:: set/2014
JORNALISTA LANÇA LIVRO EM CAETITÉ
Jornalista Jeremias Macário lança obra única sobre ações da ditadura no interior da Bahia
Na última sexta-feira (12/9) o autor Jeremias Macário lançou em Caetité, com apoio da INB- Indústrias Nucleares do Brasil e Academia Caetiteense de Letras, o livro “Uma Conquista Cassada”. O evento aconteceu na Câmara de Vereadores.
Morando em Vitória da Conquista há mais de vinte anos, para onde se mudara como chefe da Sucursal do jornal A Tarde, Jeremias Macário realizou por sete anos uma detalhada pesquisa sobre a ditadura militar no interior baiano e que veio a culminar com o lançamento da obra “Uma Conquista Cassada: cerco e fuzil na cidade do frio”.
Foram entrevistadas mais de trinta pessoas, que viveram ou testemunharam aquele período, somadas à pesquisa em vários jornais da época, atas da Câmara de Vereadores e registros do período em que Pedral Sampaio foi prefeito de Vitória da Conquista. O lançamento coincidiu com o aniversário de 89 anos do político, cassado pela ditadura militar, que veio a falecer no dia 16 do mesmo mês. Por sinal, foi o último livro que o ex-prefeito leu no leito do hospital Samur.
O lançamento em Caetité foi resultado da parceria entre o Poder Público Municipal, através da Secretaria de Cultura, da Academia Caetiteense de Letras e das Indústrias Nucleares Brasileiras.
Falando pela Academia, o presidente Luiz Benevides ressaltou a importância memorial realizada pelo jornalista. Presente no evento, a caetiteense Renata Santos afirmou que é “bacana estar na minha cidade, e ter Jeremias – uma referência em seus tempos de faculdade – trazendo esta contribuição para a história”. O acadêmico Romilton Ferreira enfatizou que a ditadura militar precisa de um registro mais amplo, relembrando a importância da luta do pastor Jaime Wright e os caetiteenses que foram presos e torturados.
Jeremias agradeceu a oportunidade de vir a Caetité e reforçou que o livro será vendido na Banca de Pêga ao valor promocional de R$ 35,00. Na oportunidade, o autor concedeu entrevista aos locutores das rádios locais presentes.
SECA CASTIGA O SÃO FRANCISCO E O SERTÃO
“Nunca se viu o Velho Chico tão raso nessa época do ano” – relata o jornalista João Martins em sua revista Integração, com fotos desoladoras captadas da lente de sua máquina. Numa ampla reportagem de capa, ele atesta que o rio está cada vez mais assoreado e sendo soterrado aos poucos, para não dizer morrendo em diversos pontos dos seus 2.863 quilômetros de extensão.
O morador da cidade de Malhada, Valdomiro Batista de Jesus, 57 anos, coloca a maior culpa, além da forte estiagem, nos governantes com a construção de represas. “Os afluentes não têm mais água para jogar no rio”. João Martins afirmou que no trecho que separa as cidades de Malhada e Carinhanha, o curso d´água está praticamente interrompido, impedindo a navegação, inclusive de embarcações pequenas.
Na margem esquerda onde fica Carinhanha, o cais é um grande abismo sem qualquer serventia comercial, narra o jornalista, acrescentando que as águas estão tão rasas que se pode atravessar a pé em vários trechos. Os próprios moradores confirmam que nunca viram este quadro, temendo que a situação vá piorar porque a seca só está começando.
A Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco) informa que contratou serviços de batimetria (quantificação do material a ser dragado) e monitoramento ambiental visando os trabalhos de dragagem do trecho da hidrovia entre os municípios de Ibotirama e Pilão Arcado. A batimetria vai definir o volume de areia ou cascalho a ser retirado do fundo do rio, de modo a permitir a navegação.
Se o Rio São Francisco está morrendo devido à ação do homem e da natureza, o interior do seu sertão está cinzento com mostras visíveis de desertificação em vários locais da região sudoeste, principalmente nas cidades de Anagé, Brumado, Caetité e Guanambi. Muita parte das lavouras foi perdida e os rebanhos começam a sentir a escassez de água. A maioria dos municípios já decretou estado de emergência.
