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:: 28/ago/2021 . 0:10

COORDENADORIA DE CULTURA DECIDE IMPASSE NA FORMAÇÃO DO CONSELHO

O impasse de dois empates na votação dos nomes de Thais Ariane Pimenta e Rosa Marie Falcão Aurich para compor o eixo cinco – patrimônio cultural material (patrimônio histórico) e imaterial (culturas populares) – representativo da sociedade civil do Conselho Municipal de Cultura levou à coordenadoria da pasta da Secretaria de Cultura, Turismo, Esportes e Lazer a escolher ontem (dia 27/08) o nome da titular.

A Coordenadoria de Cultura optou pelo nome de Rosa Aurich, ficando Thais Pimenta como suplente, fechando assim o número dos dez representantes da sociedade (cinco titulares e cinco suplentes) que irão fazer parte do próximo Conselho para o biênio 2021/23.  De acordo com a própria Coordenadoria, o desempate nesses casos foi baseado no regimento interno do órgão. Os outros cinco titulares são indicados pela Prefeitura Municipal e Câmara de Vereadores.

A reunião que discutiu o eixo cinco foi realizada nesta quarta-feira (dia 25/08), no Memorial Casa Regis Pacheco, com a presença do secretário de Cultura, Xangai, que abriu os trabalhos falando da importância do Conselho para alavancar as atividades da cultura em Vitória da Conquista e montar uma política que atenda aos anseios dos artistas e de toda sociedade conquistense.

A votação entre Thais e Rosa ficou empatada entre seis a seis. Então, a Coordenação de Cultura resolveu fazer outra eleição, dessa vez entre os novos conselheiros e, novamente, houve impasse de cinco a cinco. O que chama a atenção é se a pasta da Cultura pode indicar um representante da sociedade quando ocorrem empates dessa natureza. Não seria o caso de se realizar outra chamada para uma nova escolha do eixo cinco?

No dia 19 de agosto, um encontro no auditório do Cemae, na Avenida Olívia Flores, votou os nomes dos representantes dos eixos um – artes plásticas e visuais, audiovisual (gráfica, gravura, artesanato, fotografia e exposição), do dois – música, do eixo três – artes cênicas (cinema, teatro, circo, ópera e mímica) e dança, e do quatro – literatura, livro, leitura e biblioteca.

As discussões para a votação do eixo cinco foram coordenadas pelo coordenador da Secretaria de Cultura, Alexandre, ao informar que tão logo sejam indicados os representantes do poder público, os novos conselheiros tomarão posse para iniciar os trabalhos dos dois próximos anos.

Antes da votação, houve uma sessão de debates entre os candidatos que, além de apresentar seus nomes e funções que exercem na comunidade, defenderam suas propostas e intenções como possíveis membros do Conselho. Uma das metas seria sugerir o cadastramento e tombamento dos terreiros de candomblé de Vitória da Conquista, bem como fortalecer e apoiar as culturas populares do município.

Na reunião, que contou com as presenças dos eleitos dos outros quatro eixos do Conselho, um ponto ganhou um denominador comum que será a luta para que a sociedade tenha mais participação nas decisões do órgão consultivo, deliberativo e fiscalizador, inclusive que seus membros procurem e interajam com os diversos segmentos e linguagens artísticas que fazem parte da nossa cultura. Nesses encontros para a formação do Conselho, por exemplo, foi fraca a presença de pessoas da sociedade, muito pela falta de divulgação na mídia.

Outra questão é que Vitória da Conquista estruture, em definitivo, uma política cultural que contemple todos os eixos ou linguagens artísticas, de modo que tenhamos diretrizes de realizações de eventos, capacitação e treinamento profissional, pesquisas para averiguar as necessidades de cada setor da cultura, conferências, seminários e outras ações.

