:: 28/maio/2025 . 23:26
O BRASIL É ASSIM…AOS TRANSCOS E AOS BARRANCOS NA BANGUELA
Desde que foi invadido pelas esquadras de Pedro Álvares Cabral há 525 anos, a terra de Vera Cruz ou Brasil vem sendo tocada aos troncos e barrancos, de altos e baixos. Muitas vezes, mete-se uma banguela para pegar a ladeira. Sobrevive à base de escândalos, corrupção e até sob efeito de psicotrópicos.
Depois de mais de 500 anos, e hoje com 200 milhões de habitantes, está no topo dos países com o maior percentual no índice de cobrança de impostos, cerca de 28% do Produto Interno Bruto (PIB), o que significa dizer que conta com uma elevada arrecadação de recursos que o colocaria no rol das nações desenvolvidas.
O Brasil é ainda a oitava ou nona economia do mundo e, por contradição, um dos mais atrasados na educação, com um dos índices de desigualdade social mais profundo onde o cidadão recebe o mínimo em termos de prestação de serviços. É ainda o país com uma das maiores concentrações de renda nas mãos de poucos. Ainda é a oligarquia quem manda nas decisões.
Pois é, o Brasil é assim, com muito dinheiro arrecadado do povo, onde uma grande parte fica com os três poderes, principalmente o legislativo, gasto com os malfeitos, e o que sobra se perde no ralo por falta de um planejamento sério nos investimentos. Para comprovar isso, existem milhares de exemplos.
Vamos somente aqui centrar fogo na construção de obras, milhares delas paradas e superfaturadas. Enquanto na China ou em outros países europeus, por exemplo, se faz uma ponte de 300 a quinhentos metros em um mês, no nosso Brasil leva-se mais de um ano, com custos quatro a cinco vezes maiores, contando aí os aditivos e roubos durante a demorada construção.
Agora mesmo, uma ponte com sua estrutura condenada sobre o Rio Jequitinhonha, se não me engano na BR-101, que não ultrapassa 500 metros, demandará um ano para ser construída, segundo informações do próprio Denit- Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. A China faria em menos de um mês.
Outro exemplo onde o Brasil vai sendo administrado aos trancos e aos barrancos é o escândalo referente à Via Bahia, concessionária das BR-116 e 324, que passou anos enchendo os bolsos de dinheiro com os pedágios e não cumpriu com o que estava previsto no contrato, de pelo menos duplicar toda pista de Feira de Santana a Cândido Sales passando por Vitória da Conquista.
A única coisa que a empresa fez foi a duplicação de Feira até o povoado de Paraguaçu, pouco mais de 70 quilômetros. Não deu a devida manutenção da pista e ainda embolsou 900 milhões de reais do governo federal (dinheiro do povo) para desistir do contrato.
Agora o Denit está gastando os tubos para consertar o asfalto e deixar tudo beleza para realizar uma outra licitação, senão empresário nenhum participará do leilão. A vencedora deverá fazer o mesmo, e o Brasil passa anos e anos nesse empurra-empurra vivendo aos trancos e aos barrancos.
Lembro quando foi feito o Anel Viário de Vitória da Conquista. Na época entrevistei o deputado federal Coriolano Salles sobre as emendas para a obra e ele dizia que constava do projeto a construção de viadutos e passarelas nos acessos à cidade.
São mais de 20 anos e nada foi realizado. Agora vem o Denit e o Governo do Estado com a promessa de fazer a duplicação da BR-116 até o aeroporto de Conquista além dos viadutos nos contornos. Dá para acreditar nesse papo político? Durante esse tempo, muita gente morreu nos acidentes.
Quando terminaram o aeroporto de mais de 10 anos de duração, a licença para seu funcionamento somente seria liberada se fizesse um viaduto no cruzamento da BR-116. Para desenrolar a autorização, o próprio Governo do Estado garantiu que iria construir o viaduto. São mais de cinco anos e lá está um armengue da Via Bahia que levou todo nosso suado dinheiro. É assim, o Brasil só vai aos trancos e aos barrancos.
