(Chico Ribeiro Neto)

Não há pior notícia num domingo de manhã: “A farinha acabou”. E logo hoje que vai ter ensopado de boi com verduras e bastante caldo! Aí não dá. Os melhores lugares onde comprar farinha boa geralmente fecham aos domingos. Farinha de supermercado não presta.

Não sei comer sem farinha. Boto até no macarrão. “Farinha pouca, meu pirão primeiro”. Antigamente, quando se queria chamar alguém de pobre e o bacalhau era muito barato, havia o ditado: “Pra quem é, farinha e bacalhau basta”.

Passar na feira, encher a mão com farinha e jogar na boca ZAP é uma forma de testar a qualidade da farinha. Outros a testam na palma da mão pra ver se está mesmo torrada.

Quando mamãe Cleonice morava em Aracaju, eu levava farinha de Salvador toda vez que ia lá. “A farinha daqui parece uma crueira”, queixava-se ela.

Há uma definição da farinha feita por um nordestino, citado uma vez pelo apresentador Rolando Boldrin: “Farinha presta pra três coisas: aumenta o que tá pouco, engrossa o que tá ralo e esquenta o que tá frio”.

Meu filho Mateus, quando era pequeno, na praia de Piatã, gostava de encher a boca de farofa, olhar pra sua cara e dizer a palavra “fofa”.

Quem não lembra do “mingau de cachorro”? Ninguém come bem sem farinha ou sem um bom molho de pimenta.

Tenha sempre em casa dois quilos de farinha. Quando um acabar, tem outro.

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