CARA DE IDIOTA
Autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário
O país exporta
Grãos do agronegócio,
A fome bate na porta,
E eu nem sou sócio.
A violência risca
O sangue na pista,
E me chamam de comunista.
O patrão explora,
O trabalhador implora,
A viola nos consola,
A bandeira é verde-amarela,
E todo mundo passa o tempo
Grudado na tela
Das redes sociais,
Enquanto os ricos
Aumentam seus capitais,
E eu aqui com cara de idiota,
Dando uma de patriota.
Uns numa mansão de jardim,
Outros comendo capim.
Nos semáforos
Os espaços são de aços
De pedintes famintos,
Nas favelas voam balas,
Nos labirintos.
O pobre em seu canto
Ora para seu santo protetor,
E no posto de saúde
Falta o safado doutor;
Na escola jogam pedra
No idealista professor.
A gente é manada do senhor,
E a igualdade tão sonhada,
A elite nos roubou.
O nordestino padece
Na igreja com sua prece,
E eu aqui com cara de idiota
Dando uma de patriota.