prefeitos, assessores e secretários habituados a desviar dinheiro para seus bolsos? Como tudo neste país, não dá mesmo para confiar.

A mídia, que tem o papel de denunciar essas falcatruas e irregularidades nas festas juninas, só quer saber de divulgar o espetáculo e colocar imagens pirotécnicas dos folguedos. A população de um modo geral se contenta com o circo e nem está aí para os custos exorbitantes e superfaturados.