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:: 16/maio/2025 . 22:34

CONCLAVE, “CONCHAVOS” E O CONGRESSO

IMAGINE OS BRASILEIROS FECHAREM TODAS AS PORTAS DO CONGRESSO NACIONAL, DAS ASSEMBLEIAS ESTADUAIS E DAS CÂMARAS DE VEREADORES E DEIXAREM ESSES POLÍTICOS LÁ DENTRO TRANCADOS ATÉ QUE DECIDAM LEGISLAR EM BENEFÍCIO DO NOSSO POVO, SEM CORRUPÇÃO E MALFEITOS! SERIA UMA ESPÉCIE DE CONCLAVE POLÍTICO – SUGERIU UM AMIGO.

Essa ideia veio à tona enquanto conversava com um camarada amigo sobre a história do primeiro conclave papal (em latim, cum clavis, literalmente, com chaves), na cidade de Viterbo, na Itália, isto há mais de 700 anos, que levou 1006 dias (dois anos e nove meses) para eleger o Papa Gregório X, quando a população da cidade se irritou com a demora e resolveu trancar os cardeais para agilizar a decisão da escolha do pontificado.

Como eram os habitantes que pagavam (nós também custeamos os poderes) as despesas com alimentos e outros itens, as lideranças fecharam a porta principal do recinto e ficaram com as chaves. Passaram, então, de forma torturante, somente fornecer pão e vinho visando apressar a eleição que parecia não terminar por causa dos conchavos entre eles para indicar um nome.

Estava eu a contar essa passagem histórica quando o amigo espirituoso veio lá com sua ideia estapafúrdia e utópica de se fazer o mesmo com o Congresso Nacional até que os parlamentares tomassem vergonha na cara; reduzissem o número de seus membros; cortassem seus salários, mordomias e verbas de indenização pela metade; eliminassem as emendas; votassem somente projetos de interesse da população; acabassem com os conchavos do “toma lá, dá cá”; e elaborassem uma reforma eleitoral séria e limpa.

Ele sugeriu que os brasileiros, que também sustentam os políticos, fechassem as portas do Congresso, de suas assembleias estaduais e de suas câmaras de vereadores e só fornecessem pão e água (nada de vinho) até que eles atendessem as aspirações do povo. Depois do que aconteceu em Viterbo, o Gregório X aprendeu a lição e estabeleceu regras para o conclave no Concílio de Lyon, em 1274, e outros sucessores introduziram novas regras.

– Cara, em se tratando do Brasil, com um dos Congressos (513 deputados e 81 senadores) mais caros do mundo, onde um parlamentar recebe cerca de três milhões de reais por ano do nosso orçamento, esses cabras não largariam o osso. Eles iam preferir morrer tísicos de fome. A ganância deles não tem tamanho e não medem as consequências – respondi, depois de refletir um pouco sobre a questão.

Um outro sujeito ao lado da mesa do bar que acabara de ouvir o papo “maluco beleza” concordou e ainda acrescentou que eles arranjariam um jeitinho de fugir ou subornar brasileiros traidores para tirarem cópias das chaves e soltar a cambada toda. Pior é a vingança que viria depois – completou.

Raciocinei melhor e retruquei que nessa terra tupiniquim do Pau Brasil ou da Vera Cruz, de 525 anos invadida pelos portugueses degredados e malfeitores, essa proposta do amigo revolucionário não iria para frente e seria até ridículo.

– Ora, por que não, se deu resultado com os cardeais lá na cidade de Viterbo há mais de 700 anos? Acostumados com a fartura de mesas recheadas de produtos caros importados, eles não aguentariam passar fome com pão e água.

– Quando você tirou da sua cabeça essa sugestão esquisita de bêbado, não se tocou que a maioria desses parlamentares não frequenta as sessões. As votações agora são virtuais, lá de suas confortáveis mansões. Além do mais, outros nem vão lá, passam o tempo gazeteando e viajando, com atestados fajutos e comprados -argumentei.