O MOTOQUEIRO E O PNEU
Na BA-262, entre Aracatu e Anagé, motoqueiro transporta o carona agarrado a um pneu, sem equipamentos de segurança. Nas estradas da região, conforme nosso flagrante, a maioria dos motoqueiros roda sem habilitação e documentação das motos. Eles fazem manobras e ultrapassagens perigosas, sem contar que sempre saem, inesperadamente, dos cruzamentos. Foto Jeremias Macário
ITAMAR COMENTA E INDICA ARTIGO DE ORLANDO SENNA
MARINA
No momento em que escrevo essas linhas, madrugada de 15 de agosto, a televisão está reprisando as distintas opiniões de políticos e jornalistas, que foram ao ar durante todo o dia de ontem, sobre a possível postulação de Marina Silva à presidência da República do Brasil, herdando a candidatura de Eduardo Campos, onde estava como vice. A comoção pela morte do jovem, culto, bonito, progressista e indiscutivelmente promissor político pernambucano atingiu em cheio a alma brasileira e abalou a política do País, desestabilizando a campanha eleitoral, apesar de contar hoje com apenas 10% da preferência dos eleitores. O candidato Eduardo Campos estava desenhando com nitidez uma terceira posição com possibilidade de romper o compasso binário da política brasileira nos últimos vinte anos, o dualismo Partido dos Trabalhadores/Partido da Social Democracia Brasileira, PT e PSDB. Possivelmente não venceria as eleições, mas estabeleceria uma triangulação, uma situação mais democrática.
CURTA AS CURTAS
ADORMECIDO
Não se indignar e não se rebelar contra a ordem social são características do brasileiro. No entanto, quando muito fustigado e quando sente a espora do patrão, o povo tem reagido vez por outra, como nas manifestações de junho de 2013, depois de 21 anos do bota fora Color pelos caras pintados. Será que este gigante está sempre adormecido? Pela história dos levantes e rebeliões, não, só que o gigante tem a paciência do seu tamanho geográfico e tarda a resistir. Os poderosos e gatunos, desde os tempos coloniais, aproveitam para abusar e fazer pouco do clamor. O poder não pode ficar à margem do compromisso com a dignidade humana e o respeito à vida.
POBREZA E CAPITAL
O capitalismo tem em seu DNA a filosofia do débito e do crédito. O filósofo anarquista do século XIX, Peter Kropotkin já dizia que “os homens só pensam em si próprios ou naqueles que lhes são mais próximos. Ainda que, a primeira causa da riqueza é a existência da pobreza”. Não existe capitalismo sem pobreza e miséria. No popular, o que seria do malandro sem o mané?
ITAMAR INDICA LEITURA DO ARTIGO DE ORLANDO SENNA
ESCURIDÃO E ESPLENDOR
No filme alemão Jesus me ama (Jesus Liebt Mich), uma comédia alegórica e absurdista de Florian David Fitz sobre a eterna luta entre o Bem e o Mal, os jovens Jesus e o Diabo tentam resolver suas diferenças na mão, na porrada, em um confronto de socos, pontapés e pauladas. Enquanto Deus, o velho, lava as mãos e diz que essa briga é um problema da humanidade e não dele. Um dos eixos da alegoria é o egoismo do amor. Sabemos que a incorrigível humanidade chegou a profundidades radicais de estupidez e violência em vários períodos da sua história, gerando crises universais e, consequentemente, saídas para essas crises. Saídas dolorosas, desgarradoras, mas saídas — se assim não fosse o apocalipse já teria acontecido (no século passado o grande exemplo é a Segunda Guerra Mundial e seu rabicho Guerra Fria, com mísseis nucleares apontados para todas as direções).
LENÇÓIS REALIZA I FLICH
Escritores, poetas, músicos, cineastas, críticos literários, estudantes, professores, contadores de estórias e causos se encontraram em Lençóis e Seabra, no período de 3 a 7 de setembro, na I Festa Literária Internacional da Chapada Diamantina (I FLICH). Foi praticamente uma semana de discussões as mais variadas, com oficinas, projeções de filmes, palestras e lançamentos de livros onde todos beberam da mesma fonte do conhecimento numa paisagem de verde e casarios históricos.
Numa ação conjunta da Prefeitura de Lençóis, Associação EcoViva, Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e empresas locais, a programação foi aberta no auditório da instituição pública, em Seabra, com apresentação da banda de pífanos da cidade, seguida da
Professor Itamar Aguiar apresenta o cineasta Orlando Senna
conferência “Poesia Negra, Contemporaneidade e Novas Mídias” proferida pelo escritor José Carlos Limeira.
