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A MATANÇA DOS CIGANOS

Desde o dia 13 de julho foram mais de 15 dias de perseguições, espancamentos, torturas e mortes de oito ou nove ciganos, inclusive de menores, todos, segundo informações da polícia. em confronto. De preso mesmo só o pai Rodrigo, de 58 anos, que foi ferido e hoje se encontra preso. Essa pessoa até agora, que eu saiba, não foi ouvida e entrevistada pela mídia, para contar a verdadeira história. Teve gente que nem era cigano.

Trata-se de mais um caso nos moldes de uma chacina que logo cairá no esquecimento, ou como se diz, vai para o rol dos arquivos mortos de Vitória da Conquista, como tantos outros, como dos assassinatos do marinheiro numa cadeia de uma delegacia, do prefeito de Manuel Vitorino, do massacre num bairro periférico da cidade, do dono do jornal, João Alberto, do menino Maicon alvejada com uma bala numa operação policial e de tantos outros.

Tudo começou no dia 13 de julho quando dois soldados foram mortos por um grupo de ciganos, no distrito de José Gonçalves. O comando da PM e o próprio secretário de Segurança Pública sempre insistem em dizer que eles sofreram uma emboscada quando faziam uma investigação, o que não bate. O fato está envolto em mistério e em vários pontos cegos do esclarecimento. Não houve transparência, conforme apuração do próprio Instituto dos Ciganos do Brasil. É subestimar a nossa inteligência”

Além das mortes, sempre em confronto, como já se costumou propalar nesses crimes que têm a marca da vingança, houve uma generalização com fortes sinais de preconceito, que o próprio povo cigano sempre sofreu desde as eras antes de Cristo. A violência de soldados da corporação foi tão brutal que muitos ciganos foram obrigados a deixar a cidade em debandada, em correrias, como nos tempos passados desde Brasil Colônia.

Foi, por assim, dizer, um arrastão nesse rastro de matança e sangue. Ameaçados e aterrorizados, um grupo de mulheres e crianças teve que ser acolhido pelo Programa de Proteção a Vítimas de Testemunhas (Provita/SP). O relatório do Instituto, encaminhado para vários órgãos ligados aos Direitos Humanos, estampa cenas chocantes de pessoas torturadas. A maior parte de mulheres que sofreram espancamentos para dizerem o paradeiro dos supostos assassinos.

Diante de todo esse quadro de violência e barbárie, como sempre, nenhum segmento da sociedade conquistense (Ministério Público, Justiça, Câmara de Vereadores, Sindicatos, Associações e outras entidades) se pronunciou, pelo menos para pedir uma apuração rigorosa para punir os verdadeiros responsáveis. Não se ouviu uma voz para se colocar ao lado da lei, e em defesa dos direitos humanos. Para mim, que aqui moro há 30 anos, não é nenhuma novidade.

Conquista sempre foi uma cidade famosa nesses casos de matanças, desde os tempos dos coronéis. Aqui ainda impera a prática antiga de se fazer justiça com as próprias mãos. É quando os justiceiros entram em ação, sabendo de antemão que não serão punidos.

Existe uma falsa ideia de que o brasileiro é uma gente com o DNA de solidariedade ao outro. Confundem solidariedade com caridade quando a pessoa se prontifica a dar um quilo de feijão, arroz, óleo, açúcar, uma camisa, uma calça, uma jaqueta ou um coberto para aquecer o frio.

Quando se fala em agir em defesa dos direitos humanos, do respeito ao ser, sem preconceito e discriminação, todo mundo se esconde em sua pele de lobo. Nem estão aí! Os outros que se lasquem. Vá chamar alguém para se juntar a uma manifestação quando um semelhante é morto injustamente! Todos somem, mas aparecem para dar uma cesta básica. Vivemos sim numa comunidade individualista e egoísta.





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