Com a maior naturalidade, como se nada tivesse acontecido de irregularidade, o prefeito de Itambé tenta “justificar” o acidente com o ônibus escolar no domingo (dia 5/06) que transportava um grupo evangélico quando duas pessoas morreram e mais de 30 ficaram feridas.

Como se não houvesse nenhum desvio de finalidade, contrariando a lei federal do Ministério da Educação, o executivo municipal ainda confirmou ser praxe se fazer isso em final de semana e feriados quando o veículo estava “ocioso”. Sua declaração não separa o público do privado, a religião da política. Ainda se propala que nosso Estado é laico!

O exemplo do ônibus escolar de Itambé que terminou em tragédia é um caso típico de como prefeitos, governantes e políticos deste país tratam a coisa pública como se fossem donos, passando por cima da lei. É a mistura bem clara entre o público e o privado, sem o menor remorso de consciência, isto porque sempre impera a impunidade.

Em entrevista a um veículo regional de comunicação, o chefe do poder deixou transparecer que não houve nada de mais em seu ato ao liberar o ônibus para outros fins porque ele estava parado naquele dia, como se justificasse o uso para outros fins além do transporte escolar. Ora, o próprio nome impresso nas laterais do carro já diz tudo!

Não existe essa de ônibus “ocioso”, mesmo porque não é uma propriedade privada com fins lucrativos onde o motorista pode pegar as chaves para fazer um extra. Será que o prefeito não tem ciência disso e é mais um inocente? Acho que não. Muito me admira suas “justificativas” evasivas diante de tamanha gravidade.

O correto seria fazer manutenção no equipamento, justo quando o ônibus está parado e não ficar  rodando por aí a serviço de qualquer grupo, no caso em referência ao evangélico que foi fazer um culto na cidade vizinha de Ribeirão do Largo.

O fato tem um monte de irregularidades desde a liberação do ônibus para um grupo evangélico, o uso do motorista quando deveria estar em descanso para trabalhar na segunda feira até o retorno do veículo lotado com outros caronas que ainda fizeram uma vaquinha para o condutor que, infelizmente, veio a falecer. Quem vai indenizar as famílias? Uma coisa é certa: Não será o prefeito quem vai fazer isso.

Diante do que está acontecendo no Brasil de hoje onde se tenta limpar a sujeira comandada por caciques políticos que sempre usaram a coisa pública em proveito próprio, esperamos que a Justiça (Ministério Público) puna no rigor da lei o responsável, ou responsáveis, pelo uso indevido do ônibus escolar de Itambé que terminou em desastre.