É claro que a Rede Globo tem que fazer seu estardalhaço para atrair mais audiência e dar satisfação aos seus patrocinadores, mas a posição do Brasil de 20º lugar nas Olimpíadas de Paris 2024 foi mais um fracasso, sendo que em Tóquio 2020 ficou em 12º no ranking mundial, com sete de ouro, seis de prata e oito de bronze. No Rio de Janeiro, em 2016, dentro da sua casa, o país conseguiu a 13ª colocação, com sete de ouro, seis de prata e seis de bronze. Em Londres, 2012, o Brasil ficou na 22ª posição, com três de ouro, cinco de prata e nove de bronze.

Segundo fontes da jornalista Ana Cora Lima, o Comitê Olímpico Brasileiro irá pagar aos medalhistas dos Jogos de Paris um valor de  R$ 4,6 milhões pelas 20 premiações. Rebeca Andrade, o destaque da delegação com quatro medalhas (ouro no solo, duas pratas no individual geral e no salto, e bronze por equipe) é quem vai receber mais do governo no total de R$ 826 mil

A judoca Beatriz Souza, que conquistou o ouro na categoria feminina acima de 78kg e bronze por equipe, vai receber R$ 392 mil. Já a dupla campeã de vôlei de praia Duda e Ana Patrícia irá ganhar R$ 350 mil cada atleta. Esse valor será líquido, já que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou uma MP (medida provisória) que isenta os atletas olímpicos de pagarem Imposto de Renda sobre os prêmios recebidos nos Jogos de Paris. É uma boa grana!

Sob outro ponto de vista, alguém pode até avaliar que não foi um fracasso. No entanto, uma coisa é certa que um Brasil tão gigante, oitava ou nona economia do mundo, ainda deixa muito a desejar. Investimos pouco em educação, esportes e cultura, sem contar que nossa gente prima mais pelas algazarras do que focar e concentrar nas competições. Brasileiro leva até cachorro e papagaio para as concentrações, que de certa parte tira o foco.

O Brasil levou uma delegação de 289 atletas, sendo 163 mulheres e 126 homens. Com todo esse aparato a bordo só colocaram no peito três medalhas de ouro (todas das mulheres e nenhum homem), sete de prata e 10 de bronze. Portanto, com relação a Tóquio houve uma regressão e queda no rendimento. Durante as últimas 24 edições, o nosso país só ganhou 170 medalhas, o que dá uma média de pouco mais de sete medalhas. Precisamos evoluir muito mais. Só três medalhas de ouro?

A meta do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) era de pelo menos trazer 22 medalhas e só ficou com 20. Toda vez que terminar uma olimpíada, o Comitê promete melhorar. Quando vamos ter uma meta de pelo menos arrebatar 50 medalhas e ficar entre as dez maiores potências olímpicas? Os Estados Unidos, em Paris, levaram 40 de ouro, 44 de prata e 42 de bronze, seguidos da China com 40 de ouro, 27 de prata e 24 de bronze. Depois vieram o Japão e Austrália.

Como deu aí para ver no quadro, é uma diferença elástica, comparando o Brasil com os primeiros colocados. Foram 6.800 atletas no total de 205 delegações. O vigésimo lugar não é tão vergonhoso, mas poderia ser bem melhor se houvesse mais investimento no esporte amador em geral e o brasileiro fosse mais disciplinado como os orientais e outros países. Menos samba e mais seriedade quando se trata de competir.

Como ficou patente aí no número de atletas brasileiros que foram a Paris, a questão não é de quantidade, mas de qualidade. Muitos desses aí, mais de 90, são bolsistas das forças armas e de outras corporações militares, sem falar de outros benefícios pecuniários que recebem do governo federal. Precisa haver uma maior cobrança aos atletas por parte dos dirigentes, mais estrutura, mais equipamentos e treinamentos.

Como estamos falando da participação do Brasil nas olimpíadas, o nosso país, infelizmente, levaria mais medalhas se fosse na disputa por corrupção e malandragem, bem como em desigualdade social e na educação onde nossos índices são baixos em relação a outros países do mundo. Temos um Brasil tão rico e tão pobre, e isso reflete também nos esportes.

Outra coisa que não cabe, só mesmo no conceito sensacionalista marrom dessa mídia, é chamar os atletas medalhistas de heróis, reis, princesas e rainhas. Herói é o brasileiro das periferias e favelas que têm que matar um leão por dia, para colocar um prato de comida na mesa, ou aqueles que ainda conseguem sobreviver em casebres entre ruelas e becos com esgotos correndo a céu aberto, sem saneamento básico.

Quando um atleta ganha uma medalha, aí lá vem a mídia com seu bordão sensacionalista barato em relatar a miséria da pessoa quando tudo começou expondo as dificuldades durante sua trajetória nos esportes. Ora, todos passam por obstáculos para vencer na vida, não somente na modalidade esportiva, a não ser os safados sem ética, honestidade e escrúpulos que só querem saber de levar vantagem em tudo, passando a rasteira no outro, sem o menor sentimento de culpa.