– Outra coisa que você não parou para pensar é que os adeptos das bancadas ruralistas, evangélicas, da bala e até traficantes da pesada iriam para as portas desses legislativos com cartazes pedir o fim do conclave, ou com chaves. Essa coisa ia virar um fuzuê danado, sem falar na polícia que iria baixar a porrada. Enquanto isso, lá dentro era ladrão roubando ladrão, tramando seus conchavos.

– Bem, foi apenas uma ideia que passou pela minha cabeça como forma de acabar com essa ladroeira desse poder legislativo brasileiro que atravanca o desenvolvimento do Brasil, mas aqui a sociedade é toda dividida e uns passam o tempo odiando os outros, ao invés de se unirem.

– Esquece o que falei e vamos tomar nossas geladas, sem traumas, sem conclave, de portas abertas mesmo – finalizou o amigo, meio que sem graça.  Você que veio com esse tal de conclave de cardeais que elegeu um leão XIV.

 

 

 

AS ANTIGAS IMPRESSORAS E UM MUSEU

Aos 14 anos de idade, seu Mário Macedo Soares já era um gráfico em Vitória da Conquista, isso nos anos 70, e até hoje ainda trabalha com algumas impressoras antigas, em contraste com os tempos atuais da evolução tecnológica onde tudo é produzido através de modernos equipamentos, mais ágeis e automatizados. No entanto, a eficiência das gráficas antigas é reconhecida até hoje. Ao longo dos anos, como acontece com o nosso patrimônio histórico arquitetônico, essas preciosas peças, muitas italianas, inglesas e alemãs, flagradas pelas lentes digitais, foram sendo vendidas como sucatas e depois derretidas como ferro velho para siderúrgicas. É como o desmatamento das nossas florestas. Uma pena que pouca coisa foi conservada e hoje é raro encontrar, por exemplo, uma máquina linotipo, que me faz lembrar dos anos 70 quando ingressei na profissão jornalística, primeiro como revisor e depois como repórter e editor. Com a evolução tecnológica, passamos da impressão chamada a quente (linotipos à base do chumbo) para técnica a frio.

MUSEU DA IMPRENSA

Várias vezes comentei com amigos companheiros de profissão e interessados no assunto de preservação da nossa memória, sobre a ideia de fundarmos aqui em Conquista um museu da imprensa, como forma de resgatarmos a história do jornal impresso. Lamentável que essa iniciativa não foi para frente e terminou ficando no imaginário, muito por conta da falta de recursos para adquirir esses maquinários e jornais impressos, bem como de um local adequado para instalação desse museu. Quanto mais o tempo passa, mais fica difícil concretizar esse projeto que, com certeza, seria de grande valia para a cidade, para toda região sudoeste e para a classe jornalística. Cada um de nós tem suas atividades, suas individualidades, seus interesses próprios e um projeto desse porte, que seria um legado para a posteridade, vai ficando de lado, como se não tivesse nenhuma importância. Nem o poder público se mostra interessado em apoiar a criação desse museu.

 

ELA NUNCA TE ESQUECE

Autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário

Quando você nasce,

Ela se torna tua companheira,

Você pode até esquecer dela,

Mas ela nunca te esquece,

É tirana traiçoeira,

Te pega até no parto,

Ou num fulminante infarto.

 

Ao levantar, não esquece,

Faz tua prece,

Chama pelo teu guia,

No alvorecer da manhã,

Mantenha tua mente sã,

Antes de seguir tua via,

Não procure desvendar

O sentido da vida,

Porque ela é um mistério,

Como tumba de cemitério,

Uns com curta caminhada,

Outros com longa jornada.

 

Quando ela bater em tua porta,

Abra só a fresta da janela,

E convença ela,

Que pela frente,

Ainda existe mais cancela.

 

Lembra que ela nunca te esquece.

É dona do tempo e do vento,

Conhece teu pensamento,

É como senhora agreste,

Com seus nervos de aço,

Sempre com a mesma veste,

Impiedosa, como o carrasco.





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