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:: 20/maio/2025 . 23:49

OS BEBÊS REBORN E AS LOUCURAS

A impressão que temos é que deu a louca no ser humano, mas calma que essa loucura de transtorno mental e desequilíbrio não atinge a todos. Nas redes sociais e na mídia em geral estamos lendo, ouvindo e assistindo casos que mais parecem causos, estórias surreais e fake news, mas são verdadeiros. Por mais que se procure uma explicação, fica difícil assimilar determinadas atitudes.

Estou falando dos tais bebês “reborn”, que na tradução significa renascido, renascimento, feitos de forma artesanal nos anos 90 e agora industrializados com formatos semelhantes de uma criança. É renascimento, ou obscurantismo? É idade moderna, ou das trevas?

Dizem na psiquiatria que esses bebês servem como tratamento terapêutico, talvez para mulheres que, por motivos biológicos, não puderam alcançar a maternidade e vivem em depressão. Se vivo fosse, meu pai diria, em seu linguajar bíblico, que isto é sinal do fim do mundo, ou seja, estamos no juízo final.

Acontece que o remédio provocou efeitos colaterais nas criaturas, ao ponto de cometerem os absurdos dos absurdos. Não sou especialista no assunto, mas fatos que li e ouvi esta semana sobre esses tais bebês reborn me deixaram chocados, bem mais grave do que tratarem os cachorrinhos como se fossem seus filhos legítimos.

Nesta semana acompanhei o noticiário de uma mulher em Guanambi, aqui em nossa região, que chamou um carro de aplicativo com um desses bebês no colo dizendo que tocasse rápido para a UPA porque seu neném estava sentindo muitas dores. Na unidade de saúde descobriram que se tratava de um “reborn”. A situação chegou ao extremo que um deputado da Assembleia Estadual entrou com uma lei proibindo que os postos de saúde, que já são precários e faltam médicos, não atendam esses bebês reborn, ou artificiais.

“Existe mais mistério entre o céu e a terra do que sua vã filosofia”. Se a criação era para ser terapêutico, virou caso de loucura, de internamento. Em Salvador, se não me engano, uma mulher foi a uma Igreja Católica e pediu que o padre rezasse uma missa para seu boneco ou boneca. O sacerdote, é claro, respondeu que ela procurasse um psiquiatra.

Li em algum lugar que a indústrias desses bebês em São Paulo está bombando e ganhando milhões com a grande demanda. A depender da perfeição e do material usado, um chega a custar entre mil a dois mil e quinhentos reais, o que nos leva a concluir que não está ao alcance dos pobres porque já têm uma penca de filhos e a maior preocupação da família é como alimentá-los. Predomina a fome.

São fatos que demonstram em que nível a humanidade chegou, que se apega a um a boneca como se fosse um bebê de verdade. Entendo que o mundo tecnológico tem muita parcela desse desequilíbrio mental onde o espiritual foi posto de lado.

Quando pensamos que já vimos todos os absurdos, aí aparecem outros, e as coisas anormais vão se tornando normais e comuns, tanto que a maioria das pessoas nãos fica chocada. Junte a tudo isso a violência, a corrupção, os desvios de conduta, o individualismo, a necessidade premente de se aparecer nas redes e teremos como pano de fundo a degradação humana.

NA ESTRADA DA MUDANÇA

Todo mundo é praticamente unânime em dizer que fazer mudança é uma coisa horrível, cansativa e que causa inúmeros transtornos. Também concordo, e olha que em minha vida já fiz inúmeras, de perder a conta, pegando estrada de uma cidade para outra ou de casa em casa. Mesmo assim, nunca fiquei especialista nesse troço, sempre requer muito esforço e coragem.

Da roça para Piritiba, de lá para Mundo Novo, para Rui Barbosa, Itaberaba, Amargosa e Salvador, lá ia eu com minha mala de couro com os “panos da bunda”, como se diz no popular. A mais longa foi de Salvador para Vitória da Conquista, em 1991, e aí já tinha muito mais do que simples “panos de bunda”. A bagagem era bem maior e robusta.

Morei 23 anos em Salvador e cerca de 20 como inquilino. Todos os anos fazia uma mudança arrastão porque era expulso pelos moradores do prédio ou do condomínio por fazer muito barulho nos finais de semana com farras e som alto. Pagava um preço caro, mas merecia purgar pelos meus pecados.

Existem outros tipos de mudança, da física corporal à espiritual, e todas elas significam desafios, que podem ou não dar certo, mas, para saber disso, a pessoa tem que encarar e vivenciar. Desconfio que tenho um sangue cigano ou é um carma que me persegue. Em todas elas foi como se o tempo parasse e começasse outro novo.

Agora mesmo estamos, eu e minha esposa, fazendo uma nova mudança, do Bairro Felícia, na zona sul, para o Sobradinho, na zona oeste, e com muito mais bagagem. Em cada mudança, as coisas, os utensílios e bens vão aumentando, inclusive a idade que já está avançada.

Só em Conquista, esta é a sexta que eu faço e agora com um acervo cultural pesado de mais de seis mil itens entre livros, artesanatos, chapéus, aparelhos de som, DVDs, CDs, vinis, televisão, sofás, ferramentas, facas, mesas, recortes de jornais, revistas e outros materiais.

Talvez esta seja a mais marcante porque nestes quinze anos que se passaram aqui nesta casa realizamos o nosso Sarau A Estrada que se notabilizou nas noites fraternais de troca de conhecimento e saber através das cantorias, dos debates, das declamações de poesias, das contações de causos, do papo agradável e dos comes e bebes.

Formamos um grupo sólido e aqui fizemos história, cuja narrativa deve permanecer na outra casa. A mudança é como uma passagem de uma estação para outra e assim seguimos nossa jornada, construindo memórias. É um novo tempo, um novo ambiente, mas os propósitos são os mesmos. Vamos deixar de saudosismo! “Alegria, Alegria”, como na canção de Caetano Veloso.

Bem, já que estamos falando de mudanças e elas caminham por várias vertentes, confesso que, como toda gente, adoro viajar, mas detesto arrumar e desarrumar uma mala. Quando estou só, a mala ou a mochila vira uma bagunça só.

O que mais me incomoda numa viagem é carregar e descarregar, por isso é que costumo levar pouca coisa, principalmente quando se trata de um itinerante internacional. Ninguém gosta de descer num aeroporto e ficar esperando sua mudança aparecer numa esteira rolante. O pior é quando ela se perde e vai para outro destino.  Oxalá que esta nova mudança não tome outro destino.





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