SEJA BEM-VINDO À “SUÍÇA BAIANA”
É, meu amigo companheiro, a onda agora é chamar Vitória da Conquista de “Suíça Baiana”, nas propagandas da Prefeitura Municipal, inclusive nos noticiários da mídia. Caímos mesmo no ridículo! Até parece que não estamos no agreste nordestino.
Para muitos, infelizmente, aqui não é Nordeste! Botaram o nome de sudoeste quando o correto seria sudeste. Vitória da Conquista é outra coisa controversa. Se já é Vitória, para que essa de Conquista? Pois é, são polêmicas que sempre estão em rodas de conversa.
– Bem, já que é assim, para o visitante e turista, seja bem-vindo à nossa fria terra “Suíça Baiana” onde faltam médicos, medicamentos e outros produtos nos postos de saúde. Muitas unidades, principalmente na zona rural, são precárias, algumas fechadas e outras necessitando de urgentes reformas.
-Seja bem-vindo à “Suíça Baiana” onde escolas e creches não funcionam adequadamente. O transporte escolar é problema. Para as crianças e jovens com alguma deficiência não existem professores especializados para o acompanhamento individual. Vez ou outra, mestres entram em greve reivindicando melhorias.
– Seja bem-vindo à Suíça Baiana onde os equipamentos culturais, como o Teatro Carlos Jheovah, o Cine Madrigal e a Casa Glauber Rocha estão fechados há anos e o tempo se encarregando de destruir o que ainda resta. Os artistas estão sem espaços para realizar seus ensaios e espetáculos.
Não temos um Plano Municipal de Cultura que norteie as diretrizes de uma política para o setor que foi sepultada pela prefeita. O nosso Conselho Municipal de Cultura não atua a contento. O patrimônio histórico arquitetônico foi derrubado e alguns casarões carecem de manutenção.
O mais vergonhoso é que numa cidade de cerca de 400 mil habitantes, a terceira maior da Bahia, não existe um museu municipal que conte sua história, boa parte perdida. Os dois pequenos e acanhados museus, o Regional e o Padre Palmeiras, são da administração da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia -Uesb.
Seja bem-vindo à “Suíça Baiana” onde a prefeita cometeu o maior pecado e absurdo de terceirizar a tradicional festa junina, expulsando o nosso autêntico forró pé de serra, o arrasta-pé, para dar lugar ao axé, o arrocha, o sertanejo e outros ritmos de cantores de letras lixo, sem conteúdo.
O nosso sagrado São João cultural, com danças, fogueiras, bebidas e comidas típicas foi banido para dar espaço ao estilo elitizado carnavalesco com camarotes, muito barulho, zoeira e rebolados no palco de mulheres seminuas.
Os artistas e as bandas locais ficaram com as migalhas dos recursos. Os cachês dos carnavalescos Leu Santa, Ivete Sangalo e Wesley Safadão são de 400 a 500 mil reais e são pagos antecipadamente pelo povo. Os outros recebem depois de forma parcelada.
Seja bem-vindo à nossa “Suíça Baiana” onde o transporte público é deficitário, com ônibus velhos e que rodam superlotados. Os usuários sofrem nos pontos dos “buzús” com os atrasos. Não existe uma infraestrutura eficiente para atender a demanda da população que cresceu nos últimos 30 anos.
Seja bem-vindo à “Suíça Baiana” onde o abastecimento de água regularizado ainda é uma incerteza depois de anos de racionamento. O projeto de construção de uma nova barragem se arrasta há mais de 10 anos. Quando bate a seca, os habitantes ficam apreensivos diante da possibilidade de escassez de água.