Nos dois primeiros dias, as oficinas, as palestras e os debates literários com temas diversificados aconteceram na cidade de Seabra, unindo turismo e cultura, ecologia e Patrimônio Arquitetônico Colonial. Ainda no dia 4, às 20 horas, o evento foi aberto em Lençóis no Mercado Cultural. Os trabalhos prosseguiram nos dias 5,6 e 7 na cidade histórica onde quem chega entra no túnel do tempo das larvas diamantinas e dos coronéis e jagunços.
Além do escritor João Ubaldo Ribeiro e do compositor e poeta Dorival Caymmi, o cineasta lençoense que participou do encontro, Orlando Senna, foi também um dos homenageados que falou de literatura e cinema. Seu prestigiado filme Diamante Bruto, com o ator protagonista José Wilck, foi exibido no auditório do Centro Cultura da EcoViva com posterior debate do próprio diretor que respondeu, pacientemente, a todas indagações feitas pela atenta plateia.
Recital de poesias e lançamentos de livros na EcoViva
Palestra sobre Literatura e Cinema com João Jardim e Orlando Senna
Cineastas João Jardim, Orlando Senna e a professora Solange Lima no debate sobre Literatura e Cinema, no Canto das Águas
No Mercado Cultural, o conquistense e escritor Alberto Marlon (de boné) participa da Feira de Livros
Joabson Figueredo, os professores Itamar Aguiar e Ronaldo Senna falam sobre Chapada Diamantina: Literatura e Memória Cultural, tendo como mediadora do tema a professora Cristina Sales
FUTEBOL BRASILEIRO EM CRISE Carlos Gonzalez -jornalista
“Amigo, em fui da época em que o Bahia bateu o Santos de Pelé e foi campeão brasileiro de 1959. Hoje, os clubes do Nordeste já iniciam o Brasileirão brigando para não cair”. Ademir da Guia, 72 anos, o maior ídolo do Palmeiras, usou esse exemplo para mostrar que o futebol brasileiro passa por uma crise técnica, onde os times dos grandes centros, como Rio e São Paulo, se nivelam aos nordestinos – há poucos dias, ABC e América, ambos de Natal, eliminaram, respectivamente, Vasco e Fluminense da Copa Brasil.
O “Divino”, como era apelidado nas décadas de 70 e 80, se limitou a falar sobre o panorama técnico do futebol brasileiro, deixando de mencionar o lado financeiro. A imprensa tem noticiado, quase que diariamente, a situação pré-falimentar de alguns dos grandes clubes que participam das quatro séries do Campeonato Brasileiro, revelando que, três ou quatro deles, anunciaram que abandonariam a competição, porque não conseguem levar seus torcedores aos estádios, mas só não o fizeram porque a CBF, a “mãe rica”, os ameaçou com pesadas multas e exclusão por dois anos de jogos oficiais.
Talvez tenha passado pela cabeça dos dirigentes do Vitória da Conquista, logo depois das terceira rodada do torneio da série “D”, com apenas um ponto ganho e sem chances de se classificar para a segunda fase, perder seus demais jogos por WO. O time conquistense, por falta de divulgação das suas partidas e de apoio dos desportistas e empresários da cidade, tem prejuízo financeiro toda vez que entra em campo. Os números podem ser consultados nos boletins publicados no site da CBF.
É MUITO SACRIFÍCIO!
É cômico para não dizer hilária a maratona dos candidatos em todas as eleições na corrida pelo voto do eleitor. É o mesmo “bandejão” no restaurante popular com aquela gororoba, o mesmo pastel da esquina, o mesmo copo médio do café com leite e pão cacete no bar sujo da praça, a mesma pinga de arromba peito e a mesma buchada gordurenta de sempre!
Em todas as eleições são as mesmas cenas. Eles ou elas abraçam criancinhas ricas e pobres (melhor se for pobre e feia), idosos, doentes e pessoas esquisitas desdentadas que nunca viram na vida. A maioria do eleitor fica contente e sai dizendo que o candidato é gente boa e simples do povo. Já outros mandam sair pra lá.
Quem é ateu passa a acreditar em Deus e a frequentar a Igreja Católica, os templos evangélicos e os terreiros de candomblé. É tanto abraço e apertar de mão que o pretendente ao cargo de presidente, governador, senador ou deputado termina o dia morto de cansado e com uma catinga danada.