De uma paisagem árida sertaneja de mata rala e baixa brotam do chão torres aerogeradoras de energia eólica, cortando os municípios de Caetité, Igaporã e Guanambi, lembrando os moinhos de vento de D. Quixote, de Miguel de Cervantes.

Quem passa de carro tem mais um visual para apreciar num horizonte a perder de vista bem além da Serra Geral. De Caetité para Igaporã, as torres eólicas cruzam a pista entre altos cortes abertos nas rochas de pedras como se fossem tuneis. Por ser estreita, sem acostamento, a estrada é muito perigosa e requer cuidado dos motoristas.

Depois de tanto tempo, somente agora o estado e o setor privado, principalmente, descobriram a abundante riqueza dos ventos no sertão do Nordeste, que podem ser aproveitados para produzir energia limpa como alternativa ao combustível fóssil e mesmo da derivada das usinas hidrelétricas que impactam o meio ambiente.

Com a complementação das linhas de transmissão da Chesf, que, infelizmente, demoraram de chegar (coisas do nosso Brasil atrasado), e  mais a implantação de outros projetos nas regiões de Morro de Chapéu e municípios do norte do estado (Juazeiro), a Bahia passa a ser o maior produtor de energia eólica do Brasil.

O certo é que os moinhos de vento estão avançando e cobrindo boa parte da paisagem do semiárido da Bahia, como aqui no sudoeste, com seu charme majestoso e imponente fruto da engenharia do homem. Suas hélices giram entre morros e serras ao sabor dos fortes ventos do sertão.

Guanambi – fotos Jeremias Macário

Do sol escaldante do sertão também brota a energia solar através de placas fotovoltaicas, como o maior parque do país que acaba de entrar em operação em Bom Jesus da Lapa, na Bahia, a terra das romarias. A área tem altos níveis de radiação solar, atendendo as necessidades do Brasil na geração de energia nova e limpa. O novo parque da Enel Brasil Participações tem capacidade para atender a demanda anual de mais de 166 mil lares brasileiros.