É essa a nossa “Suíça Baiana” onde a temperatura mais baixa alcançada no ano fica em torno dos 8 a 10 graus. Sua altitude é de 900 a mil metros. Aqui não temos os Alpes gelados dos esquis, mas temos a Serra do Periperi que foi arrasada pela predadora e destruidora mão humana. O meio ambiente foi destruído.
Seja bem-vindo à nossa “Suíça Baiana” onde prevalece, como em todo Brasil, uma profunda desigualdade social e uma alta concentração de renda entre poucos. Nos semáforos, praças e avenidas, pedintes e crianças vendem balas para sobreviver.
É, meu amigo camarada, mas em nossa “Suíça Baiana” vamos ter praia com ondas em sofisticadas piscinas, somente para os ricos. Os pobres vão para a prainha de Anagé, do Rio Gavião, distante pouco mais de 50 quilômetros, em pleno agreste sertanejo.
Vamos ter a vantagem porque na “Suíça da Europa” não tem praia, só gelo. Temos aqui uma feirinha livre no Bairro Brasil que é uma belezura de produtos da agricultura familiar e um mercado para comer um bode, um mocotó ou uma deliciosa buchada, que os suíços não têm por lá. Ganhamos na bagunça.
COISA DE LOUCO!
Depois de tantas que já fiz em minha vida de andanças por essa Bahia, somente agora com essa idade vim cair na real de que mudança é mesmo coisa de louco! O processo maluco começa quando você vende sua casa ou resolve trocar de aluguel para outra residência.
Durante a venda e a compra, a pessoa encara uma tremenda burocracia de papéis e pagamentos de impostos. O inquilino também sofre porque o dono do imóvel exige fiador ou caução. E a procura de outro local que lhe agrade? Nesse início de caminhada você já se sente estressado e aí vem o esgotamento.
Calma, que ainda tem muita confusão por vir. Quando se encontra a moradia, a gente acha que os problemas se acabaram. Que nada, meu camarada, ainda tem muitas léguas para percorrer! Sua irritação e raiva só estão começando. Haja nervos de aço para suportar as contrariedades!
Na maioria das vezes, o maluco da mudança se agrada com a “nova” residência, fica todo alegre e até comemora com os amigos, mas quando entra, aparecem os pepinos, e os maiores são aqueles referentes à parte hidráulica e elétrica. Essas questões não são visíveis no primeiro olhar. É como adquirir um carro usado na mão de terceiro.
E o dia ou dias da mudança dos bagulhos com o transportador? É outro tormento! Bom mesmo é pobre que mora num barraco porque contrata um carroceiro e leva os panos de bunda de uma só vez. Pior que a arrumação é a desarrumação. Por mais que a pessoa seja organizada, termina se perdendo e passa semanas procurando as coisas, muitas delas quebradas.
A única mudança onde você não leva nada é na morte. Essa a família lhe despacha num caixão e joga a terra por cima. Durante a vida, a mudança para a morte é a última. Quanto a nova moradia, ninguém sabe decifrar. Existem apenas conversas.
Bem, de volta ao assunto material cruel, imagine quando se é obrigado a fazer algumas reformas no “novo” imóvel? A esta altura o camarada já perdeu o juízo e aí vai ter que pagar um psiquiatra para se tratar. Quando se está nessa reta de quase chegada ou final da trabalheira, o agente da mudança descobre que a prestação de serviços em Vitória da Conquista e na Bahia, principalmente, é de péssima qualidade.
Não vou mais descrever sobre o inferno que é uma mudança porque todo ser humano já conhece isso muito bem e até evita pronunciar esta palavra. Além de ser coisa de louco, mudança é sinônimo de agonia, de estresse e esgotamento físico e mental.
É trauma que se leva para o resto da vida. Quem já não passou por isso? Não existe mudança sem dor e, por mais que se faça, nunca se aprende como fazer uma sem problemas. Cada mudança vem cercada de transtornos e imprevistos. É coisa de louco!
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