SOBRE NOSSAS FERROVIAS
NAZARÉ A SÃO ROQUE
Por decreto de 1.157, de 21 de agosto de 1912, o Governo desejava fazer uma ligação férrea de Nazaré a um porto nas águas da Baía de Todos os Santos, passando pelas cidades de Cachoeira e Maragojipe, conectando com o Ramal de Aratuípe. No contrato de arrendamento da Estrada de Nazaré figurava a obra, partindo desta cidade até São Roque. Para tanto, os estudos foram iniciados em 1922, a partir da Fábrica de Óleo, no cais do Porto de Nazaré, em direção ao povoado de São Roque.
No entanto, no contrato de janeiro de 1925 que reformou todos os outros acordos, não há mais referências à construção da linha. Somente em 1931, o interventor Juracy Magalhães mandou fazer sondagens no Porto de São Roque. De acordo com os estudos, o interventor aprovou o projeto em 1932.
Já em 1934, o Governo contraiu um empréstimo de 16 milhões de cruzeiros com a Caixa Econômica Federal (CEF) para construção da estrada até o Porto e reconstrução do trecho Mutuípe até Santa Inês.
Os trabalhos de campo foram iniciados em 1936, bem como instalada residência na vila de São Roque. Em 37 foi feito o assentamento da linha de 32 quilômetros.
Nos anos de 39/40, o engenheiro Carlos Kuehn construiu uma grande Estação de Passageiros e um Armazém de Mercadorias. As estações de Cabôto e São Roque foram abertas ao tráfego em janeiro de 1941 em solenidade presidida pelo interventor federal Landulpho Alves de Almeida.
Com a inauguração, estabeleceu-se o tráfego mútuo entre os trens de passageiros e os navios da Navegação Bahiana. Passageiros embarcados em Jequié, no mesmo dia chegavam a Salvador. A Estrada Nazaré transformou-se no meio mais fácil de transporte de passageiros e mercadorias na região sudoeste, principalmente para ao povo pobre que precisava vender seus produtos.
O trecho Nazaré – São Roque levou cinco anos de serviços. Com essa obra, encerrou-se o ciclo das construções ferroviárias do Governo na primeira metade do século passado e nada mais se fez. As finanças do Estado foram se exaurindo, piorando mais ainda em 1962. Distante 21 milhas do Porto de Salvador, o Porto de São Roque é um escoadouro de mercadorias e minérios de manganês da região sudoeste.
NAZARÉ ONHA
O ramal do Onha a partir de Nazaré é o mais antigo em se tratando do transporte de manganês. A linha teve início por volta de 1880 e em 1900, a Tram-Road completava a carga de um navio no Porto de Itaparica.
A linha para transportar o minério produzido de Pedras Preta, no município de Santo Antônio de Jesus, da Cia Internacional Ore Corporation, partia do antigo quilômetro 23. Em 1941 toda estrada foi restaurada e alargada.
SALINAS DA MARGARIDA
Em decreto de 30 de dezembro de 1916, o Governo concedeu ao engenheiro Guilherme Greenhagh favores para construção da Estrada de Ferro Nazaré – Salinas da Margarida numa extensão de 47 quilômetros. Porém, esse traçado não foi realizado pelo concessionário, sendo mais tarde substituído pelo de Nazaré – São Roque. Tempos depois o projeto caiu no esquecimento.
MAIS DE 60% ESTÃO OCIOSAS
Levantamento feito pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em outubro de 2009, constatou que 62% do total das ferrovias concedidas à iniciativa privada no Brasil nos anos 90 estão ociosas ou abandonadas. Esse número é bem maior na Bahia.
Dos 28.831 quilômetros da malha ferroviária existente no país, apenas 10.930 são exploradas. Se for considerada a malha em bitola estreita de um metro entre os trilhos, essa ociosidade chega a 77%. A outra parte mais moderna é construída em bitolada de 1,6 metros.
A restauração da malha subutilizada é uma antiga reivindicação do setor agrícola e industrial e não é questionada pelas concessionárias. Segundo especialistas do setor, é um problema histórico, agravado pelo modelo de concessão da antiga Rede Ferroviária Federal.
O parque ferroviário baiano hoje é controlado pela Vale do Rio Doce, a maior empresa privada do país. Em 1996 a empresa assumiu a concessão da Ferrovia Centro Atlântica, prometendo investir na modernização. Depois de 13 anos, os investimentos foram insignificantes.
A malha ligando Salvador – Juazeiro (500 quilômetros) está quase toda desativada e sucateada. As cargas entre Salvador a Recife não existem mais, nem o acesso ao Porto de Salvador.
A desativação do Ramal de Mapele (Simões Filho) a Paripe, além de impedir o acesso das cargas à capital, prejudicou a expansão do transporte de passageiros. A Vale acabou com o sistema ferroviário da Bahia. Dos R$24 bilhões anunciados em investimentos para 2010, somente 0,27% está reservado para a Bahia. Não existem planos e a empresa mantém a sede da Ferrovia Centro Atlântica em Belo Horizonte.
Nobre, saudações. Em qual cidade está a locomotiva a vapor da imagem que faz parte do texto? Grato!