:: 18/abr/2025 . 23:31
MAIS RIDÍCULO E BESTIAL
O ser humano está cada vez mais ridículo e bestial sendo consumido de forma inconsciente pela máquina do consumismo triturador. Mais parece um bando de “Maria Vai Com as Outras”, sem significado e sem sentido. Faz as coisas de forma maquinal e entra na onda das filas como uma manada em disparada, não importando se lá na frente existe um abismo existencial. Nem está aí para o que está fazendo e para onde vai. Quem eu sou e para onde vou – eis o problema.
Antigamente – e não é nenhuma questão de saudosismo – a Semana Santa, para católicos e não católicos, era um período de jejuns, recolhimento, penitência e de pouca comida na mesa, no máximo um peixe, ovos, arroz, feijão, verdura ou salada, isto para quem tinha um razoável poder aquisitivo. Acho que sou uma pessoa antissocial que abomina essas histerias festivas.
Nos tempos atuais, induzidos pela propaganda da mídia, a ideia é se empanturrar. As pessoas correm desesperadamente para as compras em supermercados e feiras. Gastam o que não podem em fartas comidas, muitas das quais exóticas. É uma verdadeira comilança na Sexta Feira Santa, contrariando os preceitos da Igreja.
É uma loucura ver tanta gente em filas para comprar um bacalhau e os tais ovos de páscoa, sem entender suas verdadeiras origens e significados. Simplesmente entram no embalo da chamada “carneirada” da força engenhosa da publicidade. Tem gente que entra numa fila por acaso, e todos querem fazer tudo igual.
O termo páscoa vem do hebraico “passach”, uma celebração judaica que comemora a libertação do povo hebreu por Moisés da escravidão do Egito, passando pelo Mar Vermelho. Portanto, significa passagem. No ritual, os hebreus imolam um cordeiro que serve de alimento com pão ázimo.
Os cristãos se basearam nessa “passach” para celebrar a ressurreição de Cristo. A liturgia é definida com base no equinócio da primavera e nas fases da lua. O cristianismo se valeu do judaísmo para também festejar sua própria páscoa.
Quanto aos ovos, a origem é multifacetada, com raízes em crenças pagãs e práticas cristãs. Os ovos sempre foram símbolo de fertilidade e renascimento, presentes nas festas antigas da primavera. No Brasil, a ideia de pintar os ovos e escondê-los para as crianças encontrarem foi trazida pelos imigrantes alemães. Com o tempo, os ovos passaram a ser presentes populares.
A troca de ovos era uma prática utilizada nas festividades da primavera em homenagem à deusa pagã Ostara (renascimento da natureza). Os coloridos tornaram-se parte das comemorações. Com o cristianismo, o ovo passou a ser ressurreição de Jesus. Trata-se de uma incorporação ritualística à sua liturgia.
Os ovos feitos de chocolate surgiram no século XVIII quando confeiteiros franceses começaram a esvaziar ovos de galinha e recheá-los com as pastas fabricadas dos frutos do cacau.
A invenção comercial do chocolate se expandiu e os ovos se tornaram símbolos da páscoa cristã moderna. Com o tempo, os ovos passaram a ser presentes populares, com embalagens chamativas coloridas para atrair os consumidores.
Como se vê, a origem dos famosos ovos de chocolate tem um cunho mais comercial que cristão. Os comerciantes capitalistas se apropriaram dos símbolos religiosos para ganhar mais dinheiro e se deram bem, tanto que a correria pelos ovos de chocolate é desvairada e coletiva. Todo mundo procura fazer a mesma coisa e nem quer saber os motivos. Muitos nem gostam de chocolate.
Essa onda coletiva está na natureza humana desde as primeiras civilizações, mas aumentou ainda mais nos tempos modernos, principalmente a partir da força da propaganda, da internet e das redes sociais com a mão mágica da mídia. Será que esses ingredientes indigestos são capazes de levar gente a um suicídio coletivo? Feliz páscoa para todos e bom chocolate!
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