EM BUSCA DA BÍBLIA PERDIDA DE GUTENBERG
A SURPREENDENTE ODISSÉIA DE 500 ANOS PELO MAIOR TESOURO LITERÁRIO DE TODOS OS TEMPOS.
Como o próprio título já diz, o livro da escritora Margaret Leslie Davis fala da Bíblia de Gutenberg, uma obra-prima da cultura mundial, mas também faz um relato sobre os grandes colecionadores ingleses de livros raros que tiveram um próspero mercado no século XIX.
Apenas 48 ou 49 exemplares desse livro sobreviveram ao tempo e, destes, somente um, o de número 45 pertenceu à colecionadora norte-americana de Los Angeles Estelle Betzold Doheny, impresso por Johannes Gutenberg, um pouco antes de 15 de agosto de 1456.
Por via aérea de Londres, a colecionadora, viúva de um dos homens mais ricos dos Estados Unidos, adquiriu esse importante livro em 14 de outubro de 1950. Essa Bíblia está inserida entre os 135 incunábulos, livros impressos antes de 1501.
Os incunábulos são livros seminais da cultura ocidental como “De Officiis”, de Cícero, a “Summa Theologia”, de São Tomás de Aquino e o exemplar de 1476 de “Os Contos de Cunterbury”.
A encadernação original da Bíblia 45 é do século XV, feita em pele de bezerro marrom escuro, esticada sobre pesadas placas de madeira. O exemplar de Estelle é a primeira impressão da primeira edição do primeiro livro impresso com tipos metálicos móveis, com as páginas novas e limpas.
De acordo com a escritora Margaret, a maioria dos estudiosos acredita que Gutenberg produziu cerca de 180 exemplares e, entre estes, provavelmente 150 foram impressos em papel e os outros 30 em pele de animal, conhecida como velino.
Os especialistas presumem que o livro, ao sair da oficina custasse cerca de 30 florins, o equivalente ao pagamento de três anos de um criado. As edições com pergaminho tinham um preço mais elevado, pois eram mais trabalhosas e caras para produzir. Um único exemplar exigia a pele de 170 bezerros.
A secretária Lucille, que cuidou da biblioteca da senhora Estelle, não conseguiu ler o texto do século XIII, em latim, a chamada versão parisiense da tradução de São Jerônimo, que foi a Bíblia definitiva da Idade Média. O livro de Gutemberg foi impresso em agosto de 1456 na cidade de Mainz, no Rio Reno, na Alemanha.
Um dado interessante é que todos os funcionários da oficina de Gutenberg tinham que saber ler e escrever o latim. Outra curiosidade é que os contemporâneos de Gutenberg já haviam começado a decifrar como fazer aquele trabalho, experimentando entalhar letras em madeira ou em metal e organizando-as em palavras para serem estampadas sobre pergaminho.
Gutenberg criou molduras para segurar o tipo no lugar e adaptou prensas daquelas tradicionalmente usadas para prensar azeitonas ou uvas. Projetou letras com aparência gótica para imitar a caligrafia dos escribas e técnicas refinadas para garantir que uma pressão uniforme fosse aplicada às folhas em branco, colocadas sobre os tipos com tinta em relevo.