Na verdade, cultura é um grande agente de desenvolvimento econômico gerador de emprego e renda para o município. Sem um plano, Conquista nunca teve, por exemplo, uma Feira do Livro, como vem acontecendo em outras cidades. Há muitos anos que não se realiza um salão de artes plásticas e fotografia, nem se faz festivais da música, de teatro e da dança.

“PERCURSOS TRANSLOCAIS: VALENTIN MUDIMBE E O PÓS-COLONIAL”

As suas produções intelectuais foram voltadas para a salvação do seu país, o Zaire, hoje a República Democrática do Congo. Em suas teses filosóficas sempre defendeu que a cultura nacional autêntica era uma mistificação. Quanto ao continente africano, “não existe uma cultura unificada”.

Como monge de formação beneditina, Valentin Mudimbe estudou e lecionou em várias universidades como doutor nos Estados Unidos e na França. Em 1968 formou-se em Sociologia na Universidade de Paris-Nanterre. Na interpretação da acadêmica Regiane Augusto de Mattos, ele é comentado como um dos expoentes africanos no livro “Intelectuais das Áfricas”.

Nos anos 60, de acordo com Regiane, foram para Mudimbe e outros universitários africanos um período de despertar político, no qual o marxismo, e depois o socialismo africano, tornaram-se inspiração, não somente politicamente para os movimentos de independência da África, como para compreender academicamente as sociedades africanas.

Em seu livro “A Invenção de África: gnose, filosofia e a ordem do conhecimento”, publicado em 1988, Mudimbe apresenta a ideia de África como uma invenção epistemológica na área das ciências sociais, defendendo que o conhecimento seria um conhecimento estritamente controlado por procedimentos específicos elaborados por europeus, que ele denomina gnose.

De acordo com Regiane, o intelectual em que ela se refere, não apenas criticou a antropologia clássica e a etnologia europeias, como rejeitou o movimento político cultural Negritude (Aimé Césaire, poeta da Matinica, foi o primeiro a usar esse termo) promovido por intelectuais negros, afirmando que também era uma concepção influenciada por uma episteme ocidental da África, mas representada por africanos e seus descendentes.

Para a intérprete de seus pensamentos, desde o final do século XIX, intelectuais africanos empenharam-se em transformar a visão que imperava na África de um continente formado por sociedades sem história. Após a segunda Guerra Mundial, esses intelectuais escreveram trabalhos em torno da problemática colonial, tendo um papel importante nas lutas de libertação do continente. Nesse âmbito, ganhou destaque, como ramo específico do pan-africanismo, o movimento da Negritude.

O principal teórico do movimento foi Léopold Senghor, mais tarde presidente do Senegal, permanecendo no poder entre 1960 a 1980. O meio de debate e divulgação do movimento das ideias era a revista Présence Africaine, criada em 1947.

No pensamento de Mudimbe, os africanos deveriam criar suas próprias perspectivas através da ruptura, rejeitando as teorias do desenvolvimento contínuo de uma cultura africana, fechada e única. Ele propôs que os intelectuais africanos inventassem suas próprias concepções do conceito de africano.

Para ele, os ocidentais se entendem como vetores de um modelo cultural pretensamente universal. Entretanto, essa universalidade não é construída através de uma experiência real da pluralidade, pois viveram a alteridade de modo marginal ou deformado, partindo da sua própria identidade.

Mudimbe defende a importância da singularidade das experiências históricas. Os africanos teriam a capacidade de gerar suas próprias normas de inteligibilidade e de interpretação, sem a necessidade da utilização de categorias criadas por outras experiências.  Classificou a lógica binária local/global ou singular/universal como uma divisão que não é totalmente absoluta.

Em seus estudos, disse que todos têm o direito de usar o conhecimento sobre o continente para construir uma identidade que pode ser compartilhada. Se para ele, sua própria experiência foi bem-sucedida, a crítica à colonização recai sobre o processo colonial falhar na conciliação entre as tradições africanas e europeias. Assim, a África e os africanos poderiam também ter êxito, se soubessem conciliar o passado colonial às suas próprias experiências históricas.

 





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